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A GLOBO, DE NOVO CONTRA O SUL DA BAHIA
O Governo da Bahia, numa demonstração de responsabilidade ambiental, mudou a área do Porto Sul para Aritaguá, um local onde os impactos serão mínimos.
Mas não é que o Jornal da Globo veicula uma matéria passando a idéia de que o “belo litoral do Sul da Bahia”, como disse o apresentador Willian Wack reforçando o inusitado adjetivo, continua sendo ameaçado pelo Porto Sul.
E tome imagens de praia, rios, matas, pescadores e vilarejos bucólicos.
E tome a participação de Rui Rocha, que de tão freqüente no noticiário global, já deve ter até crachá de funcionário da emissora.
Afinal, qual a verdadeira natureza dos interesses globais contra o Porto Sul e a Ferrovia Oeste Leste?
GOVERNO DA BAHIA DEFINE NOVA ÁREA PARA O PORTO SUL
Com a evolução e o aprofundamento dos estudos ambientais, o Governo da Bahia decidiu alterar o local onde será implantado o Complexo Portuário e de Serviços Porto Sul. Em decreto que será publicado nesta terça-feira (12) no Diário Oficial, o Estado declara de utilidade pública uma área de 48.333.024,72 m2 (4.830 hectares), na margem esquerda da BA-001 (sentido Ilhéus – Itacaré), na localidade de Aritaguá, em Ilhéus.
Mantendo uma diretriz do Governo de promover o desenvolvimento com sustentabilidade e atendendo a uma orientação do IBAMA, a administração estadual optou por redirecionar os estudos para a nova área.
Dentre os motivos determinantes para a mudança da localidade destinada ao projeto estão a ausência de corais e recifes no trecho de mar em frente à nova área escolhida e de fragmentos em processo de regeneração de Mata Atlântica, bem como menor complexidade de fauna.
“Depois do aprofundamento dos estudos, foi possível ter elementos mais apurados para uma reavaliação da área, e mesmo encarecendo o projeto, fizemos a opção por conta de uma melhor solução ambiental”, afirmou a secretária da Casa Civil, Eva Chiavon
Ainda de acordo com ela, o Governo da Bahia tem uma postura de compromisso com as instituições e com a autonomia das instâncias que regulam a concessão de licenças ambientais
“O Governo da Bahia tem tido preocupação com as questões ambientais e essa solução é resultado de grandes debates das áreas técnicas”, disse Chiavon.
VOCÊS QUEREM BACALHAU?
Dólar barato, real valorizado.
Preço da carne bovina nas alturas.
Eis que, até nos restaurantes de comida ao quilo é possível saborear um delicioso bacalhau, a preço mais do que convidativo.
E olha que esse blogueiro é do tempo em que a gente só via bacalhau no programa do Chacrinha.
E em preto e branco.
Sic transit gloria mundi
Em 2005, e lá se vão apenas seis anos, o Colo Colo sacudiu a poeira do futebol baiano, ao quebrar uma hegemonia de mais de três décadas da dupla Bahia e Vitória e conquistar o campeonato estadual, vencendo os dois turnos.
Fechou a campanha com um inquestionável triunfo sobre o Vitória, em estádio Barradão, em Salvador.
Parecia estar nascendo ali uma força capaz de rivalizar com os clubes da capital, rompendo a monotonia interminável.
O time voltou a Ilhéus coberto de glórias, desfilou em carro aberto, provocou frisson em toda a cidade até o prefeito de então tirou uma lasquinha da conquista.
“Prefeito pé quente”, bradavam os áulicos, sem se darem conta da fria em que a população havia se metido ao elegê-lo.
Voltemos ao ludopédio, que da política e da politicagem outros escribas se incumbem com maior zelo, pompa e circunstância.
O que parecia ser a porta da glória eterna transformou-se numa espécie de maldição.
O título de campeão baiano de 2005, que parecia o passaporte com visto permanente para a elite do futebol, tornou-se um peso maior do que o Colo Colo poderia suportar.
Difícil não é chegar ao topo, difícil é manter-se no topo, diz a arte da guerra e da vida.
A obrigação de manter-se no topo pesou como uma adaga sobre a cabeça do Leão do Sul, pomposo nome dado ao esquadrão ilheeense.
E entre crises, explosões de egos inflados, contratações equivocadas, falta de recursos, veio a tormenta , o mar bravio.
De candidato ao título em 2006, o Colo Colo passou a coadjuvante em 2007 e 2008 e a partir de 2009 passou a lutar, não pela glória, mas contra o escárnio do rebaixamento para a 2ª. Divisão.
Que, finalmente, se consumou de forma inexorável em 2011, após uma campanha medíocre, em que conseguiu a proeza de ficar atrás de timecos marca bufa, num campeonato que, salvo um ou outro jogo, tem se revelado um pântano de mediocridade.
Passageira, quão passageira foi a glória do efemeramente glorioso Colo Colo, mergulhado na cova dos leões desterrados, condenado que está a disputar a ainda mais pantanosa e medíocre 2ª. Divisão em 2012, essa terra de ninguém do futebol.
Que sirva de lição.
Não apenas no futebol, é de bom alvitre que se escreva.
Várias andorinhas fazem uma cidade melhor
É clássica a história da andorinha, que em meio a um infernal incêndio na floresta vai seguidas vezes ao rio, enche o bico de água e tenta apagar o fogaréu.
Ao notar a cena inusitada, a raposa faz troça da pobre andorinha:
-Você acredita mesmo que pode apagar o incêndio com esse pinguinho de água?
E a andorinha responde, despejando gotas de sabedoria:
-Pelo menos estou fazendo a minha parte.
Fazer a nossa parte. Talvez esteja faltando à maioria dos nossos cidadãos o chamado “espírito de andorinha”.
Somos useiros e vezeiros em reclamar, sem uma boa dose de razão, da ineficiência do poder público, do descaso com a saúde, do abandono dos bairros, da falta de projetos para os jovens, do transporte coletivo capenga e caro e do inchaço da máquina administrativa por conta dessa praga que é o apadrinhamento político.
Essas mazelas fazem parte da realidade da cidade e não podem nem devem ser mascaradas. Itabuna esta longe de ser a cidade com a qual todos nós sonhamos.
Mas, que tal se além das reclamações justas e habituais, começássemos a fazer a nossa parte.
E a parte que nos toca nessa floresta em chamas é simples, mas de efeitos práticos caso não se resuma a uma ou duas pessoas, mas faça parte de um envolvimento coletivo.
Reclamamos da coleta de lixo, mas quantas vezes não depositamos o lixo em horários diferentes do que o carro passa ou simplesmente jogamos o lixo na rua, terrenos baldios e, pior, às margens do já castigado Rio Cachoeira?
Deixamos o entulho se acumular em vias públicas, transformamos a nossa principal via comercial, a avenida do Cinqüentenário em depósito de lixo e nem nos damos ao trabalho de retirar o mato que eventualmente cresce em nossas calçadas.
Gastamos milhares de litros de água lavando o carro e a calçada, enquanto o produto falta nos bairros mais carentes.
E o que dizer da dengue? Por mais que existam campanhas educativas e por mais riscos de morte que a doença ofereça, deixamos de lado cuidados básicos como tampar as caixas dágua, esvaziar garrafas e outros recipientes, descartar pneus velhos que acumulam água e usar areia nos bairros.
A dengue é o exemplo clássico dessa mania de jogar nas costas do poder público todas as responsabilidades, quando nós, ainda que modestamente, podemos fazer a nossa parte.
Uma andorinha só não faz verão nem apaga o incêndio na floresta.
Várias andorinhas cidadãs podem fazer uma cidade melhor.
CHORO DE UM PAÍS
O assassinato de 12 crianças no Rio de Janeiro, cometidos por um misto de fanático e desiquilibrado, nos enche de dor, tristeza, indigação.
O choro de um país é também o lamento pela facilidade com que qualquer pessoa pode
adquirir uma arma, seja de forma legal ou ilegal.
Tragédia, uma grande tragédia.
CHORO DE MÃE
Dona Veridiana Gomes dos Santos, 57 anos. Evangélica.
Mãe de Jederson Santos Souza, 29 anos. Desempregado. Assassinado com vários tiros
na cabeça por volta das 7 horas da manhã, na movimentada entrada do Pontalzinho.
A foto traduz o desespero da mãe que perde o filho.
O choro e as palavras de dor indescritível, que a foto apenas sugere, ainda ressoam
nos ouvidos desse blogueiro.
Até quando, senhores, até quando?
“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”. Che Guevara
O que você faria se num final de tarde sombria, naquela imensidão de solidão coletiva que é a capital paulista, durante a visita ao túmulo de um parente num cemitério praticamente vazio, presenciasse dois policiais militares assassinando friamente uma pessoa algemada e sem condições de sem defender?
Conhecendo o modus operandi da polícia brasileira e sua clássica versão ´o marginal foi baleado e veio à óbito após reagir à ordem de prisão e trocar tiros com os homens da lei´, é bem provável que você tratasse de deixar o local o mais rápido possível, rezando para não ser visto e fazer companhia ao recém-assassinado e ao parente ora visitado e pranteado.
Fez o certo, diriam os amigos, ao tomar conhecimento da aventura quase transformada em desventura.
Fez o certo dirão todos aqueles que sabem que diante da violência extrema e do rompimento freqüente dessa linha cada vez mais tênue que separa uma parcela (pequena é verdade) da polícia da bandidagem, o melhor a fazer é se omitir.
Se possível, apagar da mente o testemunho daquele assassinato, como se ele não fosse real, mas uma aparição fantasmagórica, num cemitério de almas penadas e vidas friamente penalizadas.
Há, entretando, os que, desafiando a lógica e o bom senso, são capazes de tremer de indignação quando presenciam o que consideram uma injustiça.
Foi o que fez uma moradora de Ferraz de Vasconcelos, na periferia da Grande São Paulo, que ao presenciar o assassinato de um jovem dentro de um cemitério, ligou para o telefone de emergência da PM, o 190, e narrou, ao vivo, a execução:
– A Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui próximo à sepultura do meu pai.
Em seguida, passa o prefixo da viatura policial e, ainda com o fone ligado, num gesto temerário aborda um dos policiais, que diz que apenas está prestando socorro. “É mentira. É mentira, senhor. É mentira. Eu sei bem o que ele fez”, diz a mulher ao atendente do 190. Além da extrema coragem, a ligação provavelmente evitou que a mulher se tornasse aquilo que no jargão marginal se convencionou chamar de queima de arquivo.
De acordo com o que apurou o comando da PM, o rapaz assassinado tinha passagens pela polícia e trocou tiros com os soldados, sendo atingido na perna e capturado. O procedimento padrão seria levar o bandido a um pronto socorro para receber atendimento e sem seguida ele que pagasse por seus crimes, como determina a lei.
Pelo menos quando se trata da lei que vale para pobres coitados…
Mas, no meio do caminho havia um cemitério, havia a lei não escrita de que bandido bom é bandido morto. E mortos, à exceção do que acreditam os adeptos do espiritismo, não falam.
No meio do caminho havia, também, uma mulher, que está sob proteção e que se tornou um exemplo de anônima coragem, que ao se indignar, não pensou no bandido, mas o ser humano que estava sendo vítima de uma atrocidade.
Lapidar, nesse caso, é a frase do comandante da PM ao se referir ao, digamos, azar dos policiais-assassinos:
-Talvez eles tenham acreditado que não tivesse ninguém. Mas num cemitério, num sábado à tarde, sempre tem alguém chorando por alguém.
Não apenas chorando por alguém, mas reagindo por alguém, como se uma simples ligação telefônica fosse possível tornar o mundo menos brutal e animalesco.