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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘Canal Brasil’

Romance e sobrevivência em Cuba e além

 

A série documental ‘Amores Cubanos’, que estreia 9 de novembro no Canal Brasil,

estende e aprofunda a longa história de amor de Alice de Andrade com o povo de Cuba

 cuba 1

 

(Carlos Alberto Mattos-Carta Maior)- Alice de Andrade tem uma história de amor com Cuba e com o povo cubano. Ela estudou na Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños (EICTV) e já realizou quatro filmes na ilha, entre eles Memória Cubana (2011), documentário sobre os cinejornais cubanos Noticiero, onde se projetou Santiago Alvarez. Em 1992 ela havia feito o irresistível curta Luna de Miel, mostrando as delícias e os sufocos do casamento à moda do socialismo moreno.

Duas décadas depois, revisitou os casais entrevistados para o casting de Luna de Miel no longa Vinte Anos. Documentar o destino daqueles noivos era então um dispositivo para sondar a situação dos cubanos no período em que a reabertura das relações com os EUA de Obama parecia inaugurar um novo capítulo em sua história.

Betty e Pedro

Betty e Pedro

Mais recentemente, com o cenário geopolítico novamente mudado, Alice voltou a alguns daqueles personagens para concluir a série documental Amores Cubanos, que estreia dia 9 de novembro no Canal Brasil. Contou com a ajuda de antigos colegas da EICTV para filmar a diáspora dos casais em outras partes do mundo.

Em 13 episódios de 27 minutos, Amores Cubanos nos faz íntimos de histórias românticas que se misturam com histórias de sobrevivência entre a Cuba dos que ficaram e o exílio dos que optaram por partir. Os quatro episódios que já assisti me deixaram literalmente apaixonado pela série. O roteiro, assinado a quatro mãos por Alice e Orlando Senna, profundo conhecedor da realidade cubana, mescla engenhosamente informação, dramaturgia e entretenimento.

O primeiro contextualiza o longo envolvimento da diretora com o assunto e enfoca o processo geral de busca dos entrevistados para Luna de Miel duas e quase três décadas depois. Toda a série expõe as andanças (físicas e virtuais) de Alice à procura de seus personagens em diversos países. As entrevistas originais, sempre com os noivos juntos no quadro, são material de uma graça inextinguível, que Alice usa com maestria para situar os impactos físicos e emocionais do tempo. O segundo episódio retrata Candelaria e Ignacio, que se divorciaram e já não têm mais relações. Ele é guia de cicloturismo e professor, além de fervoroso cultor da poesia revolucionária latino-americana. Ela refez a vida e o casamento na Espanha. Este é um dos casos em que as entrevistas de 1992 são exibidas a novos cônjuges, criando uma interessante situação entre o humor e o constrangimento.

Miriam e Andrés

Miriam e Andrés

Betty e Pedro, protagonistas do episódio 3, se separaram, mas continuam amigos e, cada um com seu novo cônjuge, batalham contra as dificuldades da vida em Havana. As reformas econômicas da era Raúl Castro liberaram a iniciativa privada, o trabalho autônomo e um arremedo de especulação imobiliária, tudo em paralelo ao sistema estatal. Betty aguardou por anos o direito a ter uma casa por “mérito revolucionário” e, junto com o ex Pedro, sacrificou-se para dar à filha senão uma bela festa de 15 anos – rito de passagem incontornável em Cuba – pelo menos um book fotográfico sofisticado.

O quarto episódio é de Ivonnie e Pablo, ainda casados, mas emigrados para Miami numa perigosíssima viagem de balsa via República Dominicana e Porto Rico. Ganharam peso no corpo e dinheiro suficiente para adquirir uma boa casa no “país das oportunidades”. Alice os acompanha num Réveillon em Miami e capta os efeitos de uma diferença de classe que já havia entre eles e a média da população cubana.

Ivonnie e Pablo

Ivonnie e Pablo

Os personagens principais de Luna de Miel são abordados no nono episódio da série. Miriam e Andrés, que se conheceram num mutirão de construção de casas no final dos anos 1980, continuam juntos e enamorados, mas se ressentem da falta de privacidade numa casa exígua que dividem com outros familiares. São exemplares do que Alice de Andrade mais admira na gente comum de Cuba, ou seja, a capacidade de enfrentar as agruras de uma vida muito simples sem perder a alegria e a autoconfiança.

Alice de Andrade comenta toda a série sem escamotear a dura realidade do cotidiano de Cuba sob bloqueio (agora renovado com Trump), mas ressaltando sempre seu carinho pelo povo, visível em cada encontro e em cada abraço. A recíproca aparece na tela como verdadeira.





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