Daniel Thame

 

Essa quem me contou foi o insuspeito Nestor Amazonas, que freqüentava muito a Rede Manchete, nos tempos em que a TV Cabrália era afiliada à emissora carioca.

 

Adolfo Bloch, já em fase outonal e vendo a televisão sugar todos os recursos do Grupo Manchete (que incluía gráfica, emissoras de rádio e uma revista de variedades/reportagens), andava pelos corredores do suntuoso prédio da tevê, implicando com Deus e o mundo.

 

Certo dia, ao deparar-se com o limpador de vidros com as roupas desalinhadas, não cortou conversa:

 

-Você está demitido, pode passar no departamento  pessoal.

 

O rapaz foi se lamentar com seu chefe imediato, que foi logo dando um jeitinho:

 

-Seu Bloch anda meio estressado. Vá para outro andar e continue trabalhando…

 

Minutos depois, eis que seu Bloch aparece no tal “outro andar” e se repara com o mesmo rapaz limpando os vidros.

 

A cena que se seguiu é de puro nonsense:

 

-Ô meu rapaz, veja se arruma  melhor suas roupas. Eu acabei de demitir um rapaz no andar de cima justamente porque ele estava mal vestido…

 

PS-  Aos interessados na história da ascensão e  ruína do Império dos Bloch, sugiro o livro “Os Irmãos Karamabloch”, de Arnaldo Bloch, editado pela Companhia das Letras.