:: 10/ago/2009 . 18:14
Até breve ou até nunca mais?
“O anel que tu me deste era vidro e se quebrou/o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou”.
E cada um mandou o outro plantar batatas, embora deixando um pequeno espaço, exíguo e improvável espaço, para que voltem a dividir a mesma colheita.
A atividade política, como se sabe, está longe parecer uma canção de ninar. Ao contrário, há momentos em que é melhor deixar as crianças bem longe, com seus ouvidos ainda ingênuos.
Mas, como era previsível, a aliança que era de vidro e não de um metal nobre se quebrou. O amor, se é que houve, era pouco e se findou.
Sem a candura dos contos de fada, sem a doce sonoridade das canções de ninar, acabou-se a aliança entre o PT e o PMDB, estratégica para vencer as eleições na Bahia e por fim a duas décadas de domínio carlista, mas que não conseguiu resistir às disputas pelo poder, ao desejo que cada partido tem de comandar a máquina administrativa.
A eleição de Jaques Wagner, nas circunstâncias históricas em que se deu, o colocou como candidato natural a reeleição. Um fato consumado.
Faltou combinar com o PMDB, que apesar de ter ficado com um naco importante -e justo- do governo estadual, nunca de contentou com o papel de coadjuvante.
Ao longo dessa convivência nem sempre harmoniosa, foram inúmeras as vezes em que o cacique peemedebista Geddel Vieira Lima se colocou, pela própria voz ou através de seus aliados, como candidato à sucessão de Wagner. Como se fosse possível haver dois candidatos dentro de um mesmo governo!
Jaques Wagner, republicano e conciliador ao extremo, fez ouvidos de mercador a incontáveis provocações dos peemedebistas, algumas delas resvalando para a baixaria, exemplo de umas pretensas palmadas sugeridas pelo presidente estadual do partido.
Republicano, conciliador, mas não covarde nem insensível, o governador, que não é dado à verborragia, reagiu com dureza, condenou a postura dos pretensos aliados e exigiu uma definição do PMDB: ou ficava no governo, ou saia (entenda-se por “saia”: entregar os cargos).
Depois de tanta provocação, das ocasiões em que se dispôs a sair do barco governista, a postura dura de Wagner só deixava duas alternativas: baixar a guarda e buscar uma composição em que Geddel disputaria o Senado ou entregar os cargos e romper com o PT.
Produziu-se a ruptura anunciada, tão previsível como o nascer e o por do sol.
Produziu-se também uma troca de farpas, uma sucessão de labaredas que os raros bombeiros de lado a lado ainda tentam apagar, ainda acreditando que PT e PMDB possam estar juntos num eventual segundo turno nas eleições governamentais de 2010.
Difícil? Impossível?
Só o tempo dirá.
O tempo, as pesquisas eleitorais, o cenário político em 2010…
O encanto, definitivamente, se quebrou, mas em política quando se acha que já viu tudo, sempre há algo para ver.
E o casa separa, casa de novo, o bate afaga, afaga e bate não são propriamente uma raridade nesse negócio em que vão se os anéis, ficam os dedos e às vezes entrega-se as duas mãos para recuperar os anéis.
Em que nem toda a nudez é castigada e até as mais escandalosas das traições são perdoadas, quando não ignoradas.
NOTA AO POVO BAIANO
Diante da possibilidade de eclosão de movimento entre policiais militares capaz de comprometer a qualidade e a eficiência dos serviços de segurança pública, o Governo da Bahia, através do Comando-Geral da PM vem esclarecer:
1. Foram tomadas todas as medidas necessárias para assegurar a tranqüilidade da população, tanto em Salvador como no interior.
2. O processo de negociação já iniciado somente continuará com a manutenção das atividades regulares.
3. A eventual interrupção dos serviços essenciais de segurança pública caracteriza movimento paredista explicitamente vedado a servidores militares, configurando quebra da hierarquia e da disciplina.
4. O Comando-Geral reafirma sua disposição em favor do diálogo e seu empenho para encontrar soluções que contemplem as necessidades da categoria e estejam ao alcance do Estado.
5. Por fim, o Comando-Geral da Polícia Militar da Bahia conclama todos os policiais militares a permanecerem em suas atividades para proteger a população, cumprindo sua missão constitucional.
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