:: 19/fev/2022 . 10:22
Semana da Arte Moderna
Nessa semana comemoramos o Centenário da Semana da Arte Moderna. E não poderia deixar de mencionar esse evento que trouxe grande significado à Arte Brasileira. Mas o que foi a semana? Quando ocorreu? Quais as características marcantes dessa semana? Quais artistas encabeçaram? E o que acrescentou à Arte Brasileira? Essas e outras curiosidades estarei ressaltando na matéria dessa semana, nesse Espaço Luciane Yahweh.
ENTENDENDO O QUE FOI
Em 1922, quando a Independência do país completava cem anos, o Brasil passava por diversas modificações sociais, políticas e econômicas (advento da industrialização, fim da Primeira Guerra Mundial). Dentro desse cenário surge A Semana de Arte Moderna que foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922. Também foi conhecida como “Semana 22”, com o intuito de mostrar quais eram as grandes tendências artísticas que já faziam parte do cenário europeu artístico. Evento contestado por parte da elite paulistana que não entendeu nada daquilo que estava sendo proposto, mantendo suas influências demarcadas nas origens mais conservadoras do movimento artístico europeu.
Houve um rompimento com a arte acadêmica, contribuindo para uma mudança estética e para o Movimento Modernista no Brasil.
Nos dias atuais, a Semana da Arte Moderna é reconhecida como um dos principais eventos capazes de trazer os conceitos da arte moderna.
QUEM FORAM OS ARTISTAS ENVOLVIDOS DIRETAMENTE NESSE EVENTO?
A semana foi idealizada pelo pintor brasileiro Di Cavalcanti com auxílio de Rubens Borba de Morais. Além disso, o carioca Ronald de Carvalho também ofereceu grande contribuição na idealização desse momento tão importante para a arte brasileira. Mário de Andrade também foi uma das figuras centrais e principal articulador da Semana de Arte Moderna de 22. Ele esteve ao lado do escritor Oswald de Andrade e do artista plástico Di Cavalcanti.
QUAL O OBJETIVO DO EVENTO?
Renovar a arte, trazendo um novo conceito para ela em âmbito nacional, transformando nosso contexto cultural, urbano e artístico. A principal intenção dos modernistas era apostar em criações, por mais que elas tivessem ainda a influência européia. Uma busca pela liberdade de expressão artística e criação de uma identidade própria criando assim uma maneira de romper com os parâmetros que vigoravam nas artes em geral.
ALGUNS ARTISTAS QUE PARTICIPARAM DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922:
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Mário de Andrade (1893-1945)
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Oswald de Andrade (1890-1954)
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Graça Aranha (1868-1931)
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Victor Brecheret (1894-1955)
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Plínio Salgado (1895-1975)
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Anita Malfatti (1889-1964)
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Menotti Del Picchia (1892-1988)
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Ronald de Carvalho (1893-1935)
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Guilherme de Almeida (1890-1969)
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Sérgio Milliet (1898-1966)
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Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
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Tácito de Almeida (1889-1940)
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Di Cavalcanti (1897- 1976)
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Guiomar Novaes (1894-1979)
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Zina Aita (1900-1967)
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Tarsila do Amaral, famosa pintora do movimento modernista brasileiro, estava em Paris na época, mas se juntou ao grupo que liderou a manifestação pouco depois.
QUAIS OS SEGMENTOS ARTÍSTICOS ABRANGEU?
A Semana da Arte Moderna abrangeu muitas formas de manifestações artísticas, música, literatura, escultores, arquitetura, artes plásticas e outros fizeram parte desse movimento. Na literatura, os escritores modernistas que se destacaram foram Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Oswald de Andrade. Por outro lado, a pintura brasileira ganhou suas primeiras pinceladas próprias com Anita Malfati, que já havia realizado em 1917 a sua primeira exposição no Brasil, com inspiração modernista que possuía como base conceitos de futurismo, expressionismo e cubismo.
“A ESTUDANTE” – Anita Malfati
Nas esculturas modernas, por sua vez, o destaque foi dado para o brasileiro Victor Brecheret, além da grande contribuição de Wilhelm Haarberd e Hildegardo Leão Velloso.
“MONUMENTOS AS BANDEIRAS” – Victor Brecheret
Além desses nomes, a semana trouxe também o destaque para outros brasileiros. No desenho e na expressão da pintura, além de Anita Malfatti e do criador do movimento, Di Cavalcanti, o destaque vai também para Oswaldo Goeldi, Yan de Almeida Prato e John Graz. Na expressão arquitetônica, que pela primeira vez era essencialmente brasileira, o destaque foi para Georg Przyrembel e Antonio Garcia Moya. Artistas já consagrados no país representavam a nossa música, como Ernani Braga, Villa-Lobos e Frutuoso Viana.
“Marco ponta, seu puliça…”
Início da década de 80, do século passado. Aos vinte e poucos anos, integrava a briosa equipe de esportes da Rádio Difusora, em Osasco (SP), como repórter de campo.
Rebelde sem causa, comecei a inventar de ir além das minhas funções, imiscuindo no trabalho do narrador, do comentarista e da produção.
Em bom português: enchendo o saco e criando caso com a equipe toda.
Até que o dono da rádio me chama e conta a seguinte historinha:
“Um dia a polícia resolveu dar uma batida na zona (puteiro em paulistês, brega em baianês) de uma cidadezinha local.
Mulheres de um lado, homens de outro.
A profissão delas, desnecessário perguntar. Então as nobres otoridades legitimamente constituídas passaram a perguntar a profissão dos homens.
-Engenheiro, disse um
-Contador, disse outro
-Professor, disse mais outro
-Bancário, disse um outro
-Agricultor, disse outro
E fiquemos por aqui, antes que isso vire um Guia de Profissões.
Ah, faltou mais um:
-Marco ponta esquerda, disse o baixinho atarracado
-Que c…. (c… é o equivalente a porra em baianês) é isso de marco ponta esquerda?, Perguntou o policial, antes de dar um corretivo no sujeito (naquele tempo polícia perguntava antes de meter porrada, porque corretivo é só eufemismo).
Ao que o baixinho respondeu, todo cioso de suas funções:
-Eu sou lateral direito do time da cidade, portanto seu puliça, eu marco ponta esquerda.
Rebelde com causa aos 63 anos, às vezes é preciso aprender com lições jamais aprendidas.
Marcar ponta e ponto final!
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