:: ‘Mandela’
Carta aberta ao presidente Lula
“A liberdade o aguarda, assim como o esquecimento aguarda seus algozes”
Por Josias Gomes*
“Vendo o sol a brilhar no céu celeste
No impacto da seca cruciante
Já não posso apelar pros governantes que não lembram do Nordeste
Michel Temer roubando feito a peste
Aumentando o petróleo e a energia
Cortou o tempo da aposentadoria, toda minha esperança se consome
Se eu parar de cantar morro de fome que a cantiga é meu pão de cada dia
Quando Lula era nosso presidente
Ganhei casa, Samu, bolsa família, comprei carro, troquei minha mobília, comprei tudo que quis pra minha gente
Nordestino ganhou vida decente e almoçava em qualquer churrascaria
Hoje se eu não fizer a cantoria lá em casa onde eu moro ninguém come.
Se eu deixar de cantar morro de fome que a cantiga é meu pão de cada dia”.
(Sabedoria popular expressa nos versos de repentistas nordestinos)
Caro presidente Lula
A vontade de te escrever esta carta aberta surgiu por uma série de motivos.
O primeiro foi a desfaçatez do déspota de plantão, que foi à TV comparar-se com José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes. Além de desrespeito ao nosso primeiro mártir da Independência, isto é um desrespeito a você, que todo mundo sabe e considera o nosso Tiradentes do século XXI.
Outro motivo foi a decisão desta juíza, de primeira instância, de Curitiba, proibindo a visita de Adolfo Perez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, e de Leonardo Boff, um dos mais importantes teólogos do Cristianismo de todos os tempos.
Outro motivo foi a agressão a você e aos participantes da sua caravana pela cidadania por pessoas que pregam o ódio e a intolerância política.
Tenho a certeza de que a grande maioria do povo brasileiro está solidário com você nesta cela de Curitiba.
Personagens históricos que dispensam apresentação, Anita e Giuseppe Garibaldi, a “heroína e o herói de dois mundos”, foram combatentes libertários, e testemunhas vivas até hoje da liberdade das paixões e da paixão pela liberdade.
No Nordeste, outros dois revolucionários – expoentes da luta pela liberdade – foram o baiano Carlos Marighella e o pernambucano Joaquim da Silva Rabelo – Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca -, mais conhecido como Frei Caneca, um dos mentores da Revolução Pernambucana.
Não tenho a menor dúvida de que se estivessem vivos todos eles também estariam tentando visitá-lo, assim como Perez Esquivel e Leonardo Boff.
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