Arritmia cardíaca cresce silenciosamente entre baianos e desafia

até os mais jovens, alerta médica e professora da Afya 

12 de novembro marca o Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita. Neste ano, o alerta de especialistas para o aumento dos casos na Bahia ganha ainda mais relevância, sobretudo pela incidência do problema, antes associado à terceira idade, entre pessoas ativas e abaixo dos 40 anos, especialmente mulheres.

Dra. Vanessa Borges

Para a cardiologista e professora da Afya Salvador, Vanessa Borges, a identificação de casos envolvendo jovens é maior hoje porque a identificação tem ocorrido de forma precoce. “Nunca se fez tanto eletrocardiograma, Holter, monitorização prolongada, check-up pré-operatório e antes da realização de práticas esportivas como agora”, destaca a especialista.

Além disso, a especialista alerta para os riscos do estilo de vida atual como fator agravante, quando se trata do aumento no número de pessoas identificadas com alguma doença cardiovascular. “Estresse crônico, ansiedade, má qualidade no sono, sedentarismo, obesidade, alimentação inadequada, consumo de álcool, cigarro, vapes, energéticos e pré-treinos aumentam a ativação do sistema nervoso e sobrecarregam o sistema elétrico cardíaco. Em quem tem alguma predisposição, seja genética, estrutural ou elétrica, isso pode ser o gatilho para a arritmia”, destaca a professora.

A arritmia cardíaca acomete cerca de 20 milhões de pessoas e causa 300 mil óbitos no país, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Já a Secretaria de Saúde da Bahia registrou, somente nos últimos cinco anos, um crescimento de 51,6% nas internações e um aumento de 25,7% no número de mortes ocorridas no estado, por arritmia cardíaca. Mas o que fazer quando o coração, que bate cerca 100 mil vezes ao dia, perde o ritmo?

Nesse contexto, a cardiologista alerta para sintomas, como tonturas, palpitações, cansaço e desmaios que, muitas vezes, se confundem com ansiedade, estresse ou apenas um mal súbito, levando as pessoas a não procurarem um médico. Ela chama a atenção que a arritmia cardíaca atua silenciosamente e que, por muitas vezes, é difícil identificar quando o coração pede socorro.

“Algumas alterações podem ser assintomáticas ou terem sintomas que podem passar despercebidos no nosso dia a dia. O coração costuma avisar que algo está errado e alguns sintomas não devem ser banalizados: Palpitações, falta de ar desproporcional ao esforço, dor ou aperto no peito, queda do desempenho físico e cansaço exagerado para tarefas simples do dia a dia. Quando um desses sintomas aparece de forma súbita, em repouso, durante o sono, ou se torna repetitivo, não é prudente atribuir tudo à ansiedade sem avaliar o coração”, destaca.

Hoje as pessoas dormem menos e se alimentam pior. O aumento da obesidade, da hipertensão e do consumo de bebidas energéticas entre os jovens contribuem para o aumento dos casos da doença. Outro agravante acontece quando as pessoas confundem arritmia cardíaca com estresse ou ansiedade.

“Nas crises de ansiedade, o coração costuma acelerar de forma regular, acompanhando um quadro emocional claro, pensamentos acelerados, respiração curta e rápida. Nas arritmias, o ritmo frequentemente é irregular ou extremamente rápido, às vezes sem gatilho emocional evidente”, explica Vanessa Borges.