:: 6/jul/2019 . 10:04
O nordeste, cabra da peste
Efson Lima
O mês de junho de 2019 chegou ao fim. Para nós baianos e nordestinos é um dos meses – para não ser taxativo – que as tradições ganham fôlego e mostram o quanto temos de identidade. Ontem, quinta-feira, no almoço com colegas de trabalho e à noite, após encontro de grupos de pesquisa sobre direito e literatura, o tema nordeste voltou à mesa. E tinha que voltar, afinal, o povo do sertão com o povo da capital juntos reascendem a fogueira. Na mesa havia um gaúcho, assim, melhor ficou evidenciado o ser nordeste para os baianos. Não é o debate do pior e/ou melhor, apenas, discorrendo sobre o sujeito cultural.
De início, a expressão “cabra da peste” marcante e ligada a nossa gente possui mais de uma versão. Há quem considera que é a expressão é usada referendar o sujeito destemido, mas também pode ser dita em situação de ofensa. Será que no primeiro caso seria a confirmação do registro de Euclides da Cunha em “Os Sertões” onde “o sertanejo antes de tudo é um forte”? No Dicionário do Folclore Brasileiro, Luiz da Câmara Cascudo afirma que “cabra” era como os navegadores portugueses referendavam os índios que “ruminavam o bétel” planta com folhas de mascar. Ao longo do tempo, o animal pode ter sido visto como sinônimo de homem forte em decorrência do leite – percebido mais denso e nutritivo que o da vaca. Há indicativo que a conotação com “peste” surgiu em virtude da má fama da cabra, identificada como sendo simpática ao diabo na tradição nordestina. Lembro que quando criança, falar o termo “peste” merecia uma tapa da minha mãe, pai, tio, irmãos…
Na Bahia, quem ainda não ouviu “Raiz de Todo Bem”, do compositor Saulo Fernandes, cantada na voz do mesmo, que parece um hino para Salvador, identifica a expressão facilmente: “Oxente, ‘cê num ‘tá vendo que a gente é nordeste?/Cabra da peste Sai daí batucador”, mais que um conjunto de palavras é a representação da nossa identidade, dos nossos sentidos e signos. Sou eu e você! Somos nós!
Canto Cultural Paraty homenageia arte naif de Lourdes de Deus
Juraci Masiero Pozzobon
Parabenizo os organizadores Andre e Pedro que tiveram a iniciativa de enriquecer ainda mais a cultura Artnaif, fomentando a interação entre artistas e espectadores na literatura de escritores e poetas, durante a Flip em Paraty, no dia 6 de julho.
Na pequena grande cidade do livro em Paraty, RJ, a maior feira literária do Brasil, mesmo com a internet o livro é a mídia que tem mais credibilidade. Aqueles que amam ler um livro, por que não amar uma nova releitura? Agora em Paraty o público terá a história da literatura de grandes escritores enriquecida com uma exposição de Arte Naif.
Será que lemos exatamente um livro se quer por ano? E se lemos, procuramos a mensagem deixada pelo escritor na história? Assim, todo romance ou poema deve transmitir uma mensagem que vai além de simples palavras, frases, parágrafos num papel branco com início, meio e fim.
A ignorância
Eulina Lavigne
Tenho uma amiga querida que diz que a ignorância é o que há de mais democrático nesse país. E pensando um pouco sobre essa frase, estudando e observando no meu dia a dia as relações humanas quero trazer uma outra possibilidade de pensar sobre a ignorância.
A palavra “ignorante” tem a sua origem no latim, IGNORANTIA, derivada de IGNORARE que significa “não saber”.O não saber, para mim, reforça a crença de que não possuímos o livre arbítrio, pois nos aprisiona e distancia da responsabilidade sobre os nossos atos. Principalmente quando o não saber é decorrente de atos que impedem o livre acesso ao conhecimento.
O não saber me faz acreditar que não sou livre, que Não posso, que Não tenho condições para. Seria isso uma democracia ou uma ditadura disfarçada de democracia? Não sei. Fica aqui o livre pensar.
Na visão esotérica a ignorância ou avidya, é a causa de todos os outros obstáculos. Quando a Alma humana se identifica com o EGO, com o seu corpo físico, emocional, mental, os pensamentos e desejos que cria, impossibilita a ampliação da sua consciência pois, não conhece nada melhor do que aquilo a que se prende e que supostamente sabe.
O desmonte do ProUni
Josias Gomes
O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado durante o governo Lula em 2005, através do Ministério da Educação. Com bolsas de 50% a 100%, teve papel central na inclusão dos alunos de baixa renda no Ensino Superior.
Quando completou uma década de existência, o programa coroava resultados extraordinários. Foram formados em média 430 mil profissionais por ano em todas as áreas do conhecimento, quantia que corresponde quatro vezes o número de formandos nas universidades federais brasileiras.
É importante destacar que 86% dos cursos oferecidos pelo ProUni eram presenciais, tendo 69% de bolsas integrais! O curso feito presencialmente tem inúmeras vantagens e o grau de aprendizado do aluno é muito maior. Sem contar a convivência com professores e alunos, tão importante para as relações interpessoais e no mercado de trabalho.
Depois do Vampiro Temer, o Programa começou a ser desmontado e o Bozo, inimigo número 1 da educação, sentiu o gosto de sangue e aprofunda a sangria. Segundo dados publicados na Folha de São Paulo, em 2015, até 62% das bolsas eram integrais, neste ano o percentual caiu para 45% do total. E o mais preocupante: em 2015, apenas 25% das bolsas integrais eram para cursos EAD (cursos ofertados a distância). Em 2019, o número saltou para 45% e no segundo semestre deste ano, este quadro se agravou e passou a corresponder a 51% das bolsas integrais.
Bettina e Empiricus: breves linhas sobre propaganda enganosa
Débora Spagnol
Nos últimos dias, dispararam os acessos e discussões polêmicas sobre Bettina, uma jovem funcionária da empresa “Empiricus” que, em um vídeo de pouco mais de um minuto, diz que aos vinte e dois anos, acumulou rendimentos de mais de um milhão de reais a partir de investimento de R$ 1.052,00 (1)
Mas, sob a luz do direito do consumidor, é possível afirmar que tal propaganda fere a legislação consumerista ?
É importante que, antes de adentrar ao mérito da propaganda em si, se deixem claros alguns conceitos do Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078/90 (2), que regula as relações de comércio, em negócios realizados entre partes “desiguais”. O código consumerista, em sua essência, contém dispositivos que visam equilibrar a relação entre as partes, eis que ao privilegiar os direitos da parte hipossuficiente (consumidor) permite que os envolvidos na relação negocial possam litigar no mesmo “nível”.
De acordo com o CDC, “consumidor” é “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Também “equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo” (“caput” e § único do art. 2º, cumulado com os artigos 17 e 29, do Códex consumerista). Porém como consumidores também podem ser considerados os clientes em potencial: pessoas que viram determinado anúncio e talvez se interessem pelo produto. Mesmo que não tenham adquirido o produto, tais pessoas podem ser consideradas vítimas em eventual processo contra a empresa anunciante, em caso de propaganda enganosa ou falsa.
De forma resumida, o direito do consumidor tem como princípios básicos a boa-fé objetiva, a aparência, a transparência e a confiança. Na prática, portanto, isso significa que a palavra do fornecedor (na oferta, por exemplo) tem mais força do que o contrato que acompanha a venda, já que todos os elementos que constituem a oferta passam a integrar o negócio. Isso fica claro da leitura do art. 30, do CDC: “Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado”. (4)
Logo a oferta tem como característica marcante a informação acerca do preço e condições dos produtos e serviços, ou seja: o valor correspondente do produto ou serviço prestado e suas formas de aquisição, pagamento, financiamento, entre outros.
TicoMia confirma tradição de maior festa de forró do São João da Bahia
Zé Carlinhos
A festa de forró Ticomia, realizada há 32 anos na Fazenda Eldorado, em Ibicuí, confirmou mais uma vez o seu sucesso no São João da Bahia. O tradicional evento superou as expectativas e atraiu este ano, no dia 22 de junho, milhares de pessoas que se divertiram freneticamente ao som das bandas de Peruanno, Saia Rodada, Flávio José, Luan Estilizado, Léo Fera & Banda Forrozão, Márcia Fellipe, Lordão e Mano Walter.
Animadas, as pessoas começaram a chegar à fazenda por volta do meio-dia, momento em que todos os serviços de comidas e bebidas já estavam à disposição dos forrozeiros. O clima de alegria permaneceu durante toda a festa, que transcorreu até às 23 horas. Na opinião de Douradinho, criador do evento, um dos pontos altos do Ticomia é a fidelidade ao ritmo musical. “O forró é uma expressão nordestina, uma expressão que toca no coração da gente, então, ele vai estar sempre aqui.”
O cantor Peruanno, ex-integrante da banda Cavaleiros do Forró, foi quem primeiro se apresentou no palco do Ticomia 2019. Em seguida, a banda Saia Rodada com o vocalista Raí Soares incendiou o público com seus sucessos. Logo após, a sanfona de Flávio José fortaleceu ainda mais o clima junino da festa. Dona Silvia Teixeira, residente em Eunápolis, chegou até o backstage do evento para ver o artista Flávio José. Após fazer uma foto com ele, expressou entusiasmada: “Vim de Eunápolis para ver Flávio José, minha paixão. Eu adoro, amo de paixão. Vim pra pedir a ele para cantar “Caboclo Sonhador””.
Flávio José disse que se sentiu muito honrado em ser lembrado “pra estar neste palco de 30 anos de tradição e muito sucesso. Pra mim é maravilhoso, fico muito agradecido.” Ele ressaltou a opção da festa pelo forró. “A música nordestina, de qualquer maneira, sofre uma série de discriminação, mas a gente está com uma missão que Deus deu pra gente e como discípulo de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, e nordestino, continuo fazendo a minha parte”, sentenciou.
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