emoçãoYanara Setenta

 

 

Falar, refalar, informar, reinformar de emoções, o saber de como vivemos e modificamos a nós mesmos e ao mundo, parecem importantes.

 

Vamos falar?

 

Nós, exceção feita aos psicopatas, aos frios de ânimo, temos todas as emoções. Sim, mas o que é emoção? Vejamos a etimologia da palavra: ex movere – em movimento. Observe que quando vivencia uma ou mais emoções (praticamente todo tempo) existe uma movimentação do corpo. Fica mais fácil a verificação observando um bebê. Então, emoção significa reações fisiológicas herdadas ao longo da evolução da nossa espécie.É um impulso neural que leva o organismo para a ação e que depende da percepção que o indivíduo tenha daquela situação, ou seja, da sua história de vida..

 

Consideramos a existência das emoções básicas ou primárias – todos vivenciam, inclusive muitas outras espécies animais, e as sociais ou secundárias:

Primárias – amor, raiva, medo, alegria, tristeza, nojo, surpresa.

Secundárias – culpa, elevação, vergonha, simpatia, indignação, desprezo, compaixão, gratidão, admiração, inveja, espanto.

Ambas herdadas biologicamente, mas, dependem da cultura para ativação e manifestação.

Muitas vezes, por um erro de interpretação, pressão social, as pessoas invalidam algumas emoções primárias, tipo raiva, tristeza, e as secundárias (vergonha, culpa ) surgem com muita força. Passam a sentir também medo, dizendo estar “ansiosa” “angustiada”,”mal” sem conseguir nomear, vivenciar adequadamente qualquer emoção.

 

Com sucessivas invalidações, pode acontecer de, aos poucos, essas emoções ficarem difíceis de ser percebidas pelas pessoas. Aí a psicoterapia, com o profissional psicólogo ou psiquiatra, irá ajuda-las a observar quais as emoções primárias estão “abafadas”, os pensamentos sobre as emoções e os consequentes comportamentos.

Importante para ajudar no manejo das emoções, na regulação emocional, para a homeostase (equilíbrio), identificar suas emoções positivas: amor, felicidade, alegria, saudade, e as emoções negativas:raiva, tristeza, ódio, ansiedade, medo. Não significa que só se deve ter as positivas. As negativas funcionam (todos nós as temos) para a normalização dos pensamentos, sentimentos e consequentes comportamentos.

 

Chama-se de “positivas” porque são agradáveis de viver e “negativas” desagradáveis de vivenciar. As negativas são também um sinal de alerta.

 

As duas têm uma função biológica superimportante e contribuem para ajustar seus pensamentos..

 

Em consultório, com meu paciente, e em palestras, costumo salientar que essa filosofia vigente do riso, da felicidade, que chamo “modo vivencial cibernético, faceboockiano, instagraniano”, chega a ser irreal e cruel. Parece que vivenciar a tristeza, a dor, o desatino, o desvario, a raiva, é pecado mortal, desumano, erro incorrigível e um dos piores conceitos: opção, escolha. É uma recusa sistemática, quase perversa, em negar emoções que não sejam associadas a felicidade. Somos muitos em um e, assim sendo, vivenciamos todas as emoções, incluindo raiva, nojo, tristeza e muitas outras.

 

O Poeta Vinicius já alertava “pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, se não, não se faz um samba, não. Fazer samba não é contar piada, quem faz samba assim não é de nada…pois o samba é tristeza que balança e a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não. ” Viu? Beleza com Tristeza… samba =Tristeza que balança… Esperança com Tristeza.

 

Somos feitos de matizes dos tons que a vida nos apresentou, que nossos pais, familiares, educadores, amigos nos moldou, que interpretamos, que escolhemos, que a genética nos carimbou… e aí vêm juntas TODAS AS EMOÇÕES.

 

Psicologia é com psicólogo

 

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YanaraSetenta  é Psicóloga  e  Terapeuta Cognitivo Comportamental