:: ‘Carrefour’
Nota de Repúdio da Academia de Letras de Itabuna
Passados alguns poucos dias do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, cidadão negro de 40 anos, por dois seguranças da rede de supermercado Carrefour, o que sentimos é a indignação crescer mais, posto que notícias de casos que se somam de violência contra negros esfacelam, constrangem e tornam menor a sociedade brasileira, e esse mesmo grupo comercial tem registro de violência desde 2009
É inevitável dizer que milhares de nós desta nação não comungam nem fazem coro com a falta de vigilância no que diz respeito aos direitos humanos, como entende que a diversidade social brasileira é o que nos deveria animar perante a vida enquanto celebração da criação divina.
Academia de Letras de Itabuna – ALITA repudia ações de racismo e se coloca, neste caso extremo de insanidade da razão, ao lado das vítimas, de seus parentes, herdeiros na dor de perder seus entes queridos, familiares na condição de pais de família, filhos, jovens, mulheres negras. Não coadunamos com atos violentos, nefastos e ceifadores da vida humana. Advogamos pela cidadania plena, direitos iguais, do mesmo modo com condições de vida e segurança em todos os lugares deste país.
Silmara Oliveira-Presidenta da ALITA
A comoção nacional pela morte do cão no Carrefour e a indiferença diante do aumento da miséria
Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Nunca a morte de um cão foi tão chorada pelos brasileiros.
Nunca a condenação de brasileiros à miséria foi tão desprezada.
O assassinato bárbaro de um cachorro pelas mãos, segundo denúncias, de seguranças do Carrefour incendiou o país.
Nos últimos dias, milhares foram às redes sociais — onde mais? — deixar seu justo lamento e seu protesto contra o ocorrido em Osasco.
A comoção envolveu esquerda e direta, ricos e humildes, anônimos e famosos.
Luciano Huck e a mulher Angélica fizeram posts combinados.
“Chocado. É muita crueldade”, escreveu ele no Instagram.
“Como pode existir ‘gente’ com tanta maldade no coração”, questionou ela.
A tragédia anunciada hoje pelo IBGE, em contrapartida, foi recebida com silêncio.
Em um ano, o número de pobres no país aumentou em 2 milhões.
A extrema pobreza chegou a 15,2 milhões em 2017.
A quantidade de crianças que vive em domicílios pobres aumentou de 42,9% para 43,4% do total da população com até 14 anos.
54,8 milhões de compatriotas de Luciano vivem com menos de R$ 406 por mês.
Os índices são, au complet, um desastre ferroviário.
Ninguém se revoltou, ninguém propôs uma campanha em solidariedade às meninas e meninos cujo futuro está destruído.
É nosso normal.
A indiferença é a essência da desumanidade, disse Bernard Shaw. Somos o que somos.
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