:: ‘Como fortalecemos a mentira’
Como fortalecemos a mentira
Eulina Lavigne
Fiquei refletindo como nós, pais, educadores, contribuímos para que a corrupção se instale em um sistema. Como fortalecemos a mentira, a enganação sem nos darmos conta disso. E quero fazer essa reflexão no sentido de alterarmos práticas tidas como normais e muitas vezes educativas quando passamos a atuar dentro de um padrão de normalidade que o antropólogo, psicólogo e reitor da Universidade da Paz, Roberto Crema caracterizou como a patologia da normose. Ou seja, um comportamento que a maioria da população pratica e que são patogênicos, com uma dimensão destrutiva para si e para os outros.
Todas as vezes que uma criança age fora dos padrões aceitáveis em seu meio social ela é punida por isso, ao invés de ser orientada a fazer diferente. E isso traz consequências terríveis para a nossa sociedade que por acreditar ser a punição um ato normal e assim praticado pela maioria não trará maiores transtornos. Por exemplo, vamos falar da mentira. Como ela se instala e torna-se um movimento normal?
Digamos que uma criança, sem querer, quebrou um objeto de valor em sua casa e o pai ou a mãe quando chegam questionam para aqueles que residem na casa quem foi o autor do fato. E todos permanecem calados. Questionados com mais intensidade uma criança resolve confessar que foi ela e leva um tapa ou é proibida de brincar com os seus amigos. Resultado, nesse momento cria-se a crença, para a criança, que dizer a verdade é algo ruim. Que mentir é melhor, pois assim fazendo, vai evitar receber um tapa ou até mesmo fazer o que gosta que é brincar com os amigos.
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