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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘ditadura militar’

Setenta e cinco noites frias: João Carlos Haas Sobrinho

Sonia Haas

Rio Grande do Sul, São Leopoldo, 1941. Noite fria de São João. Nossa mãe, ansiosa, enfrentava a madrugada à espera da chegada do segundo filho.

Na rua Primeiro de março, número 514, a janela se entreabria e os raios da lua banhavam a sala pequena do sobrado dos Haas. Nosso pai, Ildefonso, católico que sempre foi, rezava para que a esposa Ilma Linck tivesse uma boa hora do parto. Contou-me ele, nos idos de 1980, quando conseguiu expor seus sentimentos em relação à história do filho desaparecido na ditadura, que nos primeiros momentos do ecoar do choro de João Carlos, uma luz forte entrou pela vidraça embaçada do quarto alertando: “Cuida bem deste teu filho, pois ele é especial.”

jocaJoão Carlos foi um menino alegre, tinha no olhar o brilho da liderança. Jogava futebol, organizava festas, brincava com os animais, ajudava a mãe a cozinhar, escrevia poemas e artigos no jornal da escola – um aluno nota dez, cheio de medalhas no peito. Fez-se homem e seguiu firme em busca de seus ideais, atitude difícil para a família entender. João Carlos escolheu a Medicina e ao longo do curso percebeu que esta escolha poderia conduzi-lo a algo maior: dedicar sua vida ao próximo. E assim seguiu, se afastando das ruas de nossa cidade.

Ficamos nós, familiares e amigos, navegando em um vazio de obscuridade.

Em 1966 ele deixou o nosso convívio, rompeu os limites de seu horizonte e pisou firme nos trilhos de um novo mundo, onde o homem estaria no centro, como majestade, livre e forte. Assim ele quis, assim sonhou e lutou, até tombar em 1972, na região do Araguaia.

As noites de 24 de junho sempre foram frias, porém, para nossa família, após 1966, foram ficando gélidas, carregadas de saudade e tristeza.

Na infância da rua Primeiro de março, havia bandeirinhas e fogos na noite de São João: era a comemoração da vida. Recordo o profundo silêncio que ficou após termos ciência de seu desaparecimento, em 1979, 7 anos após a sua morte. Em cada canto da casa parecia haver uma oração a acalentar a esperança de que era tudo um sonho, não era verdade. Mas a realidade veio batendo à nossa porta aos poucos, a cada notícia: o reencontro não aconteceria.

Nossa mãe silenciava sua dor na tristeza do olhar, em todos estes aniversários passados. Até 2001, quando nos deixou, sempre fazia uma encomenda: “Já mandei rezar a missa para o João, vamos?”, com voz embargada me ligava sempre, a cada ano, numa nostalgia ritmada pelo vazio sem respostas.

24 de junho de 2016: 75 anos de nascimento de um amigo do povo que não mediu esforços para cumprir sua missão. Seu Ildefonso e Dona Ilma partiram sem poder sepultar o filho que tanto amaram. Talvez porque, na verdade, ele esteja mais vivo do que nunca, entre nós. Não só na memória dos que com ele conviveram, como também em tantas homenagens que vieram depois. João Carlos Haas Sobrinho: Presente!

 Sônia Maria Haas  é  publicitária e  irmã de João Carlos

Lembrar sempre, pra não esquecer nunca

tortura

Uma aula de democracia. E um alerta…

Vale a pena ouvir este alerta da professora Gabriela Barbosa. Quem viveu 1964 sabe muito bem do que ela está falando – e do perigo a que estamos submetidos.

Waldomiro de Deus e a Nossa Senhora de mini saia

wd por juraci

Tela da artista plástica e curadora de artes Juraci Masiero Pozzobon, homenageando um dos momentos marcantes da carreira do naif Waldomiro de Deus, em plena Rua Augusta (centro de São Paulo), no final dos anos 60.

Foi o período da Tropicália, em que Waldomiro fez parte ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Cia., em que pintou uma Nossa Senhora de mini saia, traje que o artista chegou a usar, numa época em que uma parte da classe artística mergulhou na guerrilha contra a Ditadura Militar e outra partiu para o desbunde.

Arte e historia numa mesma tela.

Major Curió confessa à Justiça que matou prisioneiros na Guerrilha do Araguaia

curioEm um depoimento inédito à Justiça Federal, Sebastião Rodrigues de Moura, 77 anos, o Major Curió, revelou que matou dois prisioneiros da Guerrilha do Araguaia no início da década de 70, durante o regime militar. A audiência em segredo de Justiça ocorreu ontem na 1ª Vara Federal de Brasília, sob comando da juíza Solange Salgado. Curió enviara atestado médico para não comparecer, mas a juíza recusou e expediu mandado de condução coercitiva e a Polícia Federal buscou Curió em casa.

Com a restrita presença de advogados e de familiares das vítimas, o depoimento foi longo, ocorreu entre 13h30 e 23h. Só tarde da noite o militar confessou os crimes.

O militar, que era capitão à época, mas tido como o principal algoz da Guerrilha, confessou ter matado os subversivos Antônio Theodoro Castro, codinome Raul, e Cilon Cunha Brun, o Simão. Mandou um capataz enterrar os corpos e indicou à juíza a localização atual. No depoimento, Curió alegou que a dupla tentou fugir e foi abatida a tiros – na sua tese, não houve execução.

Embora o militar esteja amparado pela anistia, as revelações do depoimento vão nortear várias decisões da Justiça a respeito das buscas de desaparecidos e desencadear mudanças editoriais nas obras já publicadas até agora. A audiência foi tensa em alguns momentos, com acareações, bate bocas e intimidações.

Curió foi o mais temido militar atuante na região do Araguaia durante o regime. Era capitão das tropas que aniquilaram a guerrilha. Ganhou fama desde então, e ascendeu na hierarquia militar chegando às patentes de major e tenente-coronel. Com esta patente controlou na década de 80 o garimpo de Serra Pelada (PA) e fundou uma cidade que leva o seu nome, Curionópolis (PA).

Que (não) descanse em paz

ustraO coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu nesta quinta-feira (15), aos 83 anos, em um hospital de Brasília. Ele tratava um câncer e estava internado desde 23 de abril com suspeita de infarto depois de sofrer um mal-estar. Segundo a família, sua imunidade estava baixa por causa da quimioterapia. Ustra foi o chefe do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão de repressão política durante a ditadura militar.

Em 2013, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ele afirmou que a presidente Dilma Rousseff participou de “organizações terroristas” para implantar o comunismo entre 1960 e 1970. Segundo Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma “ditadura do proletariado”. Em dezembro, o relatório final da Comissão da Verdade incluiu o nome de Brilhante entre os 377 responsabilizados por mortes na ditadura.

Para João Carlos

joao chão

Por Sonia Haas

joão“43 anos de desaparecimento

Este lugar carrega a tua história no seu próprio silencio, nas folhas paralisadas e nas raízes que invadem a terra.

O pó que vem do chão parece querer falar comigo, dizer o que não foi dito.

O Rio Araguaia baila com suas margens ao redor do tempo, e não nos deixa esquecer cada pedaço de vida que por ali ficou.

Cada raio de sol vem querer afagar meu rosto e dar o conforto que tanto espero.

E com esta saudade vou seguindo, carregando as histórias e juntando forças para lutar em honra aos nossos heróis, pela verdade e pela justiça.

JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO
* 24/06/1941 São Leopoldo-RS +30/09/1972 Xambioá Tocantins”

(*) Sonia é irmã de João, o Dr. Juca, um dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, assassinado pela ditadura militar. O corpo do médico-guerrilheiro nunca foi encontrado.

Governo da Bahia inaugura monumento em homenagema mortos e desaparecidos na ditadura

Um monumento de quatro metros de altura em homenagem a brasileiros que morreram e desapareceram no período da ditadura militar será inaugurado pelo Governo do Estado nesta sexta-feira (28), às 17h, na praça do Campo da Pólvora, em Salvador.

Também nesta sexta, o Diário Oficial do Estado publica decreto assinado pelo governador Rui Costa que prorroga até 31 de dezembro de 2015 as atividades da Comissão Estadual da Verdade (CEV-BA). O fato acontece no dia do aniversário de sanção da Lei da Anistia. A Comissão Estadual da Verdade foi criada através do Decreto 14.227, de 10 de dezembro de 2012, para apurar e esclarecer casos de violação dos direitos humanos na Bahia praticados no período de 1964 a 1988. A comissão seria encerrada, conforme decreto que o criou, no próximo dia 31 de agosto.

 

golpistas

Aos domingos, na esquina

Curta-metragem produzido por Sônia Maria Haas e integrante do filme colaborativo Um Golpe, 50 Olhares. O projeto organizado pelo grupo Criar Brasil e fomentado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, por meio do Projeto Marcas da Memória, resgata a memória das vítimas e o horror da Ditadura Militar.

Sonia Haas é irmã do médico João Carlos Haas Sobrinho, o Dr. Juca, assassinado pelos militares durante a Guerrilha do Araguaia.





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