:: ‘O Brasil emparedado’
O Brasil emparedado
Ernesto Marques
Nunca foi o idiota excêntrico subestimado ao longo de 28 anos de vida parlamentar, tendo como um de seus momentos altos, a confissão indecorosa de uso indevido do auxílio-moradia, privilégio de deputado federal, para “comer gente” como prova cabal da sua qualidade ética, como político e pai de família.
Não é o gênio diversionista que desacredita a imprensa e os poderes constituídos, enquanto maneja, sem falsos pudores, todos os recursos da comunicação digital – inclusive qualquer sordidez permitida na chamada deep web, ou internet profunda.
Atavicamente preso a tragédias, o país vive a pior de todas, porque personificada naquela figura hoje investida na faixa presidencial, símbolo do poder da República, delegado soberanamente pelo povo. República demolida a cada sigilo de 100 anos sobre a sequência de crimes ocorridos diante de largo conhecimento público – e quase em tempo real!
Das muitas provas cabais da destruição nacional iniciada no Dia da Confraternização Universal de 2019, o fato de sermos apenas 3% da população mundial e serem brasileiros e brasileiras, 12% dos humanos mortos pela covid-19.
Não é o idiota excêntrico, não é o gênio diversionista. Mas o erro de subestimá-lo enquanto cometia crimes contra o decoro parlamentar ofereceu aos criadores de tempestades perfeitas, uma espécie de “solução final”, diante do risco iminente de Lula e o PT voltarem ao governo em 2018.
A tal democracia burguesa à brasileira é obra muito mais das elites chucras que capturaram o poder político perdido pela monarquia, e que, na prática, vivem em eterna reparação pela perda do trabalho escravo. E mesmo a república torta, nascida do primeiro golpe militar da nossa história e renascida depois de enterrarmos (vivo) o último golpe fardado, já nos faz falta.
Sim, o comunista mais sectário, ativistas sem temor algum, caminhantes de muitas passeatas e manifestações; qualquer destes e destas, sente saudades das liberdades e direitos que se esvaem junto com o tempo perdido no retrocesso a ser interrompido, de preferência pelo caminho das urnas.
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