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O Conjunto Penal de Itabuna (CPI) realizou, na manhã de quinta-feira (19), o evento “Agosto Lilás – Mês de Proteção à Mulher”, com a participação de 30 reeducandas atualmente custodiadas na unidade. Coordenado pelas equipes dos setores de Serviço Social e de Assistência Jurídica, o evento contou a participação de instituições convidadas, a exemplo do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), e da professora e advogada militante na área de direito de Família, Fernanda Guimarães. O encontro foi proporcionado pela empresa Socializa – Soluções em Gestão, que administra o presídio em regime de cogestão com o Governo do Estado.

Durante a programação, chamou a atenção a forma participativa das reeducandas, inclusive expressando situações de violência doméstica de que já foram vítimas. “Vivemos em um mundo machista, mas precisamos entender que não somos o sexo frágil”, descreveu uma das reeducandas.

“Por isso considero importantes todas as iniciativas como essa, que a unidade nos oferece, que nos abrem os olhos para o feminismo. Hoje, lemos Ângela Davis e entendemos nossa posição”, completou, citando os diversos projetos realizados na unidade, a exemplo do Programa Remição pela Leitura e outros, em parceria com órgãos do Poder Judiciário.

A advogada Fernanda Guimarães falou sobre os aspectos jurídicos da Lei Maria da Penha, enquanto a equipe do CRAM, composta pela assistente social Camila Santos Menezes e a assessora Lindiane Ferreira Hage, focou na discussão de casos concretos de violência, em que as próprias internas identificavam os tipos de violência que tratava cada situação.

“É importante que saibamos identificar os tipos de violência, porque assim temos condições de reconhecer cada uma, nas situações diversas. Muitas vezes até são relevadas, por serem tão corriqueiras na vida de muitas mulheres”, afirmou.

Violentômetro

O diretor do Conjunto Penal de Itabuna, Major PM Adriano Valério Jácome da Silva, também direcionou mensagem a todas as reeducandas, reforçando o compromisso da direção da unidade com o desenvolvimento de ações e projetos que elevem a autoestima e despertem o interesse pela busca de direitos de cada uma. “A realização de eventos como o de hoje é um grande desafio, mas o sucesso do que foi apresentado hoje nos dá a certeza de que podemos avançar na realização de outros, observando as condições de segurança sanitária e todos os protocolos preconizados pela autoridades de saúde”, afirmou.

Como parte da programação, foi distribuído farto material informativo, entre eles um cartão do chamado “violentômetro”, em que a mulher pode identificar, de forma simples, o tipo de violência que porventura tenham sofrido ou estejam sofrendo, e verificar na escala de um a 28, a intensidade dessa violência e os riscos a que esteve ou está exposta.

“Gostaria que todas pudessem fazer essa identificação, para que possamos, enquanto empresa gestora, por meio do Corpo Técnico da unidade, fazer essa devolutiva, aí já com acompanhamento jurídico, social e psicológico”, afirmou o gerente administrativo da Socializa, Yuri Damasceno.

O evento foi encerrado pelo diretor-adjunto do CPI, Bernardo Cerqueira Dutra. Participaram ainda o gerente operacional da Socializa, Weslen Luz, e o coordenador de Segurança da Unidade, Fábio Vivas. Ao final, foi servido um lanche, com objetivo de promover maior integração e confraternização entre as mulheres, celebrando de maneira leve o mês dedicado à proteção e ao combate à violência de que muitas são vítimas no Brasil e no mundo.