:: ‘Daniel Thame. Rede Globo’
Sem Globo, sem Neymar. E sem invencibilidade
Daniel Thame
Foi preciso procurar uma tal de TV Brasil, uma tal de TV Cultura ou recorrer à internet, onde o sinal oscilava muito.
Mas, enfim, após alguns milênios, tivemos um jogo da Seleção Brasileira sem a onipresente Rede Globo de Televisão, dona informal do futebol tupiniquim desde que a bola é redonda.
E livres de Galvão Bueno, narrando, comentando, ´patriotando`, ainda mais num jogo contra a Argentina, aquela em que no conceito galvaniano dá gosto ganhar até em cuspe à distância.
E nem se fale aqui num hipotético Tira Temer, perdão Tira Teima, no quesito corrupção, porque nisso somos imbatíveis.
Voltemos ao jogo.
Noves fora Globo, até porque saiu Galvão na narração e entrou Pelé nos comentários na transmissão bancada pela CBF, o que dá quase um empate técnico, Brasil e Argentina fizeram um jogo morno, pra encabelar canguru lá na Austrália.
Deu Argentina 1×0, gol de Mercado o final do primeiro tempo, numa falha coletiva de marcação. Poderia ter sido 1×1, não fosse Gabriel Jesus ter perdido um gol inacreditável no segundo tempo. E foi só, além de algumas chances desperdiçadas de lado a lado.
Tite decidiu deixar Neymar curtir as férias baladeiras da temporada européia e aproveitar os amistosos contra Argentina e Austrália para fazer testes e avaliar como o time se comporta sem seu principal astro e único gênio inconteste.
Já classificado para a Copa, vindo de uma sequência de nove vitórias, ele pode se dar ao luxo de fazer isso, sem que o mundo desabe sobre sua cabeça.
A Argentina, estreando o técnico Jorge Sampaoli, com a faca no pescoço nas Eliminatórias, não abriu mão de Messi, que por sinal deixou de novo o verdadeiro Messi em Barcelona e mandou um clone lá pro fim do mundo. No que aliás foi seguido por Dybala, que deixou seu futebol bem guardadinho em Turim.
No frigir dos ovos- e Canguru bota ovo? Pergunta lá no Posto Ipiranga (em tempos de gasolina batendo nos R$ 3,90 no Cartel Itabuna nada como um jabazinho maneiro…)- Di Maria jogou, Phillipe Coutinho não jogou e a Argentina ganhou do Brasil.
´Ganar del Brasil es siempre bueno`, deve estar berrando o homônimo de Galvão lá em Buenos Aires.
E Neymar, sim, Neymar faz falta, ainda que seja bom testar o Brasil sem ele. Bom e necessário, porque uma coisa é bater uma bolinha contra a Argentina num amistoso caça níquel, outra coisa é uma Copa do Mundo. Lembremos, sempre do 7×1 pra Alemanha, quando o Brasil não se preparou pra jogar sem Neymar e os alemães fizeram picadinho dos canarinhos apavorados.
Sabem o que essa derrota significa na prática?
Não significa nada. Tite tem mais é que fazer testes mesmo, fechar o grupo pra Copa da Rússia.
Esse Brasil e Argentina será lembrado não pelo resultado em campo, mas pelo jogo em que a Globo não transmitiu.
E isso, sejamos justos, significa muito nesse momento em que, em vez de ser uma concessão pública do Brasil, o Brasil se transformou numa concessão da Globo, que define quem governa, como governa e aí de quem, na visão de seus capitães hereditários, pisar na bola.
Gol da Alemanha. Fim de jogo.
Fim?
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