Habemus, Silmara Oliveira! Uma educadora e estudiosa da literatura sulbaiana
Efson Lima
No dia 12 de junho nascia Silmara Oliveira. Ano? Não é bom anunciar idade de dama. Nasceu itajuipense, mas suas contribuições ultrapassam os limites daquela cidade de lago, alcança todo o sul da Bahia e possui reflexos no Estado. Há pessoas que nascem com brilho, a criatividade é esteio e aquilo que o mundo das organizações chama de “iniciativa” é latente em algumas figuras. No ano passado, 2020, perguntei a Celina Santos para saber quem estava na presidência da Academia de Letras de Itabuna ( ALITA) e se poderia construir o Festival Literário Sul-Bahia (FLISBA), na sequência, eu recebia uma ligação da professora Silmara Oliveira. Desde então, a professora Silmara sempre presente nas reuniões, sugerindo e fazendo proposições. O espírito colaborativo foi norteador dessas ações. O Flisba jamais foi o mesmo. Ela sempre compondo, juntando e somando. Características raras em uma sociedade cada vez mais incendiária.
Há pessoas que nascem e cumprem com suas missões, desígnios… Outras recebem desafios. São testadas e experimentadas na luta. Sabemos que nem sempre por mérito aos homens são reservados espaços distintos, cujas circunstâncias sociais conhecemos muito bem. Já as mulheres, “elas que corram, elas que sonhem e lutem para ocupar algum lugar na sociedade”. Não quero aqui legitimar essa prática, pois, dela quero distância. Entretanto, não podemos deixar de situar a construção do fenômeno Silmara Oliveira, visto que, certamente, ela teve que superar esses obstáculos para ser esse farol. Assim, temos a ensaísta, professora, escritora, poeta e gestora cultural, cujo espírito empreendedor a fez liderar um cineclube em Itajuípe, aproximadamente, por 10 anos; prospectou e implementou o Memorial Adonias Filho na cidade. Não obstante, atualmente, exerce a função de Diretora Cultural no Município de Itajuípe e a presidência da Academia de Letras de Itabuna pela terceira vez consecutiva. Fico aqui para não falar da vida doméstica, assim evito confusão com Ulisses, Júlia e seu companheiro Marcos Luedy, nosso poeta – ambientalista.
Brevemente, aí está um curto traçado do currículo da professora Silmara Oliveira, estudiosa, fez mestrado na Universidade Estadual de Santa Cruz. Foi burilar, colocar o nariz e fazer a defesa da produção literária do escritor Adonias Filho e o impacto dessas obras para o turismo. Lendo agora o livro de Silmara Oliveira: “Uma interpretação Cultural para o Turismo a partir da Obra de Adonias Filho”, livro publicado pela Editora Mondrongo. Estou a apreciar como a ensaísta se calçou em gigantes para fundamentar sua pesquisa e como bem soube articular os fundamentos teóricos. Muitos possuem técnicas, mas naufragam. Muitos possuem informações, mas não conseguem transformar em conhecimento. A professora Silmara Oliveira baila, a escrita parece ser sua voz em nossos ouvidos e faz melodia. Topograficamente é uma privilegiada, conhece como ninguém a obra e as andanças do escritor, os detalhes que só com o nariz dela é possível nos colocar a par. Nós do sul da Bahia e, aqui não é com o bairrismo/regionalismo, não precisamos recorrer autoridades externas para falar de Adonias Filho, pois, temos uma autoridade maior no assunto.
E a Silmara Oliveira, imortal? Pois bem, essa ocupa a cadeira n.º 02, da Academia de Letras de Itabuna. Desde 19 de abril de 2017 exerce a presidência da ALITA, passando pelo escrutínio próprio dos pares a cada dois anos. Ela está no terceiro mandato. Em outro momento quando escrevi sobre os 10 anos da ALITA, disse o seguinte: “Sem dúvida, o exercício da presidência da Academia por Silmara Oliveira conferiu uma visibilidade para a instituição. A voz marcante da professora vai cativando todos por onde passa. Estudiosa da obra de Adonias Filho arrasta todos aqueles que acreditam na educação como instrumento de transformação. A ALITA teve nas suas presidências, inclusive, de Sônia Maron, a capacidade de juntar e superar os desafios.” Desafios que não faltam para a nossa sociedade, cada vez mais polarizada, menos leitora e com um oceano ardiloso de fake News.
A professora Silmara Oliveira é uma daquelas mulheres que saltou a pedra espinho para demarcar sentido e oferecer caminhos e reflexões para todos nós. Ela sempre presente nos saraus com sua voz cativante. A sua presença nos espaços reverbera conteúdo de qualidade.
Efson Lima é advogado e professor universitário. Doutor, mestre e bacharel em Direito/UFBA. Um dos organizadores do Festival Literário Sul-Bahia (FLISBA). Coordenador do Bardos Baianos – Litoral Sul. Escritor. Das terras do sul da Bahia.