WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia
hanna thame fisioterapia animal

prefeitura itabuna sesab bahia shopping jequitiba livros do thame




Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

abril 2024
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  


:: ‘Gumercindo Rocha Dórea’

Gumercindo Rocha Dórea, o editor ilheense mais importante na história da ficção científica no Brasil

gumeEfson Lima

efsonNas academias de letras, após o ingresso da pessoa para a confraria, a imortalidade é uma palavra – chave. O fenômeno vai se confirmando com a morte de cada um dos participantes, pois, a morte não confere fim a obra dessas pessoas que se imortalizam pela força da escrita, das artes plásticas, música, dança e dos saberes científicos. A imagem do acadêmico se perpetua para além do nosso tempo. A imortalidade física, do corpo, foi objeto de desejo entre diversas civilizações. Ela impulsionou o surgimento da química, desenvolveu técnicas de preservação dos corpos. Se a imortalidade física não pode ser uma constante entre os humanos, a imortalidade simbólica continua a toda prova, ela se confirma com a literatura, a música, o cinema, a arquitetura, a ciência entre tantas outras áreas da produção humana.

Tenho pesquisado sobre a Academia de Letras de Ilhéus (ALI) desde 2016. Alguns membros da ALI se notabilizaram no cenário nacional e internacional, outros de feição menos popular, entretanto, com enorme contribuição, mesmo que não recebam o devido tratamento em suas terras. Os motivos são diversos: alguns destes por estarem afastados da sua pátria regional, outros por não estarem sob nossos olhares. Afinal, reza a lenda que santo de casa não faz milagre.

Entre esses que fogem a nossa cabeça, podemos registrar Gumercindo Dorea, falecido em dia 21 de fevereiro de 2021. Ele era um dos membros mais velhos da Academia de Letras de Ilhéus, tinha 96 anos; ocupava a cadeira de n.º 40. Aparentemente desconhecido em sua terra, foi editor de celebridades nacionais. Talvez, sua postura de viés conservador, como apontou Sérgio Mattos, tenha colocado – o em um patamar de menor prestígio (não somos democráticos): “é um dos mais importantes editores nacionais, apesar de ser relegado e contestado devido às suas ligações com o integralismo”.

O editor Gumercindo Rocha Dorea contribuiu para o lançamento dos primeiros livros de autores consagrados na atualidade a exemplo de Rubem Fonseca, Nélida Piñon, Fausto Cunha, Gerardo Melo Mourão, Astrid Cabral e Marcos Santarrita. Ele foi fundador da GDR, uma editora pioneira na edição de livros de ficção científica no país.

No sul da Bahia, pouco repercutiu sobre a morte de Gumercindo Dorea, mas observei registro na  revista “Isto É”, “Horo do Povo” Publishnews, “Folha de São Paulo”,  Estadão, nos jornais de Minas Gerais e da Paraíba, portal Uol entre outros tantos canais de notícias. A ex – presidente da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon, em sua rede social, lembrou do seu editor: “Devo tanto a ele. Apostou em mim sem hesitação, com honradez, elegância moral”.

O escritor Sérgio Mattos exemplifica a importância de Gumercindo Dorea para vários escritores baianos ao lembrar das publicações empreendidas pelo editor, independentemente, de ideologias: Vasconcelos Maia, Castro Alves, Oleone Coelho Fontes, Ildásio Tavares, Ivan Dórea Soares, Sérgio Mattos, Jorge Medauar, Wilson Lins, Maria da Conceição Paranhos, José Haroldo Castro Vieira, Adonias Filho, Fernando Hupsel de Oliveira, Telmo Padilha, Cyro de Matos, Rubem Nogueira, Raymundo Schaun, Euclides Neto, Fernando Sales e Claudio Veiga. Sem dúvida, foram publicados com ele muitos notáveis baianos.

Coube à professora Maria Luiza Heine fazer o discurso da Sessão da Saudade da Academia de Letras de Ilhéus, ele foi seu primeiro editor. Por coincidência da vida, o presente articulista do Diário de Ilhéus vai suceder o editor Gumercindo Dorea, na cadeia n.º 40, na Academia de Letras de Ilhéus, a partir do dia 22 de abril do corrente ano.

As pessoas não morrem, elas permanecem vivas, no mínimo, nas memórias dos familiares e amigos. Outras além de permanecerem vivas no seio familiar, entram para a eternidade pelos feitos que fizeram em favor da coletividade. As letras, a ciência, as artes…agradecem. Gumercindo Dórea foi um dos gigantes da pátria ilheense e o editor mais importante na história da ficção científica no Brasil, conforme aponta a Science Fiction Encyclopedia.

Efson Lima – doutor, mestre e bacharel em direito/UFBA. Escritor. Membro da Academia Grapiúna de Letras (AGRAL) e eleito para Academia de Letras de Ilhéus. Professor universitário e  advogado.





WebtivaHOSTING // webtiva.com.br . Webdesign da Bahia