:: ‘Walmir Rosário’
Americano, um craque que não gostava de futebol
Walmir Rosário
O itajuipense Arnaldo Santos de Carvalho detestava futebol. Ele gostava mesmo era de basquetebol e voleibol. O problema era que todos os seus amigos ilheenses viviam o futebol e Arnaldo teve que tomar uma decisão: Ou se isolaria dos amigos ou aderiria ao famoso esporte bretão, que encantou e encanta os brasileiros. Resultado, optou pelo futebol, ao qual se dedicou por longos 30 anos, como jogador e treinador.
Você não se lembra do Arnaldo? Claro que conhece! Arnaldo era quando detestava o esporte querido dos brasileiros. Mas, com certeza, quando falamos de futebol em Ilhéus, Itabuna e até Salvador, todos lembrarão de Americano, zagueiro e meio-campista. Fora das quatro linhas foi treinador do Ilhéus Esporte Clube, já num período conturbado do futebol profissional do Sul da Bahia.
Um craque que reunia todas as boas qualidades técnicas e físicas. Esse era o Americano, que realizava seu trabalho com bastante seriedade, daí ser considerado um líder nato nos clubes pelos quais passou. Desde cedo não gostava muito de treinar, o que passou a fazer com afinco para melhorar seu rendimento dentro de campo e demostrar aos colegas a necessidade de se tornar um profissional exemplar.
Filosoficamente pensando… isso não vai dar certo

Aniversário do Almirante Nélson
Walmir Rosário
Há cerca de um mês (não me lembro bem) me encontrava em casa astuciando uma forma de reunir os velhinhos da Confraria d’O Berimbau e do Clube dos Rolas Cansadas para um vesperal no bar e restaurante Mac Vita, em Canavieiras, quando recebo uma mensagem de Trajano Filho, pelo WhatsApp: “Se preparem, neste sábado, Nélson Barbosa faz questão de comemorar seus 76 anos com uma deliciosa rabada, no Mac Vita”.
De imediato, pensei: Todos os meus problemas acabaram. Mas foi aí que minha cabeça rodou e pensamentos dos mais diversos atordoaram minha mente. Pelos meus cálculos, já participei de pelo menos umas quatro comemorações dos 76 anos de Nélson, ou estaria enganado? Pelo sim, pelo não, achei uma questão irrelevante, por terem as festas dignas do aniversariante, mesmo que repetidas.
Para quem não sabe, o conhecido e nomeado Almirante Nélson, pessoa pacata que voltou a Canavieiras para gozar da sua merecida aposentadoria no Derba, não tem ideia das artes e manhas deste sossegado senhor. Basta uma volta ao tempo, e na história de Arembepe, para conhecermos do que é capaz nosso ínclito personagem. No final da década de 1960 e início dos anos 1970, Nélson Barbosa, ou Nélson Amarelão, como era conhecido, ouviu falar do “paraíso dos hippies” e resolveu mudar-se de mala e cuia para o pedaço, mesmo sem ter qualquer ligação com a dita filosofia.
João França Santana, um exemplo de político
Walmir Rosário
A sabedoria popular diz – com acerto – que a cada legislatura municipal, os eleitores terão saudades da bancada anterior. De minha parte, juro que não encontro base científica para tal assertiva, mas sou obrigado a dar o braço a torcer. Antes que me tomem como ressentido, vou logo avisando que nada tenho contra os senhores edis com assento nas câmaras municipais por este Brasil afora.
Como dizem que a voz do povo é a voz de Deus, sou impelido a aceitar a sabedoria popular, mormente quando as mídias sociais deixam claro e transparente atos e fatos da vida pública de um vereador. E tomo por base os cinco mandatos do vereador itabunense João França Santana, em tempos idos, o que me dá total garantia da tese elaborada por anos pelo povão de Deus, que conhece como ninguém a política e os políticos.
Pra início de conversa, considero uma das eleições mais difíceis do poder legislativo a do vereador, haja vista a ampla e próxima base de eleitores, formada, na essência, por amigos. E aí é que a porca torce o rabo, pois essa base se torna fácil de ser minada, pois os amigos são os mesmos de mais da metade dos candidatos a vereador. E estou dizendo isso levando em consideração a Itabuna dos anos 1950/60 e 70 do século passado.
E são exatamente esses vereadores do passado os eternos lembrados por terem deixado marcas positivas em seus mandatos. Em Itabuna, políticos do naipe de José Soares Pinheiro, Paulo Ribeiro, Raimundo Lima, Pedro Lemos, Mário César, Plínio de Almeida, Titio Brandão, o próprio João França Santana, e mais recente Edmundo Dourado, Orlando Cardoso, José Japiassú, João Xavier, são vistos como referência positiva.
Os dois anos do sumiço de Tyrone Perrucho
Walmir Rosário
Na tarde de ontem (quarta-feira, 11 de janeiro), pasmem os senhores e senhoras, eu me encontrava no bar Mac Vita, como um simples expectador, assistindo a meus amigos Batista e Walter Júnior beberem um litrão de Coca Cola. Confesso que me sentia incomodado, haja vista considerar uma profanação de um dos botecos de memoráveis histórias festivas de Canavieiras, sede ocasional da Confraria d’O Berimbau e da Clube dos Rolas Cansadas.
Eis que de repente um carro dá uma parada e ouço algumas perguntas: Quem foi o melhor ponta-esquerda de Itabuna? E o melhor zagueiro? Respondo que Fernando Riela e Ronaldo Dantas, Piaba, dentre outros. E aí reconheço o autor das perguntas, o engenheiro agrônomo e advogado João Geraldo, que faz nova pergunta: “E quem mais desfrutou das noites e madrugadas de Canavieiras?”. E ele mesmo responde: “Tyrone Perrucho”.
João Geraldo segue caminho e nós continuamos nossa amena conversa tendo como testemunha um litrão de Coca Cola, embora, de antemão, confesso que não bebi. Na manhã desta quinta-feira recebo, via whatsapp, uma foto de Tyrone Perrucho, enviada por Alberto Fiscal. Já Raimundo Ribeiro, direto do Belém do Pará, responde presente na chamada. Foi aí que caiu a ficha: hoje é o segundo aniversário sem Tyrone Perrucho.
Tyrone era uma pessoa que se destacava por suas diferenças. Na foto acima, aparece ele como se estivesse saindo de uma epopeia de natação, após atravessar um braço de mar, cruzar de uma margem a outra de um rio. Que nada, era simplesmente uma foto para a sua gloriosa coleção. O dito cujo sequer sabia nadar; até que tentou, mas o professor gentilmente solicitou que ele buscasse algo mais parecido com suas habilidades.
Com que roupa eu vou, esse é meu dilema
Walmir Rosário
Todo fim de ano me embaraço com o dilema da escolha da roupa que vestirei no Réveillon, seja num evento externo, que merece uma apresentação de razoável para cima, ou em casa, quando não chega a tanto, mas nem por isso tampouco. Pra começo de conversa, não sou daqueles que sabe a combinação ideal das peças de roupas, como os desenhos verticais e horizontais, as cores dissonantes, e por aí afora.
É sempre assim! Por mais que tente, não consigo me conscientizar suficientemente sobre a harmonia de cores e tons, muito menos as mais apropriadas para cada ocasião. É uma lástima! Mas nem me incomodo, embora não posso dizer o mesmo em relação ao que pensa a minha mulher, sempre a dar pitacos sobre o caimento e as disparidades. Não adianta, não consigo fazer essas aulas entrarem em minha cabeça.
Se hoje incorro, constantemente, nos mesmos erros, com um guarda-roupas pra lá de sóbrio, imaginem no século passado, a partir das décadas de 1960/70 e mais um pouco, com as roupas extravagantes que ditavam a moda. Ainda lembro das camisas estampadas, nas quais as cores fortes formavam desenhos de caracóis e outras figuras fractais, bastantes chamativas.
É Natal, tempo de bondade e esperança
Walmir Rosário
O mundo cristão comemora ao final de cada ano o nascimento de Jesus Cristo. Neste período as pessoas se transformam e os corações transbordam felicidade, bondade e esperança, e porque não dizer caridade. Bom, esse é o sentimento interno que sente cada pessoa, cada família, cada grupo, cada sociedade. Mesmo que não sejam católicos, melhor dizendo, cristãos, esse sentimento aflora, desabrocha.
Mas como nem tudo é perfeito – ou, pelo menos, unânime –, alguns grupos sociais não têm esse mesmo sentimento, pois algumas das muitas denominações de religiões cristãs simplesmente desconhecem o calendário, como dizem eles, forjado pela Igreja Católica. Já entre agnósticos e ateus, o Natal é visto por muitos como um tempo de comemoração entre família, apenas por tradição. E as festividades atravessam os anos, milênios.
Seria muito bom que o sentimento natalino se perpetuasse per omnia saecula saeculorum. Bom mesmo seria que se estendesse por todos os dias do ano, propiciando uma sociedade mais justa, mais humana. Sim, pois cada ser humano que vem ao mundo tem direito a ser feliz em sua plenitude. Nada mais justo, embora a felicidade tenha que ser sonhada, buscada por cada um de nós.
Jurimar, prefeito de Itabuna sem um único voto
Walmir Rosário
Nos anos 1986/87/88 eu trabalhava na Divisão de Comunicação da Ceplac, a conceituada Dicom, que passava por uma das suas muitas crises, com o orçamento sempre contingenciado, apesar do descobrimento da vassoura de bruxa no Sul da Bahia. Sem recursos, reduziu o horário de expediente para meio turno, o que facilitou nosso segundo emprego em assessorias e veículos de comunicação de Itabuna.
Eu dividia meu trabalho entre a Ceplac e a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Itabuna, quando fui procurado por um amigo e colega ceplaqueano, o engenheiro agrônomo Jurimar Rebouças Dantas, para uma conversa. É que ele tinha sido convidado pela segunda vez para assumir a secretaria municipal da Agricultura e queria informações para decidir se aceitaria o cargo.
Nossa conversa foi bem positiva e disse que o cargo seria talhado para ele e, se não se acostumasse com o comportamento político, voltaria à função de extensionista, sem qualquer prejuízo. Analisou tudo com serenidade e me respondeu com sinceridade: “É, já fui convidado para o cargo pela segunda vez, e caso não aceite, daqui pra frente não serei convidado nem para participar de enterros”.
“As doces vitórias”, o novo livro de Tasso Castro
Walmir Rosário
“Torcer para o Fluminense é uma maneira de você olhar para o seu vizinho e dizer: “Sou melhor que ele”. Esta é uma das tantas frases famosas escritas e ditas pelo jornalista, escritor e dramaturgo Nélson Rodrigues, sobre o tricolor das Laranjeiras, que se aplica muito bem a Tasso Castro, que lança agora o seu quinto livro sobre futebol: As doces vitórias. Não tenha dúvida, todas do Fluminense.
O livro é uma homenagem simbólica ao eterno tricolor Nélson Rodrigues, com a orelha escrita por Fábio Lopes, o prefácio de Marcos Bandeira, posfácio de Luiz Luna e um artigo de Zé Roberto, ponteiro-esquerdo que brilhou no Fluminense e que hoje desempenha o ofício de escritor. O livro estará à disposição dos aficionados futebolistas de Itabuna – em primeira mão – dentro de poucos dias.
Em “As doces vitórias”, Tasso Castro apresenta 30 conquistas distintas do Fluminense, a partir dos anos 1960, as quais ouviu pelo rádio, viu pela TV ou as assistiu nos estádios, ao lado da torcida tricolor. E nesse trabalho ele apresenta recortes dos jornais da época, com a intenção de dar mais intensidade aos relatos. No final do livro, disponibilizou páginas para que os tricolores divulguem a sua paixão, lembrando vitórias inesquecíveis. :: LEIA MAIS »
João Xavier, até hoje à beira do gramado
Walmir Rosário
Como todo o menino nascido nas décadas de 1940 e 50, João Xavier cresceu jogando babas nos muitos campinhos de Itapetinga, e desde cedo demonstrava sua intimidade com a bola. Àquela época o futebol era visto como uma brincadeira, mas diversas famílias não queriam, em hipótese alguma, que seus filhos seguissem a carreira futebolística, vista como uma coisa sem futuro. Coisa de moleques, embora isso tenha mudado com o passar dos anos.
E o menino João Xavier cresceu ouvindo esse mantra, no qual não acreditava e dava suas escapadas do pai para jogar futebol. Com um físico leve, bom de gingado, se tornou um maestro no meio de campo, sendo um dos primeiros a ser escolhido nos jogos do bairro. Daí para os times de camisa foi natural. Se não poderia se mostrar como jogador de futebol em Itapetinga, foi jogar na vizinha cidade de Macarani.
Mas como as notícias correm, e com muita velocidade, Xavier recebe o ultimato do pai para parar, de uma vez por todas, de jogar futebol. Naqueles velhos tempos não era costume o filho desobedecer ao pai, mas que Xavier aplicou uns dois dribles desconcertantes no velho, não restam dúvidas. Mas nada de grave que alguma religião pudesse recriminar como um pecado. Pelo contrário, todos sabem que esporte é saúde.
A chocante matéria das urnas funerárias de isopor
Walmir Rosário
Estávamos em setembro de 1999. À época, entre outras atividades, eu exercia o cargo de assessor de comunicação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabuna, uma instituição até hoje bastante ativa no setor econômico e social. Semanalmente, publicávamos um tabloide, de nome Momento Empresarial, com 12 páginas, encartado no jornal Agora, de bastante sucesso, e volta e meia nossa matéria de capa se tornava a principal manchete do Agora.
Na semana de 11 a 17 de setembro de 1999, a bendita capa apresentava a seguinte manchete: “Urnas funerárias fabricadas em isopor”. Celeuma é pouco para o fuzuê criado na cidade. E a confusão se iniciou ainda na elaboração da matéria, o que garantia o sucesso da publicação. Eu era o editor, redator, repórter, editorialista, articulista, produtor e mais que houvesse de necessidade na produção do jornal.
Imaginem, então o sufoco que passei desde a elaboração até a circulação do Momento Empresarial. E fiz tudo dentro da conformidade dos manuais da técnica e ética do jornalismo, com todos os detalhes. Um título decente, uma reportagem que ouviu todos os principais interessados, matéria principal equilibrada, secundária com sustentação científica e destaques. O grande problema era apresentar o simples isopor para substituir as tradicionais urnas de madeira.
O assunto chegou a meu conhecimento numas das concorridas reuniões de quintas-feiras da CDL, na qual o empresário Mauro Horta apresentou a novidade que prometia transformar Itabuna na primeira sede dessa inusitada indústria. Garantiu que com a tecnologia existente, a urna (caixão) de madeira seria substituída por outra, esta produzida a partir da espuma de poliestireno, conhecido popularmente como isopor.