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Anna Lívia Ribeiro

Se tem uma coisa que eu sempre detestei foi a despedida. Nunca gostei de assistir a um adeus, pior ainda quando eu preciso me despedir.

Você deve estar pensando: quem gosta de despedidas? Acho que ninguém, de fato. Só que algumas pessoas lidam melhor com isso do que outras. Eu estou na lista das que não sabem lidar muito bem.

Despedidas são sempre dolorosas, ainda que necessárias para o seguimento da vida. Alguns ciclos nascem e terminam para que possamos começar tudo outra vez. A despedida do que já cumpriu seu papel faz parte da transformação essencial nas nossas vidas. É assim que seremos melhores do que fomos ontem.

Quando nos despedimos de alguns amores, até parece que vamos morrer aos poucos. O coração fica pequenino, apertado, angustiado. É ou, não é?

A vida é cheia de ciclos. Inícios e fins. Chegadas e partidas. Tudo um dia finda, mesmo sem querer findar. O tempo vai correndo e nos escapando da mão, o mundo, sendo mutável, vai tomando outras formas, seguindo outro rumo, mudando de prumo – as pessoas, consequentemente, também.

É assim quando a pessoa amada, os filhos, os amigos tomam outro caminho, navegando por mares que não conheciam, morando em países que nunca imaginaram, casando, sonhando, partindo. Parece que nunca mais conseguiremos sorrir, nos divertir ou chorar em outro ombro.

Tem gente que vai, tem gente que fica e que faz planos contigo. Tem gente que tem planos e esses ficam pelo meio do caminho porque a vida tomou outro rumo, e aí vem a despedida. Partir e ficar, dizer adeus ou até logo passa a ser rotineiro. Você se torna mais afetivo, mais amoroso e mais emotivo. São tantas despedidas, mas cada uma acontece como se fosse a primeira.

Chegadas e partidas nos fazem mais fortes quando assumimos nossa responsabilidade pelo caminho que traçamos. A vida é doce, ainda que pareça amarga vez ou outra. Quando aproveitamos a doçura do destino para lambuzar tudo sem medo de sujar a roupa, aprendemos que no momento presente é onde tudo acontece.

As chegadas e partidas na minha vida me ensinaram também sobre a importância de encontrar um propósito. São as mudanças, os recomeços, o adeus e o bem-vindo de volta, as idas e vindas que escrevem a nossa história.

Quero apenas desejar boa sorte nessa caminhada, resiliência nas partidas e muita, mas muita gratidão pelas chegadas.

“E assim chegar e partir

São só dois lados da mesma viagem

O trem que chega é o mesmo trem da partida

A hora do encontro é também despedida…“

(Milton Nascimento – Fernando Brant)

 

Anna Lívia Ribeiro é ilheuense, Mãe, Avó, Pedagoga, Especialista em Educação Infantil, Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Graduada em Gestão em Turismo, Agente de Viagens.