:: ‘Fidel Castro’
Roberto Silva: promovendo o turismo e fortalecendo laços com Cuba

Por Paula Morena, na Revista Pelo Mundo
Roberto Silva, um nome respeitado no cenário do turismo brasileiro, é o proprietário da Sanchat Tour Operator’s, uma empresa que há 33 anos tem desempenhado um papel crucial na promoção do turismo em Cuba. Além de ser um destaque no setor, a Sanchat também é conhecida por sua contribuição à resistência cubana contra o bloqueio norte-americano que perdura há 60 anos. Nesta entrevista exclusiva, o CEO compartilha sua história, experiência e insights sobre o turismo em Cuba.
Em que ano foi fundada a Sanchat?
A Sanchat Tour Operator’s foi fundada em 15 de janeiro de 1993, há exatos 30 anos.
Bem diferente das outras operadoras, o que levou a Sanchat a priorizar o turismo cubano?
A decisão de priorizar o turismo cubano foi influenciada pelo reatamento das relações diplomáticas entre Brasil e Cuba em 1987. Nesse contexto, tive a oportunidade de abrir a Havanatur no Brasil, juntamente com meu amigo exilado em Cuba, Frederico Aflalo, e a Cimex para exportação. Ao visitar Cuba repetidamente e me apaixonar pelo país e sua gente, e como o destino estava fechado aos brasileiros há mais de 30 anos na época, resolvi investir nessa ideia.

Quantos turistas brasileiros já foram enviados a Cuba nessas três décadas de operação da Sanchat?
Nesse período, já mandamos mais de 90 mil brasileiros para desfrutar das maravilhas de Cuba.
Em dólares, quanto a Sanchat já gerou para a economia de Cuba enviando turistas para lá?
Fazendo uma rápida estimativa, se cada brasileiro que visitou Cuba deixou em média US$ 1 mil no país, já contribuímos com mais de US$ 90 milhões para a revolução cubana, e continuaremos a aumentar esse valor.
Havana, a Cidade Paixão
Daniel Thame
San Cristobal de La Habana. Ou simplesmente La Habana. Capital de Cuba, a maior ilha do Caribe. Dito assim, poderia ser apenas a localização geográfica de uma cidade.
Mas La Habana, Havana, não é apenas uma cidade. Cidades existem em todas as partes do mundo. Metrópoles, grandes, médias e pequenas cidades ou mesmo vilazinhas perdidas no mapa.
Havana é diferente. E nem se peça explicação. Porque explicação não há. Ou há tantas explicações que nem é o caso de se explicar.
Havana é para ser vivida com toda a intensidade que é possível viver numa cidade que tem alma, que pulsa e que se reinventa sem perder a essência. 
Cidade com alma e com coração. E o coração de Havana se chama Habana Vieja. A velha Havana, onde se tromba em cada esquina com a História e com personagens históricos.
Habana Vieja, dos monumentos que
percorrem cinco séculos de um país e de um povo dominados pelos conquistadores e que há meio século decidiu ser dono de seu próprio destino.
Lula, Fidel e a História
Josias Gomes
Em Cuba, no dia 16 de outubro de 1953, um jovem advogado, líder revolucionário, cometeu um dos maiores atos de coragem do século XX. Depois de um assalto malsucedido ao quartel Moncada e cair nas garras da feroz ditadura de Fulgêncio Batista, o destemido cubano fez uma histórica autodefesa, finalizando o seu discurso com a célebre frase: “A História me absolverá”.
O nome do revolucionário cubano era Fidel Castro. A História não somente absolveu como o tornou uma lenda da esquerda internacional.
Relembramos uma lenda, a injustiça e a ditadura arquitetada pelos EUA para destacar o crime continuado que estão cometendo contra Luís Inácio Lula da Silva, que enfrenta forças opressoras tão prostituídas e violentas quanto as de Fulgêncio Batista.
Seus inimigos não lhe dão um segundo de trégua. No entanto, Lula mantém o vigor de um jovem diante da perseguição, porque quem nasceu para revolucionar o mundo não envelhece.
Guardadas as devidas diferenças dos fatos históricos que envolvem os dois revolucionários, podemos dizer que Lula é mais “perigoso” e “subversivo” do que Fidel. Depois de dois mandatos presidenciais e mais duas outras vitórias apoiando a presidenta Dilma, ele conseguiu feitos que levam as forças do atraso e do império norte-americano a considerá-lo um inimigo mortal. Consequentemente, o ataque é mais brutal.
Fidel conseguiu fazer a sua autodefesa dentro do Hospital Civil Saturnino Lora, onde estava sob custódia, e confrontou a ditadura: “A Justiça devia estar muito doente para convocar os ilustres magistrados de tão alto tribunal para trabalhar em um quarto de hospital”, disse.
Cuba: con los pobres de la tierra
Emiliano José
São 60 anos de uma revolução que permanece viva, apesar de suas dificuldades por ser a única experiência socialista, atualmente, a conviver num mundo sob a hegemonia do capitalismo neoliberal-financeirizado
…Cuba sempre foi para nosotros, os que embarcamos na perspectiva revolucionária, uma referência essencial. Havia estado lá no final de 2007, início de 2008. E agora, em novembro de 2018. Há tanto que dizer da primeira viagem, mas destaco apenas a leitura, no avião, na ida e na volta, do Cien Horas Con Fidel, de Ignacio Ramonet. Um trabalho jornalístico precioso.
No capítulo 2, Fidel afirma uma coisa absolutamente essencial: “el hombre no es totalmente dueño de su destino”, “también es hijo de las circunstancias, de las dificultades, de la lucha”, “el hombre no nasce revolucionário, me atrevo a decir”, ele próprio, Fidel, confessa, “yo me converti en revolucionário”. Era a terceira edição. Ganhei a quarta agora, presenteada por Abel Costa Damas, vice-ministro da Cultura, que me ha regalado ainda com um Havana Club e um Santiago de Cuba, preciosos runs cubanos, os dois com coisa de 40% de álcool.

Em Cuba a maioria da força de trabalho qualificada é feminina e o Parlamento tem 53% de mulheres. Foto: Pool New/Reuters
O segundo é difícil de se encontrar em Havana, é espécime raro. Ao lado dele, estavam Rosa Teresa Rodriguez Lauzurique, diretora de Relações Internacionais do Ministério, e Sadia Acosta Brooks, especialista principal da Área de América Latina e Caribe. Fez-me um honroso convite: convidou-me para ser um dos palestrantes da IV Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, que ocorrerá em Havana de 28 a 31 de janeiro de 2019.
Por isso, e muito mais, tenho repetido que fui tratado em Cuba com um carinho, uma atenção muito maiores do que mereço. Tive uma agenda intensa, a me propiciar atualização sobre a revolução. Logo na chegada, fui recebido por dirigentes, homens e mulheres, na Casa de las Américas. Criada em abril de 1959, conseguiu atrair os melhores escritores e artistas latino-americanos e caribenhos para variadas iniciativas – encontros, prêmios, exposições, representações teatrais, conferências e concertos organizados por ela, cuja fundadora, Haydee Santamaría, é lembrada na Ilha com imenso respeito.
Hasta siempre Fidel
Amelia Duarte de la Rosa, no Granma

Oh, Comandante, onde você está?
Ou é o rosto de nós
perguntando por você?
Regreso Triunfal, Nancy Morejón
Há uma dor que bate forte muito dentro de cada cubano. Uma dor que atravessa. Uma tristeza impossível de habitar. Há circunstâncias que provocam essa dor e, ainda que sejam naturais, carregam com elas o desapontamento. Porém são realidades capazes de unir um povo todo em um pranto comum. E tem um livro que flagra todo esse sofrimento, minuto a minuto, hora após hora, a partir das 22h29 minutos da noite de 25 de novembro de 2016 e durante nove dias, quando Cuba inteira deu o derradeiro adeus ao seu Comandante.
Hasta siempre Fidel, é esse livro. Um volume que fala da morte e da vida, da luz e da sombra, da dor e do patriotismo.
A homenagem póstuma que o povo cubano e amigos do mundo tributaram ao líder histórico da Revolução foi compilada no texto Hasta siempre Fidel, que o Gabinete do Conselho de Estado lançou, aos leitores em La Cabaña, como parte da 27ª edição da Feira do Livro, que acontece em Havana.
«Revivemos com este livro todas aquelas horas, a partir da mensagem de Raúl até a homenagem multitudinária do povo de Santiago em Santa Ifigenia», comentou Abel Prieto, ministro da Cultura, quem teve a seu cargo a apresentação de Hasta siempre Fidel.
«As imagens são que protagonizam estas páginas», precisou. E valorizou o documento como um «livro de tamanha carga emotiva».
Com uma sequência cronológica, Hasta siempre Fidel contém mais de 500 fotografias de 41 autores e depoimentos de 17 meios da imprensa.
Poemas de 20 autores nacionais, como Pablo Armando Fernández, Virgilio López Lemus, Nancy Morejón, Ángel Augier e estrangeiros como Juan Gelman, Pablo Neruda e Mario Benedetti, bem como excertos das palavras proferidas por presidentes, ministros e funcionários de diferentes recantos do mundo veem a luz também nesta obra de 447 páginas, que se distingue pela qualidade de um design sóbrio e o emprego das técnicas mais modernas nas artes gráficas.
«Este livro pertence a muitos. É uma homenagem para perpetuar o tributo que o povo prestou ao líder histórico da Revolução. A este propósito se dedicaram profissionais reconhecidos, como a doutora Rosa Miriam Elizalde, a cargo da seleção e apontamentos; Ernesto Niebla, no design; e Juan José Valdés, que esteve à frente do cuidado da edição e produção», explicou na sala Nicolás Guillén, Alberto Alvariño, vice-chefe do Departamento Ideológico.
«O trabalho de criação começou em 28 de novembro de 2016 e tanto o esboço inicial como a maqueta foram feitos em um tempo recorde», acrescentou Alvariño.
Impresso em quatro cores, com uma alta feitura e acabamento e conteúdo, o volume tem, aliás, uma capa em relevo com uma técnica que produz uma percepção de terceira dimensão e o emprego combinado de verniz ultravioleta de brilho e mate.
A edição vem acompanhada de uma versão em suporte digital realizada pela Universidade das Ciências Informáticas. A multimídia apresenta dois menus: um principal, em forma de linha do tempo, e outro complementar que oferece através de vídeos e materiais publicados na imprensa, testemunhos incontestáveis da essência e sentimento do povo.
Um ano sem Fidel, sem a Chapecoense e outras histórias
Por Valter Xéu
Neste dia 29 de novembro faz um ano que eu estava em Cuba para as homenagens póstumas ao Comandante Fidel Castro, na praça da revolução, local no qual Fidel discursou centenas de vezes para o povo cubano.
Único jornalista brasileiro convidado pelo governo de Cuba através de Bruno Rodríguez Parrilla, Ministro das Relações Exteriores, lembro que ao sair do quarto no Hotel Park Central, a camareira me deu os pêsames. Agradeci ao mesmo tempo em que imaginava que foi por estar presente aos funerais do Comandante, assim como todos que lá estavam hospedados. Fui em frente e peguei o elevador para me dirigir ao restaurante onde os garçons e as garçonetes repetiram o que me disse a camareira.
De imediato retruquei que quem deveria dar os pêsames era eu pela morte do Comandante, quando uma garçonete me informou que os pêsames eram porque tinha caído uma aeronave com um time brasileiro de futebol. Confesso que gelei na hora.
Em seguida uma série de perguntas passou pela minha cabeça. Será que foi o meu Vasco? O meu Santos? O Bahia? O Fluminense de Feira? Logo descartei o time feirense, pois esse beirando a quarta divisão nacional, não anda de avião e sim de ônibus e de van.
Refeito do susto inicial, perguntei que time estava no avião e me disseram ser a Chapecoense. Corri para a internet e lá estava a relação dos nomes dos jogadores, companheiros jornalistas, dirigentes e tripulação.
No final da tarde e já inicio da noite, todos os convidados embarcaram em um ônibus rumo à Praça da Revolução, onde ficamos na tribuna de honra, ao lado de aproximadamente uns 170 chefes de Estados; e diversas personalidades como o ator e ativista norte americano Dany Glover (de quem fiquei amigo, pois sentamos lado a lado), o jornalista franco-espanhol Ignácio Ramonet, diretor e editor do Le Monde Diplomatique e para meu orgulho, colaborador do Pátria Latina desde a sua fundação em 2002.
ALBA: sessão especial faz homenagem póstuma a Fidel Castro
O legado deixado por Fidel Castro, morto em novembro de 2016, será reverenciado com uma sessão especial em homenagem póstuma ao líder da Revolução Cubana nesta sexta-feira (24), a partir das 9 horas, na Assembleia Legislativa da Bahia. A Casa Legislativa também sediou, durante esta semana, a Exposição Fidel é Fidel, com 17 registros históricos feitos pelo fotógrafo Roberto Chile.
De acordo com o proponente das atividades, deputado Marcelino Galo (PT), o “legado de uma das principais referências da Esquerda no mundo, da luta por uma sociedade mais justa, fraterna, sem desigualdades e contra a opressão capitalista, precisa ser revisitado, fortalecido e celebrado por todos aqueles que acreditam ser possível outro modelo de desenvolvimento”. Para Galo, um desses legados está na saúde, onde Cuba ostenta um dos melhores sistemas de atenção primária do mundo. Na Bahia, 843 médicos cubanos atuam em 315 municípios cuidando da atenção básica e preventiva pelo programa Mais Médicos, implementado no governo da presidente Dilma Rousseff.
“Essa será uma atividade histórica, de importante reflexão sobre a conjuntura política atual, de golpes e avanço do fascismo no Brasil e no mundo, e como o legado do líder da Revolução Cubana, o comandante Fidel Castro, que sempre cultivou muito carinho e boas relações com a Bahia, ainda é um farol a lançar luz sobre as trevas do desmonte e do capitalismo selvagem, que exclui e mata milhões de pessoas no mundo”, enfatiza o parlamentar, recordando que a Assembleia Legislativa baiana se posicionou contra o bloqueio econômico imposto à Ilha Caribenha pelos EUA em 1962.
Já confirmaram presença na solenidade Rolando Gomes Gonzáles, representante de negócios de Cuba no Brasil, Cônsules de Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai e Grécia, a senadora Lídice da Mata, Ivone de Sousa, da Associação José Martí, e um grupo de quinze médicos cubanos do programa Mais Médicos. Ainda são esperadas as presenças de lideranças políticas, de movimentos sociais e estudantis.
Che Guevara para sempre entre seu povo
Santa Clara voltou a encher-se do amor dos moradores de Villa Clara e dos cubanos para Ernesto Che Guevara, quando no domingo, 8 de outubro, mais de 60 mil pessoas se concentraram na praça que leva seu nome, para prestar-lhe homenagem a ele e aos seus companheiros de luta, no 50º aniversário de sua morte em combate.
Na comemoração marcou presença o primeiro secretário do Comitê Central do Partido e presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz, quem minutos antes de se iniciar o ato político cultural pela efeméride, prestou tributo junto a outros membros do Bureau Político, ao Guerrilheiro Heroico e ao Destacamento de Reforço, no local que perpetua a sua memória.
As palavras de Fidel na velada solene, em outubro de 1967, quando se deu a conhecer ao povo de Cuba a triste notícia da morte de Che Guevara, escutaram-se mais uma vez e fizeram tremer os corações dos presentes: «Se nós queremos um modelo de homem, um modelo de homem que não pertence a este tempo, um modelo de homem que pertence ao futuro, eu digo do coração que esse modelo sem uma única mancha na sua conduta, sem uma única mancha na sua atitude, sem uma única mancha na sua atuação, esse modelo é Che Guevara! Se queremos expressar como desejamos que sejam nossos filhos, devemos dizer com todo o coração de veementes revolucionários: Queremos que eles sejam como Che Guevara!».
Pátria Latina: 15 anos rompendo o cerco midiático
Por Hélio Doyle*

“Hélio Doyle! ” – o grito com sotaque baiano me surpreendeu, naturalmente. Não esperava que alguém chamasse meu nome em uma das arborizadas ruas do Vedado, em Havana. Foi com muita alegria que logo avistei Valter Xéu desembarcando de um carro dirigido por outro grande amigo, Jorge Ferrera – que por muitos anos foi conselheiro político na embaixada de Cuba em Brasília.
Rafael Hidalgo, também ex-conselheiro político de Cuba no Brasil, e eu chegávamos para uma visita ao Icap (Instituto Cubano de Amizade com os Povos). Assim como Xéu, eu estava em Cuba para participar das homenagens póstumas a Fidel Castro e, no papo que travamos ali mesmo na calçada, ele lembrou as conversas com o comandante em 2001, no encontro de jornalistas da América Latina e do Caribe, em Havana. Ali havia surgido o Pátria Latina.
Como Xéu sempre recorda, a sugestão foi de Fidel: nós, os quase 500 jornalistas reunidos no Palácio das Convenções, deveríamos criar veículos alternativos para se contrapor às multinacionais da comunicação que serviam aos interesses dos Estados Unidos e do neoliberalismo e ignoravam as lutas e as aspirações dos povos latino-americanos.
Nos quase quatro dias do encontro, Fidel ouviu atentamente cada um dos jornalistas que subiu à tribuna para fazer sua comunicação. Não fez nenhum comentário à minha exposição sobre o mito da liberdade de imprensa no capitalismo, mas discutiu animadamente com muitos outros colegas após suas apresentações. No encerramento, Fidel falou por mais de cinco horas, sem interrupção. Nos intervalos das sessões, às vezes de pé, dialogava com os que o cercavam.
Foi numa dessas conversas que Xéu imbuiu-se da missão de criar um novo veículo de comunicação, que depois recebeu o nome de Pátria Latina, e desde 2002 produz o que se define como um “jornalismo crítico de postura marcante frente à globalização, independente ao poder econômico e de profunda identidade com os anseios da sociedade civil”. Como sugeriu Fidel, “o objetivo é furar o bloqueio das poderosas multinacionais da comunicação que espalham suas notícias globalizadas”.
Xéu cerca-se de uma equipe competente e tem o apoio de um conselho editorial do qual tenho a honra de pertencer, mas é inegável que Pátria Latina é, sobretudo, uma obra de sua autoria. Xéu tem o mérito de saber tirar do encontro de jornalistas em Havana a conclusão correta, a capacidade de tornar realidade a sugestão do comandante e a competência em manter Pátria Latina por tantos anos. Não ficou na teoria, foi à prática. E com sucesso.
*Hélio Doyle é jornalista, escritor, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal …
Carta de Fortaleza
Inspirados pelas lutas camponesas cearenses, nós, coordenadoras e coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nos reunimos em Fortaleza reivindicando a memória e o exemplo de Fidel Castro, do centenário da Revolução Russa e do cinquentenário do martírio de Che Guevara, para estudar a conjuntura política e agrária de nosso país e projetar os desafios e tarefas para o próximo período.
Há uma crise estrutural do capitalismo, acentuada desde 2008, expressa nas crises econômica, política, social e ambiental, representada pelas propostas autoritárias e fascistas, que ameaçam os direitos humanos, trabalhistas e os bens da natureza em todo mundo. Neste contexto, para que o Capital continue se apropriando dos recursos econômicos da sociedade, é necessária a eliminação dos direitos históricos da classe trabalhadora para que estes recursos estejam disponíveis unicamente para o mercado financeiro. O golpe e os atos institucionais do governo ilegítimo no Brasil, como a reforma da previdência, trabalhista, a PEC55 e a entrega do Pré-Sal são exemplares deste movimento. Diante deste cenário:
Reafirmamos a necessidade de reformas estruturais e de uma Reforma Agrária Popular, que garanta a soberania alimentar, a soberania nacional contra a venda das terras para o capital estrangeiro e a defesa dos bens da natureza (a água, em especial o aquífero Guarani, a terra, os minérios, o petróleo e a biodiversidade). Somos contrários e combateremos a Medida Provisória 759 do retrocesso da Reforma Agrária, que privatiza as terras destinadas à reforma agrária, transformando-as em mercadoria, legaliza os grileiros de terras públicas e exclui os as trabalhadoras e trabalhadores acampados do processo de assentamentos.











