Desde o dia 29 de setembro, o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) participa de missão oficial em Moscou, capital da Rússia. O parlamentar baiano fez parte da comitiva que está na Conferência Parlamentar Internacional Rússia-América Latina, cujo intuito é debater temas para políticas de cooperação internacional entre a região latina e o país euroasiático.

Durante o encontro, o presidente da Rússia Vladimir Putin afirmou em pronunciamento realizado nesta segunda-feira (02/10), último dia do encontro, que “a América Latina teve papel fundamental na política mundial” e disse estar convencido de que “a promoção do diálogo direto entre parlamentos abrirá oportunidades para aprofundar a nossa cooperação e expandi-la através de novas áreas de atividade conjunta”.

Na ocasião, Valmir Assunção teve a oportunidade de protocolar uma manifestação. No discurso, o deputado federal disse que o encontro apontou temas, a exemplo do enfrentamento ao narcotráfico, ao crime organizado e aos crimes ambientais. No entanto, ele reiterou que “considerando a América Latina e a história do povo latino-americano, é fundamental que possamos aprimorar relações de intercâmbio que tratem do enfrentamento à pobreza e à insegurança alimentar”.

 

“Aqui cito o presidente do meu país, Luiz Inácio Lula da Silva, que em recente discurso na Assembleia da Organização Nacional das Nações Unidas (ONU), disse que a fome atinge hoje 735 milhões de seres humanos. Diante desta realidade, é importante que tratemos de mecanismos de combate às desigualdades sociais. Não há dúvidas de que as desigualdades sociais são um entrave a uma plena vivência da democracia”, afirmou.

O deputado baiano ainda destacou as experiências do MST no Brasil como exemplos de relações de cooperação que podem ser construídas com a Rússia.

“O MST entende que a educação é fator primordial para a construção da cidadania. É a partir deste intuito que o MST mantém projetos de cooperação educacional com Cuba, com a formação de médicos. Na Venezuela, sistemas de cooperação agrícola são importantes para a troca de saberes, sementes Crioulas e agroecológicas, mudas que aprimorem alimentos. São exemplos que podemos nos inspirar para que um país do tamanho da Rússia, diante da sua importância política e as relações construídas inclusive na economia, também inclua as boas experiências que surgem da sociedade civil organizada”, disse Assunção.

Leia o discurso na íntegra

Caros participantes do Encontro de Cooperação Parlamentar América Latina – Rússia,

Quero primeiro agradecer a importante iniciativa promovida pelo parlamento Russo, em conjunto com o Governo russo.

Sou Valmir Assunção, parlamentar oriundo do Brasil e do estado da Bahia. Viemos em uma comitiva bastante representativa ao encontro aqui em Moscou, em que pudemos vivenciar debates acerca dos diversos tipos de cooperação que são realizados entre o nosso país e a Rússia.

E que podem ser aprimorados em relações diplomáticas e trocas de experiências que consideramos benéficas a ambos os países e para a América Latina.

Aqui se apontou o enfrentamento do narcotráfico, do crime organizado e dos crimes ambientais.
Aqui se explanou sobre o terrorismo, ainda que na América Latina nós tenhamos um debate muito qualificado para que não se confunda com a ação legítima de protesto de movimentos sociais de caráter democrático. Tratamos com muito afinco sobre crimes cibernéticos.

Destacamos o problema da propagação de fake news, que no Brasil, mesmo com o nosso avançado Marco Civil da Internet, lutamos para que avancemos em legislações de regulação e combate desse mal que tanto prejudica a democracia e a transparência de qualquer processo político.

São temas bastante relevantes, sem dúvidas. No entanto, preciso reiterar que, considerando a América Latina e a história do povo latino-americano, é fundamental que possamos aprimorar relações de intercâmbio que tratem do enfrentamento à pobreza e à insegurança alimentar.

Aqui cito o presidente do meu país, Luiz Inácio Lula da Silva, que em recente discurso na Assembleia da Organização Nacional das Nações Unidas (ONU), disse que a fome atinge hoje 735 milhões de seres humanos.

Diante desta realidade, é importante que tratemos de mecanismos de combate às desigualdades sociais. Não há dúvidas de que as desigualdades sociais são um entrave a uma plena vivência da democracia.

Educação, saúde, acesso à informação de qualidade, moradia digna, alimentação saudável, pela convivência com um meio ambiente preservado são exemplos de temas que orientam o bem-estar de cidadãos e cidadãs em qualquer parte do mundo.

Acredito ainda que as relações aqui construídas entre sociedades políticas para a afirmação democracia e da vida possa ser estendido com a sociedade civil organizada.

Cito como exemplo as belas experiências de intercâmbio e internacionalismo entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil, e países a exemplo de Cuba e Venezuela.

O MST é o maior movimento social da América Latina. Reúne uma militância que luta diuturnamente por reforma agrária e justiça social.

É através da democratização do acesso à terra que há a construção de relações sociais e de produção sustentáveis com a natureza, com a organização do trabalho cooperado e a colheita de alimentos saudáveis voltados para o combate à fome e à pobreza.

Neste grande projeto, o MST entende que a educação é fator primordial para a construção da cidadania.

É a partir deste intuito que o MST mantém projetos de cooperação educacional com Cuba, com a formação de médicos que, após formados, atuam no Brasil em comunidades rurais, ou em regiões mais empobrecidas.

Na Venezuela, sistemas de cooperação agrícola são importantes para a troca de saberes, sementes Crioulas e agroecológicas, mudas que aprimorem alimentos.

São exemplos que podemos nos inspirar para que um país do tamanho da Rússia, diante da sua importância política e as relações construídas inclusive na economia, também inclua as boas experiências que surgem da sociedade civil organizada.

Termino este pronunciamento reiterando a importância de que a América Latina e o Brasil em específico aperfeiçoem cada vez mais o diálogo com a Rússia.

Enquanto parlamentares, vamos contribuir para que o nosso papel de intermediadores políticos possa ajudar nesse processo de cooperação e solidariedade entre os povos.

Muito Obrigado.

Deputado Federal Valmir Assunção
Partido dos Trabalhadores – BRASIL