:: ‘Noite da Beleza Negra’
Estado autoriza processo de patrimonialização da Beleza Negra; concurso se tornará bem cultural imaterial
A beleza das cores e brilho que vestem mulheres negras como rainhas no dia que marca a 43ª Noite da Beleza Negra, realizada pelo Bloco Ilê Aiyê, neste sábado (13), deu início às celebrações oficiais de 50 anos do bloco afro na Bahia. O governador Jerônimo Rodrigues foi ao evento, acompanhado do vice-governador Geraldo Júnior e de secretários de estado, que aconteceu na sede da entidade, no Curuzu, e prestigiou Larissa Valéria Sá Sacramento, consagrada ‘Deusa do Ébano’ de 2024. Ela recebeu a faixa de Dalila dos Santos Oliveira, Deusa de 2023.
Ainda no evento, a Noite da Beleza Negra teve autorizado o processo de patrimonialização como bem cultural imaterial do estado da Bahia, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), em parceria com Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi).
“Esse concurso traz a elevação da estima das mulheres negras, não apenas pela exaltação da beleza, mas também pela inteligência e cultura ancestral, força e sensibilidade. Por isso, iniciamos o movimento de patrimonializar essa festa. É um reconhecimento do Estado, é uma dívida social com esta instituição pioneira. Parabéns ao Ilê, às 15 concorrentes que chegaram a essa final, a coordenação dessa estrutura grandiosa. Parabéns especial às três primeiras e à campeã, a Deusa do Ébano”, disse Jerônimo.
Além de ser porta-voz do Ilê Aiyê no Carnaval de 2024, a Deusa do Ébano acompanhará o bloco em shows nacionais e internacionais até o próximo ano. Os jurados avaliaram estética, dança e conhecimento das candidatas sobre ancestralidade negra. No segundo e terceiro lugar ficaram Lorena Xavier Silveira Bispo e Caroline Xavier de Almeida, respectivamente.
O concurso, assim como a própria construção do Bloco Ilê Aiyê, saiu na frente na luta antirracista na década de 70, em Salvador. A exaltação à beleza das mulheres negras foi uma forma de aproximá-las da memória de rainhas africanas, no lugar da imagem da pessoa escravizada, e retomar uma cultura de valorização da estética negra que havia sido apagada pelo pensamento colonial europeu.
Ancestralidade e ousadia
“O Ilê é este grande referencial de bloco afro para o mundo. Podemos defini-lo com duas palavras: ancestralidade e ousadia. Porque foi ousado colocar a presença negra num Carnaval que era completamente embranquecido, foi ousado denunciar o racismo num contexto onde a gente vivia a ditadura militar, e é ousado permanecer existindo ao longo de cinco décadas, formando gerações”, declarou a titular da Sepromi, Ângela Guimarães.
A noite em celebração também aos 50 anos do bloco afro, teve o tema do Carnaval de 2024 ‘Vovô e Popó, com a benção de Mãe Hilda Jitolu. A invenção do Bloco Afro. Ah, se não fosse o Ilê Aiyê!’ e apresentações de Ellen Oléria, Band’Aiyê, Carlinhos Brown e Russo Passapusso.
Para o vice-governador e coordenador do Carnaval da Bahia 2024, Geraldo Júnior, ao longo dos seus 50 anos, o Ilê é sinônimo de força e de resistência. “Digo sempre que a Bahia é um mosaico cultural dos movimentos sociais e um dia como esse hoje representa a força das mulheres, da mulher preta, mas acima de tudo, um sinal de reflexão para o país e para o mundo. Viva a noite da mulher negra!”.
Apoio e transmissão para todo Brasil
O Secretário da Cultura, Bruno Monteiro, ressaltou que o conjunto da obra do Ilê e da Beleza Negra são altamente relevantes para a construção da cultura afro contemporânea brasileira, não apenas baiana. “É por isso que o Governo do Estado está aqui presente, apoiamos com 400 mil reais a realização deste evento da Noite da Beleza Negra e também com toda a cobertura da TV pública do Estado, a TVE. E estamos juntos também com o Programa Ouro Negro, que este ano conta com o maior investimento da história na valorização dos blocos afro, que serão o tema do nosso Carnaval este ano”.
O evento foi transmitido para todo país, na TV Brasil e através do canal do Youtube da TVE Bahia (/tvebahia). As redes sociais da emissora pública também repercutiram os bastidores do evento, com mediação da apresentadora Vânia Dias.
Noite da Beleza Negra ao vivo na TVE e nas redes sociai
A TVE vai exibir ao vivo, neste sábado (08), mais uma edição da ‘Noite da Beleza Negra’. A partir das 21h, direto da Senzala do Barro Preto, no Curuzu, o maior concurso de beleza e exaltação da mulher negra no Brasil vai eleger a Deusa do Ébano (Rainha do Ilê Aiyê) 2020. A festa terá como anfitriã a Band’Aiyê e vai contar com a participação das cantoras baianas Nara Couto, Patrícia Gomes, Graça Onasilê, Márcia Short e Daniela Mercury.
O evento, que antecede o carnaval, leva ao público todo encanto da mulher negra para resgatar e elevar a sua autoestima. A Deusa do Ébano tem papel de destaque durante todo o carnaval e desfila nos circuitos da folia representando o Ilê Aiyê em eventos e em viagens e turnês no Brasil e no mundo.
A TVE é, tradicionalmente, a única emissora a transmitir a Noite da Beleza Negra, e completa neste sábado, 13 anos de exibição. Os internautas poderão acompanhar as apresentações em tempo real pelo Facebook oficial da emissora (/tvebahia), pelo twitter (/tvebahia), pelo YouTube (/tvebahia) e no Portal www.tve.ba.gov.br/tveonline. Os bastidores do evento também serão transmitidos na página do Instagram da TVE.
Rui Costa: “Ilê é paz e harmonia”
O governador Rui Costa participou na noite de sábado (24) da 36ª edição da Noite da Beleza Negra, em que acontece o concurso do Ilê Aiyê para eleger a ‘Deusa do Ébano’ – a rainha do bloco afro que vai participar do Carnaval e eventos de 2015. A festa realizada na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, em Salvador, tem patrocínio do Governo da Bahia e governo federal.
Rui Costa destacou a importância do evento para a afirmação da cultura negra. “O Ilê é um símbolo da Liberdade e da Bahia. A Noite da Beleza Negra é sempre um marco que antecede o nosso Carnaval e é importante para a afirmação da mulher negra, tão fundamental para a história do Brasil”. A edição deste ano homenageia mulheres negras como a atriz Zezé Mota, a sambista Dona Ivone Lara e a sacerdotisa e líder religiosa do Ilê Aiyê, Mãe Hilda.
As 15 finalistas foram selecionadas entre 60 candidatas inscritas. Após serem apresentadas ao público em desfile virtual, elas demonstraram a beleza e desenvoltura com vestimentas e dança afro. Além da escolha da ‘Deusa do Ébano’, o público da Senzala do Barro Preto assiste shows da Banda Aiyê, do cantor baiano Lazzo Matumbi e do jamaicano Dr. Norris Weir.
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