Posse de Silmara, em 19 de abril de 2017, na Presidência da ALITA, em Itajuípe

Posse de Silmara, em 19 de abril de 2017, na Presidência da ALITA, em Itajuípe

Efson Lima

 

efson limaNo dia 12 de junho nascia Silmara Oliveira. Ano? Não é bom anunciar idade de dama. Nasceu itajuipense, mas suas contribuições ultrapassam os limites daquela cidade de lago, alcança todo o sul da Bahia e possui reflexos no Estado. Há pessoas que nascem com brilho, a criatividade é esteio  e  aquilo que o mundo das organizações chama de “iniciativa” é latente em algumas figuras. No ano passado, 2020, perguntei a Celina Santos para saber quem estava na presidência da Academia de Letras de Itabuna ( ALITA) e se poderia construir o Festival Literário Sul-Bahia (FLISBA), na sequência, eu recebia uma ligação da professora Silmara Oliveira. Desde então, a professora Silmara  sempre presente nas reuniões, sugerindo e fazendo proposições. O espírito colaborativo foi norteador dessas ações. O Flisba jamais foi o mesmo.  Ela sempre compondo, juntando e somando. Características raras em uma sociedade cada vez mais incendiária.

silmara (2) Há pessoas que nascem e cumprem com suas missões, desígnios… Outras recebem desafios. São testadas e experimentadas na luta.  Sabemos que nem sempre por mérito aos homens são reservados espaços distintos, cujas circunstâncias sociais conhecemos muito bem. Já as mulheres, “elas que corram, elas que sonhem e lutem para ocupar algum lugar na sociedade”. Não quero aqui legitimar essa prática, pois, dela quero distância. Entretanto, não podemos deixar de situar a construção do fenômeno Silmara Oliveira, visto que, certamente, ela teve que superar esses obstáculos para ser esse farol. Assim, temos a ensaísta, professora, escritora, poeta e gestora cultural, cujo espírito empreendedor a fez liderar um cineclube em Itajuípe, aproximadamente, por 10 anos; prospectou e implementou o Memorial Adonias Filho na cidade. Não obstante, atualmente, exerce a função de Diretora Cultural no Município de Itajuípe e a presidência da Academia de Letras de Itabuna pela terceira vez consecutiva.  Fico aqui para não falar da vida doméstica, assim evito confusão com Ulisses, Júlia e seu companheiro Marcos Luedy, nosso poeta – ambientalista.

Brevemente, aí está um curto traçado do currículo da professora Silmara Oliveira, estudiosa, fez mestrado na Universidade Estadual de Santa Cruz. Foi burilar, colocar o nariz  e fazer a defesa da  produção literária do escritor Adonias Filho e o impacto dessas obras para o turismo. Lendo agora o livro de Silmara Oliveira: “Uma interpretação Cultural para o Turismo a partir da Obra de Adonias Filho”, livro publicado pela Editora Mondrongo. Estou a apreciar como a ensaísta se calçou em gigantes para fundamentar sua pesquisa e como bem soube articular os fundamentos teóricos.  Muitos possuem técnicas, mas naufragam. Muitos possuem informações, mas não conseguem transformar em conhecimento. A professora Silmara Oliveira baila, a escrita parece ser sua voz em nossos ouvidos e faz melodia. Topograficamente é uma privilegiada, conhece como ninguém a obra e as andanças do escritor, os detalhes que só com o nariz dela é possível nos colocar a par.  Nós do sul da Bahia e, aqui não é com o bairrismo/regionalismo, não precisamos recorrer autoridades externas para falar de Adonias Filho, pois, temos uma autoridade maior no assunto.

E a Silmara Oliveira, imortal? Pois bem, essa ocupa a cadeira n.º 02, da Academia de Letras de Itabuna. Desde 19 de abril de 2017 exerce a presidência da ALITA, passando pelo escrutínio próprio dos pares a cada dois anos. Ela está no terceiro mandato.  Em outro momento quando escrevi sobre os 10 anos da ALITA, disse o seguinte: “Sem dúvida, o exercício da presidência da Academia por  Silmara Oliveira conferiu uma visibilidade para a instituição. A voz marcante da professora vai cativando todos por onde passa. Estudiosa da obra de Adonias Filho arrasta todos aqueles que acreditam na educação como instrumento de transformação. A ALITA teve nas suas presidências, inclusive, de Sônia Maron, a capacidade de juntar e superar os desafios.” Desafios que não faltam para a nossa sociedade, cada vez mais polarizada, menos leitora e com um oceano ardiloso de fake News.

 

A professora Silmara Oliveira é uma daquelas mulheres que saltou a pedra espinho para demarcar sentido e oferecer caminhos e reflexões para todos nós. Ela sempre presente nos saraus com sua voz cativante. A sua presença nos espaços reverbera conteúdo de qualidade.

 

Efson Lima é advogado e professor universitário. Doutor, mestre e bacharel em Direito/UFBA. Um dos organizadores do Festival Literário Sul-Bahia (FLISBA). Coordenador do Bardos Baianos – Litoral Sul. Escritor. Das terras do sul da Bahia.