

Foi num Carnaval que passou…
A TV Cabrália ainda não tinha completado três meses quando Nestor Amazonas (a quem o Sul da Bahia, repito pela 1000000ª. vez, ainda deve o devido reconhecimento) decidiu fazer a transmissão ao vivo do Carnaval de Itabuna, na época ainda concentrado na Praça Adami..
Era um desafio e tanto, mas pra Nestor, desafio era algo do tipo “vão lá e façam essa porra”, ainda que a gente estivesse engatinhando no negócio de televisão e nem tivesse idéia do que era “essa porra”, uma transmissão ao vivo, em média oito horas por noite, quatro noites de folia.
Escalado para ancorar a transmissão, Barbosa Filho, talento intuitivo e hoje bem sucedido empresário de tevê, comandando a TV Itabuna, foi instalado numa cabine em frente ao palco.
Na base da empolgação de quem estava fascinado com a novidade de trabalhar em televisão, tocamos a transmissão numa boa, até porque carnaval não é lá o reinado da serenidade e certos exageros são permitidos e/ou nem notados.
Mas, reconheço, dois desses exageros, merecem entrar para os anais da televisão.
No primeiro, Barbosa, tomado pela empolgação diante de uma grande multidão, perpetrou:
-Cerca de 100 mil pessoas lotam o trecho de 5 quilômetros da Avenida Cinquentário entre a Praça Camacan e a Praça Adami.
Problema 1: o trecho em questão tem meros 500 metros, se tanto.
Problema 2: 100 mil pessoas, ainda que coubessem num espaço tão exíguo (se alguém usar o termo exíguo em televisão merece demissão sumária), representavam quase 70% da população de Itabuna à época.
A segunda barrigada vai na conta desse dinossauro que ora vos escreve. Mesmo vendo pelo circuito interno que a Praça Adami estava com pouca gente e não havia nenhum trio elétrico tocando, pedi pro apresentador que estava no estúdio chamar o link ao vivo e perguntar qual era a atração naquele momento.
Pego de surpresa, Barbosa só conseguiu responder:
-Como não tem banda tocando, a grande atração aqui é a equipe da TV Cabrália.
Era mesmo, mas Nestor, que só acompanhava a transmissão de sua sala, parece não ter concordado, pegou o telefone e me disse com a sutileza costumeira.
-Diz ao Barbosinha que a grande atração na praça deve ser a mãe dele…
Claro que eu não disse, até porque de atração já bastava a equipe da TV Cabrália. E o bestalhão aqui teria que incluir a própria genitora também.
(Abre parêntese: Barbosa não tinha como saber, mas fez escola: nos anos seguintes, nas caminhadas eleitorais, não era raro se divulgarem números do tipo 50 mil, 70 mil, 100 mil pessoas e fosse a campanha um pouco mais demorada, era arriscado ter mais militante do que eleitor, algo como 200 mil, 250 mil pessoas na Cinquentenário. Fecha parênteses).
A TV Cabrália é hoje um retrato amarelado na parede da memória, que as vezes retorna ao vivo em lapsos de saudade.
Que passa, como tudo é passageiro.
Menos o motorista e o cobrador…
Que história em…uma viagem..tempo dos dinos jussariparque 1,e olhe lá. As lendas ainda viva. Parabéns por nos contar o desbravamento mais que inovador e revolucionário.