

Pela Via do Destino: do setor público ao empreendedorismo
Anna Lívia Ribeiro
Algumas situações na vida nos impulsionam ou paralisam e cada indivíduo responde de uma maneira diferente e bem peculiar.
Ao aceitarmos o que não se pode mudar, criamos inúmeras possibilidades de enxergarmos os problemas e situações difíceis sob outras perspectivas.
Em 2017 meu marido desencarnou quando foi atropelado por uma moto. A partir daí, fui acolher o que não poderia ser modificado, lidar com essa partida e focar naquilo de bom que vivemos juntos dando lugar às boas lembranças.
Então, decidi que após 28 anos de serviços prestados à educação pública de Ilhéus era chegado o momento de fechar esse ciclo. Solicitei a minha aposentadoria que saiu em janeiro de 2019. Este seria o meu ano sabático.
Planejei ir para Portugal. No entanto, em novembro de 2018 meu pai foi atropelado por uma bicicleta e veio a óbito. A ida para Portugal foi adiada por não me sentir confortável em deixar minha mãe.
Muitas alterações das funções psíquicas são desencadeadas quando insistimos em mudar algo sobre o qual não temos poder. Para não adoecer, mudei a maneira de olhar para esses dois episódios especificamente. Afinal, é você quem decide a forma de lidar com as situações.
As situações difíceis nos ajudam a amadurecer. Precisava ser proativa, manter minha mente ocupada com coisas que me faziam bem. Como já estava aposentada e não iria para Portugal, resolvi fazer uma lista de coisas que sempre gostei de fazer.
Viajar era uma delas e foi a que encabeçou a minha lista. E assim eu fui amadurecendo a ideia de como trabalhar com viagens. Fiz algumas leituras, pesquisas e fui buscar ajuda no SEBRAE em Ilhéus já pensando na possibilidade de abrir uma empresa no setor de turismo.
Após muitas conversas, mentorias, consultorias, cursos e um test drive, formalizei a empresa, registrei a marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – detalhe: eu mesma desenhei a logomarca e fiz o registro.
Importante que vocês saibam que o nome foi a partir de uma escolha coletiva, quase um exercício de experiência do usuário, em que enviei para pessoas próximas, com potencial de se tornarem futuros clientes, cinco nomes, os quais submeti a uma votação, sendo escolhido o nome “ViaDestino”. Creio que isso ajudou a uma identificação quase que imediata com a proposta da empresa.
E assim surgiu a agência de viagens ViaDestino!
Não me colocar no lugar de vítima das vias que o destino me apresentou foi fundamental para aprender com essa experiência. Eis que 2020 chega com a pandemia e um dos setores mais afetados, senão o mais afetado, foi o turismo. A empresa estava formalizada, mas nada de poder efetivá-la como eu gostaria.
Durante esse processo, eu aliei as duas áreas que mais gosto de atuar: Educação e Viagem. Parti para fazer mais cursos e estudos na área. Um deles me levou a ter como produto na empresa o Tour Virtual pelo Centro Histórico de Ilhéus. Um tour dinâmico e interativo que conta um pouco da nossa história.
A ViaDestino hoje possui um projeto de Viagens Pedagógicas e esse será o próximo assunto a ser abordado aqui nessa coluna.
Ultrapassar uma situação que não nos agrada envolve fenômenos emocionais, biológicos, sociais. Tudo nessa vida é dinâmico, tudo muda em questão de milésimo de segundo. O universo não para de mudar, crescer e se expandir.
Portanto, não fique se lamentando.
Eu não fiquei!
Com isso não estou dizendo que é fácil, apenas que é possível!
Anna Lívia Ribeiro
Ilheense, Mãe, Avó, Pedagoga, Especialista em Educação Infantil, Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Graduanda em Gestão em Turismo, Agente de Viagens.
@viadestinoviagens
Parabéns, nobre colega colunista. Li o teu ensaio com alegria e prazer. Você escreve com a alegria que reside em sua natureza poética. Escreve de maneira madura e provocativa. E que venham outros ensaios..
Um abraço carinhoso. Alderacy Pereira
Parabéns pelo texto! Continue
Matéria linda e inspiradora. Parabéns pela garra e coragem. Sucesso?
Prezada Anna, acabei de fazer a leitura de sua crônica. Uma escrita leve e apetitosa. Mesmo com o registro de dois óbitos, a crônica não é um murmúrio, mas um encontro de ideias que sinalizam para aprendizados e possibilidades de superação. Parabéns!
Fico na expectativa de conhecer o Viagens Pedagógicas. Penso que você deve avançar com esse projeto. Ser referência. No ano passado, eu cheguei a ler algo sobre viagens literárias… achei bacana e, agora, tenho me deparado com esse seu projeto. Parabéns!
Ilhéus é um uma dádiva, mas não sabemos fazer uso do presente e ficamos a reclamar com Deus todos os dias. Não é o seu caso, pois, mesmo diante da tragédia familiar, escreveu outras linhas. A linha da superação!
Penso que a sociedade civil deve verificar as experiências de Gramado, Canela, Paraty, Cachoeira… pensar outras estratégias, onde seja possível um diálogo com a cultura e o natural.
Desejo sucesso nas escritas e na coluna!
Que Maravilha Ana.