:: ‘Mano Brown’
Mano Brown: o doutor honoris causa da UFSB para o mundo e o dia da favela
Efson Lima
A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) entregou na quarta-feira última, dia 01/11, o título de doutor honoris causa a Mano Brown. Para algumas pessoas “bem nascidas,” os títulos são uma questão de tempo, mas para os jovens periféricos brasileiros o grande título é o da sobrevivência. E a homenagem de doutor honoris causa para Pedro Paulo Soares Pereira confirma a sua sobrevivência e abre possibilidades de reflexões sobre a periferia brasileira, inclusive, ensejando reconfiguração do papel desse grupo social no desenvolvimento nacional.
O Mano Brown ao receber o título de doutor honoris causa pela UFSB significa que a ele se distinguiu pelo saber e/ou pela atuação, em prol do desenvolvimento das Ciências, das Letras, das Artes, da Educação, da Cultura, da Tecnologia e Inovação, das Políticas Públicas, dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento Social ou do Meio Ambiente, cuja contribuição seja ou tenha sido de alta relevância para o País ou para a humanidade, conforme preceitua a Resolução da Universidade sobre a concessão de títulos honoríficos.
O laudeamento foi proposto pelo professor Richard Santos, um estudioso da cultura hip hop e, atualmente, pró-reitor de extensão e cultura na UFSB. O docente no memorial pormenoriza as contribuições de Mano Brown para a sociedade brasileira, especialmente, a periferia. Assim, o proponente foi entrelaçando as razões justificadoras para a concessão do título a Mano Brown, rapper e figura central do grupo de rap Racionais MC’s. O artista nasce em São Paulo, mas a sua mãe é natural de Riachão do Jacuípe, na Bahia, onde ainda moram tios e primos.
No farto memorial, as justificativas que levaram o Conselho Universitário à unanimidade aprovar a distinção para o principal representante do movimento hip hop nacional são percebidas: “Essas (…) informações sobre Pedro Paulo que darão conformidade a imagem de Mano Brown nos é importante para a compreensão de todo o processo formativo não apenas do cidadão que forjará o artista, mas, principalmente de sua rede de relações políticas, culturais e ancestrais que o farão o principal representante de uma juventude periférica racializada brasileira emergida da abertura democrática, da retomada da organização do movimento negro brasileiro em sua pluralidade e que resultará na luta por direitos cidadãos, antirracismo e insurgência,” sinaliza o propositor da homenagem, que foi reconhecida pelo professor Francisco de Assis, relator da homenagem.
Ontem, dia 04/11, comemorou-se o dia da favela, cujo termo foi utilizado pela primeira vez no ano de 1900, em um documento oficial, quando o delegado se referiu ao morro da Providência como “favela”. Favela é uma planta medicinal do semiárido brasileiro, especificamente, encontrada na caatinga baiana. O termo ganhou as páginas da imprensa brasileira por meio do jornal “ Estado de São Paulo”, sendo Euclides da Cunha o jornalista correspondente do massacre de Canudos a evidenciar o termo. Posteriormente, na obra “Os Sertões” do mesmo jornalista, o signo favela cada vez mais foi se afirmando no cenário nacional. Os símbolos e signos da solenidade não param por aí.
Mano Brown é Doutor Honoris Causa pela UFSB
Em solenidade da sessão especial do Conselho Universitário, realizada no Teatro Municipal Candinha Dórea, em Itabuna, o rapper e figura seminal do hip hop brasileiro, Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) nesta quarta-feira (1º). Uma das vozes mais importantes das periferias foi assim homenageada pela academia em face de sua contribuição artística e social ao falar da vivência da juventude negra com a força, a poesia e a astúcia das ruas à frente do grupo Racionais MC’s, desde 1988. O título honorífico significa, para a UFSB, uma parte relevante da celebração dos dez anos da lei de criação da universidade, em um movimento duplo de rever o caminho percorrido e propor novos pontos do trajeto.
A solenidade teve diversos sentidos. Em geral, eventos do tipo são regidos pela ritualidade ordenada e a seriedade do propósito se mostra pela aderência às normas protocolares e contenção das emoções na medida do possível. O carisma de Brown, o entusiasmo do público com a presença do homenageado, os significados da honraria para todos os presentes e a própria essência do rap se encarregaram de temperar a cerimônia com a alegria espontânea, a disposição para se insurgir e denunciar as injustiças, a rapidez precisa na rima, os risos nos rostos, palmas à mancheia. Em diversos momentos o público rompeu a expectativa de silêncio, a exemplo para festejar as falas e especialmente a chegada de Mano Brown ao teatro, a formação da mesa de honra e mesmo o pedido de uma “palhinha” feito da plateia ao homenageado da noite, posteriormente atendido com muita energia.
O Consuni aprovou a proposta da honraria a Mano Brown em 16 de agosto de 2023. A iniciativa foi feita pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEX) e a titulação, proposição da Reitoria. O objetivo foi homenagear a liderança artística de Brown no cenário nacional do hip hop, além de celebrar a importância do gênero musical como forma de expressão da população negra periférica. A aprovação também integra as comemorações dos dez anos de criação da UFSB no Sul da Bahia, em uma programação estendida ao longo de 2023 com diversas atividades que conectam o histórico da construção institucional e perspectivas de futuras contribuições da universidade ao território. A concessão de títulos honoríficos é uma prática comum em universidades e é voltada a reconhecer as contribuições acadêmicas, humanísticas e sociais para a sociedade, para a pesquisa e em prol do desenvolvimento do país em suas mais diversas áreas, homenageando docentes, pesquisadores, técnicos, discentes, personalidades nacionais e estrangeiras e entidades nacionais.
Universidade Federal do Sul da Bahia entrega título de Doutor Honoris Causa a Mano Brown
Em continuação às comemorações de 10 anos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), o Conselho Universitário aprovou proposta de concessão de título de Doutor Honoris Causa a Pedro Paulo Soares Pereira, conhecido como Mano Brown, membro do grupo Racionais MC’s. O compositor e rapper Mano Brown receberá a homenagem no dia 1º de novembro de 2023, no Teatro Candinha Dórea, em Itabuna, às 17 horas.
A concessão de títulos honoríficos é voltada a reconhecer as contribuições acadêmicas, humanísticas e sociais para a sociedade, para a pesquisa e em prol do desenvolvimento do país em suas mais diversas áreas, homenageando docentes, pesquisadores, técnicos, discentes, personalidades nacionais e estrangeiras e entidades nacionais.
A proposta de título a Mano Brown foi iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da UFSB e a titulação, proposição da Reitoria, ressaltando a importância do artista que transcende o Hip Hop e a música rap, sendo aclamado por sua autenticidade e por representar a voz dos moradores da periferia.
A reitora Joana Angélica Guimarães comemora a aprovação ao falar que “A titulação aprovada, por unanimidade, pelo Conselhos Universitário da UFSB reflete a importância dada pela nossa comunidade ao trabalho desenvolvido pelo Mano Brown, na arte, na cultura e especialmente na interlocução com jovens negros e negras de periferia que veem na música de Mano Brown uma forma de expressão que lhes dá voz, quando a sociedade lhes nega”.
Richard Santos, pró-reitor da Proex, afirma que “uma titulação como essa não é algo único e individual. Não é para quem recebe, no caso o Pedro Paulo, Mano Brown, não é para quem reconhece a importância dele como artista e liderança. É algo que aponta para a importância do que o Hip Hop nos tem deixado de legado ao longo dos anos, a identidade das periferias e a possibilidade do sonho diante de tanta miséria e sufocamento”.
UFSB aprova concessão de título de Doutor Honoris Causa a Pedro Paulo Soares Pereira, “Mano Brown”
Em continuação às comemorações de 10 anos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), o Conselho Universitário aprovou proposta de concessão de título de Doutor Honoris Causa a Pedro Paulo Soares Pereira, conhecido como Mano Brown, membro do grupo Racionais MC’s, em reunião ordinária realizada nessa quarta-feira, dia 16 de agosto de 2023.
A concessão de títulos honoríficos é uma prática comum em universidades e é voltada a reconhecer as contribuições acadêmicas, humanísticas e sociais para a sociedade, para a pesquisa e em prol do desenvolvimento do país em suas mais diversas áreas, homenageando docentes, pesquisadores, técnicos, discentes, personalidades nacionais e estrangeiras e entidades nacionais. A proposta de título a Mano Brown foi iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da UFSB e a titulação, proposição da Reitoria, ressaltando a importância do artista que transcende o Hip Hop e a música rap, sendo aclamado por sua autenticidade e por representar a voz dos moradores da periferia.
“Sua truculência não é rebeldia, é niilismo”: Carta aberta de um ex-fã ao Lobão
Escrito por Pedro Sprejer e publicado originalmente na Polivox
Eu te acompanho desde meados dos anos 80, quando, ainda criança, pulava na frente da TV e do rádio ao som de “Vida Bandida” e “Corações Psicodélicos”.
Essas e outras canções constituíram o meu repertório afetivo-musical e sempre olho para elas com carinho. Hoje, entretanto, sua voz me soa amarga. Acho que cansei dela. E me atrevo a falar em nome de outros fãs que estão desapontados com o papelão que você tem feito por aí.
Você e Cazuza foram os artistas mais provocadores da geração 80, os mais autênticos. Cazuza foi um libertário genial, com sua ironia, homossexualidade escancarada, e entrega total à vida. E você, com um rock maníaco-depressivo foi mesmo uma ovelha negra dentro da MPB, como gosta de dizer.
Você acrescentou à MPB algumas doses a mais, trouxe euforia, porra-louquice, mas também melancolia e desespero, fazendo a trilha dos anos 80 entre festas homéricas e ressacas suicidas. E ainda colocou na canção brasileira, comportada e luminosa na maior parte das vezes, uma violência crua. A mesma violência que já estava nos filmes do Cinema Marginal, nos contos do Rubem Fonseca ou nas peças de Plínio Marcos.
Depois de debutar com um rock dançante adolescente, você enveredou por um lado selvagem da motocicleta. Mergulhou na vida louca e bandida dos anos 80 para contar a história do personagem que “chutou a cara do cara caído” e “bateu no seu melhor amigo” e também a do que “sem dó, nem pena, sem um telefonema, matou a família e foi ao cinema”.
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