
Por um mundo sem hanseníase
Dr. Humberto Barreto
A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica, causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae.
Acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo, causando lesões decorrentes de processo inflamatório dos nervos periféricos.
Se transmite principalmente pelo contato direto de indivíduos infectados, não tratados, que eliminam os bacilos através das vias aéreas superiores – trato respiratório.
A hanseníase pode infectar indivíduos de todas as idades, de ambos os sexos, mas principalmente os indivíduos adultos. Além disso, as condições socioeconômicas podem contribuir para o desenvolvimento e endemicidade da infecção.
Seu alto poder de causar incapacidade associado ao estigma, impõe à doença uma importância ainda maior, requerendo uma atenção especial e constante para reverter um quadro desolador: o Brasil está entre os 22 países que possuem as mais altas cargas da doença em todo o mundo, ocupando a 2ª posição na detecção de casos novos e detendo 92% do total de casos das Américas.
Por tudo isto, convencionou-se que o primeiro mês do ano seria o mês da conscientização sobre a doença, e as campanhas educativas criadas com esta finalidade, a partir de 2016, consistiriam no JANEIRO ROXO.
Esse evento é importante para que a população tenha mais informações sobre a doença e para que ocorra uma intensificação na busca ativa de doentes, descobrindo novos casos, oportunizando o tratamento precoce e interrompendo a cadeia de transmissão.
Claro que todo dia é dia de combater a hanseníase, mas simbolicamente janeiro é o mês de se falar mais sobre uma doença que carrega tanto estigma, desinformação e complexidade no diagnóstico, além de ser uma oportunidade de combater o desinteresse e a negligência históricos para com as pessoas acometidas pela hanseníase, principalmente por serem indivíduos em situação de vulnerabilidade social, que enfrentam opressões cotidianamente.
Se pudesse resumir, diria que esta é uma luta, e será ganha quando enfim tivermos a doença sob controle, deixando de ser um problema de saúde pública.
No meu entendimento, o controle será alcançado se obtivermos êxitos em três frentes de luta:
1- Na informação à população sobre os sinais iniciais da doença, para que ela possa reconhecê-la ainda em uma fase em que não há contágio e/ou não produziu nenhuma incapacidade física;
2- Na capacitação das esquipes de saúde para que elas possam com facilidade confirmar as suspeitas, instituir de imediato o tratamento e prevenir as incapacidades ou diminuir o prejuízo causado por elas;
3- No comprometimento das autoridades sanitárias, com a garantia de intervenção nos dois itens anteriores, ou seja, utilizar todos os meios disponíveis para divulgação dos modos de apresentação da doença e viabilizar os recursos materiais necessários para o preparo técnico e disponibilidade de pessoal para atender os usuários.
—
O Dr. Humberto Barreto de Jesus é Médico (Faculdade de Medicina da UFBA – Universidade Federal da Bahia), sanitarista (FIOCRUZ – Fundação Instituto Osvaldo Cruz), especialização em Hansenologia (SBH/AMB – Sociedade Brasileira de Hansenologia/Associação Médica Brasileira), mestre em Saúde Coletiva (ISC – Instituto de Saúde Coletiva da UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Muito oportuno divulgar essas informações sobre hanseníase de forma objetiva e clara ao alcance de todos.
Parabéns Humberto por se manter firme na luta por essa causa!
Parabéns Dr.Humberto, pelo excelente trabalho.
Parabéns, Dr. Humberto! Essa luta precisa mesmo de muito investimento em informações que ajudem a diminuir o estigma e aumentem a conscientização da população. O Brasil estar no 2o lugar de novos casos ja é suficiente para termos mais ações de alerta junto às diversas camadas sociais!!!
Olá como é salutar estar apar dessas informações, são muito relevantes no tocante ao conhecimento uma ves que a desinformação vem colaborando para o agravo de uma doença que tem tratamento e cura.
Parabéns professor, ótimo esclarecimento!!