WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia
hanna thame fisioterapia animal

prefeitura itabuna sesab bahia shopping jequitiba livros do thame




Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

março 2024
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  


:: ‘Livia Passos’

Liberte-se, de Livia Passos

livia passos liberte-se

Oscar D’Ambrosio

oscar 2“Liberte-se”, de Livia Passos, obra pintada com tinta acrílica sobre tela (20 x 20 cm), distribui diversos cubos roxos no espaço. No central, na face colocada para o alto, temos uma representação humana. A obra leva a, pelo menos, duas reflexões estéticas pela escolha da figura geométrica e pelas tonalidades de cor dos sólidos apresentados.

O cubo, que traz uma conotação de prisão da imagem pintada, devido à sua solidez, é associado à eternidade. Em algumas culturas, como a muçulmana, um Kaaba (cubo), erguido no centro da Grande Mesquita na cidade de Meca, guarda a Pedra Negra, que teria sido dada a Abraão pelo Arcanjo Gabriel e é considerada uma das relíquias mais sagradas do Islã.

Pode, portanto, ser visto como símbolo de estabilidade, sabedoria, verdade e perfeição. Mas todos esses atributos também aprisionam. Para o artista, sair do “cubo”, da popular “caixa”, pode ser um caminho de libertação do corpo e da mente em busca dos próprios ideais e das muitas conexões interrompidas com o universo.

A cor roxa, por sua vez, está ligada ao mundo místico, à magia e ao mistério. É vinculada, principalmente nos rituais cristãos, a uma percepção de tristeza e de introspecção. Estão vinculados a ela conceitos de contato com o mundo espiritual, purificação do corpo e da mente e, como mostra a obra de Livia Passos, de libertação de medos e outras inquietações.

Andar com Fé, de Livia Passos

oscar dOscar D’Ambrosio

oscar 2A música “Andar com Fé”, de Gilberto Gil, é o ponto de partida da obra homônima da artista visual Livia Passos. Realizada com tinta acrílica sobre uma folha de papel tamanho A4, a obra constitui uma jornada plástica em que se vê em um corpo, da cintura para baixo, de pés descalços, se deslocando da esquerda para direita.

O detalhe do rosário carregado na mão aponta para a presença da fé. O crucifixo acompanha o movimento da perna e, portanto, da própria existência. As pinceladas rápidas e ágeis na parte inferior da imagem apontam exatamente para a dinâmica do andar em quaisquer cenários, sejam mais ou menos favoráveis de acordo com a situação.

Assim como a letra diz “Oh oh/Na luz, na escuridão/Andá com fé eu vou/Que a fé não costuma faiá olêlê”, a imagem transmite a necessidade de caminhar. Seja por áreas mais claras ou mais sombrias da existência, ela se faz no ato dinâmico de prosseguir e de buscar um futuro a ser construído.

Não existe um amanhã pronto a ser conquistado, mas um passo a passo que ergue aquilo que se deseja para si mesmo e para a sociedade como um todo. Nesse aspecto, a imagem de Livia Passos funciona como um estímulo ao próprio andar. Cada um carrega consigo aquilo que julga ter de melhor e de mais importante, pois a fé, seja naquilo que for, ajuda a continuar…

I am not Murakami

livia passos_murakami

Oscar D’Ambrosio

O trabalho da artista visual Livia Passos intitulado “Meu mundo e nada mais” (53 x 32 cm), realizado a partir da reutilização de isopor, CDs e tampas de medicações, possibilita uma reflexão sobre a obra do artista japonês Takashi Murakami (1962), com atuação destacada principalmente na pintura e nas mídias digitais.

Ele realiza pontes entre as artes tradicional e contemporânea japonesas e a pop norte-americana. As flores com sorriso, muito presentes em suas obras, por exemplo, aludem aos estilos mangá (histórias em quadrinhos) e anime (desenho animado) japoneses. Essas referências levaram o artista a cunhar, para a sua obra, o termo “superflat”.

A denominação descreve manifestações visuais que tem como principal característica um resultado plano, próprio das artes gráficas, animações, da pop art e da arte japonesa em geral. Livia Passos, porém, em seu trabalho, se própria dos círculos e das carinhas de Murakami, representando-as com tampas de medicação.

Surge então uma manifestação visual que, por ter volume, é o contrário do superflat. Se o criador oriental alerta para a cultura consumista japonesa, levando as suas resoluções visuais para o animé, a pintura, a escultura, o desenho industrial e a moda, Livia Passos traz uma interpretação renovada com o uso de sobras do mundo industrial.

As tampas, que provém de remédios usados para combater a dor, sorriem. Se Murakami se apropria da cultura contemporânea japonesa e da influência ocidental sobre ela; a artista brasileira, como dizem os versos da música de Guilherme Arantes que intitula o seu trabalho, “Daria tudo por meu mundo/E nada mais”, faz o “superflat” ganhar o espaço tridimensional.

oscar 2

Oscar D’Ambrosio é Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista e crítico de arte.





WebtivaHOSTING // webtiva.com.br . Webdesign da Bahia