Assentamento Terra Vista celebra 30 anos e anuncia Universidade dos Povos da Floresta do Cacau e do Chocolate
O Assentamento Terra Vista, em Arataca, está celebrando 30 anos de implantação. Por conta da pandemia, a data foi comemorada no CEEP da Floresta Milton Santos, num evento simples mas marcado pela emoção, que reuniu assentados e parceiros. Nos depoimentos, lembranças da luta pela posse da terra e o processo de transformação, que fez do assentamento do MST um referencial na área de educação e agroecologia.
O Terravista, onde vivem 55 famílias, ocupa uma área de 910 hectares, sendo 300 hectares de cacau orgânico e 313 hectares de Mata Atlântica preservada. Parte do cacau é destinado à produção de chocolate na fábrica escola do assentamento, que já foi apresentado no Salon du Chocolat de Paris. Também são cultivados frutas verduras e hortaliças, que garantem uma renda média de 25 salários mínimos/mês para cada família.
Priorizando a educação, o CEEP Milton Santos oferece cursos profissionalizantes de Agroecologia, Meio Ambiente, Agronidústria, Agroextrativismo, Informática, Zootecnia e Segurança no Trabalho.
“Não basta apenas ocupar a terra, e preciso investir em Educação. Quando iniciamos o assentamento a área estava completamente destruída pela vassoura de bruxa e pelo desmatamento desenfreado”, disse Joelson Ferreira, liderança do Terra Vista. “O trabalho de recuperação foi calcado na prática da agroecologia, ou seja, o manejo da terra com sua preservação, aliada a uma integração do homem com o meio ambiente” ressaltou Joelson.
Durante a celebração dos 30 anos, ele anunciou a criação da Universidade dos Povos da Floresta do Cacau e do Chocolate, que reunirá professores da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Sul da Bahia, Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade do Canadá e outras instituições.
Airton Baltazar o Capixaba, 21 anos de Terra Vista, 82 anos, é um exemplo desse processo. Alfabetizado aos 62 anos, ele se formou em tecnologia de agroecologia no sistema ambiental. “A educação abriu caminhos para desenvolver novas tecnologias que aumentam a produção com respeito a natureza. Valeu a pena lutar pela posse da terra, hoje tenho o meu lugar”, diz.
“O assentamento é uma referência nacional, o desejo de um visionário como Joelson tornado realidade. O caminho é a agroecologia e a transformação pela educação contextualizada, gratuita e popular”, destaca Nego Elder vereador em Pau Brasil e articulador do Instituto EcoBahia.