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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

novembro 2008
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THANK YOU, HAMILTON

Por linhas tortas -ou pelas curvas do destino- devo à Fórmula 1 minha entrada no jornalismo. Lá pelos idos de 1977, Emerson Fittipaldi era bicampeão mundial, mas meu ídolo era José Carlos Pacce, um piloto apenas esforçado, que tinha vencido apenas um Grande Prêmio, justamente o GP do Brasil. E ainda assim num gesto de extrema generosidade de Emerson, que tirou o pé nas últimas voltas e deixou o compatriota ganhar.

José Carlos Pacce morreu num acidente (de avião, ora vejam!) e eu fiz uma redação exaltando meu ídolo. Levei o texto à redação do jornal A Região, um diário de circulação restrita à Osasco, na Grande São Paulo. Acabei recebido pelo dono do jornal, João Macedo de Oliveira, que não sabia se olhava para o texto ou para aquele quase menino, assustado e trajando roupas simples, que já haviam conhecido dias melhores.

Felizmente olhou para o texto e após ler perguntou se eu não queria trabalhar no jornal. Para quem ganhava a vida como pintor de paredes, era como se alguém oferecesse o bilhete para o paraíso, ainda mais que João Macedo, um desses anjos que Deus costuma colocar no nosso caminho e só nos damos conta disso muito tempo depois, conseguiu que eu retomasse os estudos, interrompidos por absoluta falta de condições financeiras.

Eram tempos românticos, em que com um pouco de talento e um muito de sorte, se abriam as portas do jornalismo. Hoje, com as devidas exceções, sem um bom padrinho (ou otras cositas más, no caso de mulheres) não se passa nem da portaria de um jornal, uma emissora de rádio ou de televisão. A menos que se aceite ganhar um salário que faça pintor de paredes parecer um marajá…

Feita essa revelação, que certamente terá impacto planetário e fará a imprensa ser eternamente grata a José Carlos Pacce, vamos ao que interessa.

Como boa parte dos brasileiros, torci para que Felipe Massa fosse campeão de Fórmula 1 neste domingo, apesar de achar que Lewis Hamilton merecia o titulo. Não é pouca coisa um negro, com jeito e cara de menino, brilhar num esporte de elite, recheado de ´maurícinhos´. Hamilton, assim como a possível vitória de Barack Obama nas eleições dos EUA, representa um sopro de novidade e de utopia, num mundo cada vez mais competitivo e com cada vez menos espaço para o sonho, o imprevisível.

Deixei minhas perorações sócio-filosóficas de lado, e fiquei ligado na tela monopolista da Rede Globo, obrigado a ouvir Galvão Bueno.

Massa largou na frente e lá se manteve durante toda a corrida. O problema é Hamilton, escolado pelas barbeiragens que cometeu ano passado, quando jogou o título fora por pura afobação, correu para chegar no 5º. lugar que lhe bastava e nem se importou para o que ocorria à sua frente.

A corrida seguia numa chatice só, Massa em primeiro, Hamilton na dele. E Galvão elevando os níveis de patriotada, torcendo para que o motor do carro do inglês estourasse, que os pneus furassem ou que ele tivesse uma dor de barriga daquelas que o sujeito é obrigado a parar atrás da primeira moita…

Eu estava vendo a hora em que Galvão deixasse seu posto de narrador e invadisse a pista para impedir que Hamilton continuasse na prova.

E tome “o Brasil tem um novo ídolo”, “Massa é um piloto completo”, “o país se rende ao talento de Massa”, num crescendo que atingiu o clímax quando, na ultima volta, Hamilton foi ultrapassado e caiu para sexto lugar, resultado que daria o título a Massa. Galvão só não viu, porque estava quase em transe, que o piloto que estava em quinto lugar usava pneus lisos e se arrastava na pista em meio ao temporal. Hamilton passou por ele com a facilidade com que um carro Fórmula 1 passa por um carrinho de pipoca.

Desde que, é claro, o carro de Fórmula 1 não esteja sendo pilotado por Rubinho Barrichelo, porque neste caso as chances do carrinho de pipoca chegar na frente são imensas.

Naqueles segundo finais, naquele restinho de pista, antevendo o festival de ufanismo, a verborragia e a exaltação desmedida liderada por Galvão e reverberada pela Globo, esqueci que Massa não apenas é brasileiro, como também sãopaulino. Passei a torcer por Lewis Hamilton.

O inglês mereceu o título. E nós, enquanto não tivermos a saudável opção de escolher a emissora de televisão que desejamos assistir a uma corrida de Fórmula 1, um jogo da Seleção Brasileira ou a partida do nosso time do coração, não merecemos Galvão Bueno.

Thank you, Hamilton.

2 respostas para “THANK YOU, HAMILTON”

  • Jullyane says:

    Concordo com o que vc fala sobre o Galvão Bueno, pq ele é triste! Ngm merece os foras que ele dá e eu acho que tanta “babação” faz é agourar qualquer coisa que ele narre. Mas mesmo com tudo isso não deixei de torcer pelo Felipe, acho que qualquer um dos dois poderia ter sido o campeão, afinal, se manteram sempre na disputa.

    Cheguei aqui de pára-quedas, só por que achei o título do post interessante, afinal eu tbm escrevi sobre isso no meu blog.

    Beijos!

  • Alcyone Coelho, says:

    Seu texto é a expressão do que milhares de brasileiros mais cultos pensam mas são obrigados a engolir. Eu moro nos EUA e assisti a corrida no canal Speed. E pensei: assistir essa corrida sem ter que aguentar o Galvão Bueno rocendo com o microfone na mão’: não tem preço!

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