Basia Piechocinska

basia pier 6 (foto Ana Lee)Não é fácil encontrar equilibro na dualidade da vida. Este mundo é cheio de contrastes, extremos opostos, coisas que gostamos e odiamos, coisas boas e ruins, há altos e baixos, exaltação e depressão, amor e medo. Parece que o nosso trabalho é de navegar entre esses extremos, procurando o equilíbrio.

Quando toda nossa existência está investida neste jogo entre os dois extremos os altos ficam cegamente altos e os baixos cegamente baixos. Quando estamos nos altos nos sentimos invencíveis e nos baixos como se este fosse o fundo de tudo, sem nenhuma esperança de mudar. Raramente conseguimos manter uma visão ampla e entrar em contato com a nossa sabedoria.

É este o nosso lote na vida? Ou existe alguma forma de mitiga-lo?

b píe (1) 999Existe sim. E a notícia boa é que ninguém pode arrancar a ferramenta de mitigação de você. Você só precisa começar usa-la. Ela é como uma terceira perna. Deixe-eu explicar.

Imagine uma cadeira com duas pernas. Ela fica muito instável. Qualquer ventinho a faz cair. Ela é como nos quando operamos só com a dualidade, com os dois extremos. Agora, imagine que acrescentamos mais uma perna a esta cadeira. De repente a cadeira não sucumbe mais aos ventinhos, nem aos ventos. Ela continua equilibrada, estável. Será que podemos encontrar uma terceira perna para ajudar equilibra-nos? Pois é. Já a temos.

A nossa terceira perna é o nosso ser, a nossa essência, a nossa existência. Parece tão banal que nem pensamos em usa-la de forma ativa como ferramenta estabilisadora para o mundo dual. Quando deixamos de identifica-nos com as coisas que experienciamos, e sim com quem as experiência, começamos apoia-nos na nossa terceira perna.

b píe (2)Exatamente o que significa “deixar de identificar-se com as coisas que vivemos”? O antigo, milenar, processo “Neti, neti” dos Vedas nos explica. Olhe para qualquer experiência que você esteja tendo e veja que ela é uma experiência e não você. Começando, podemos pensar no nosso corpo. No processo de ver o corpo identificamos que ele é uma experiência, não você. É você quem vivencia seu corpo, não ao contrário. Então ele não é “você”. Assim continuamos para os pensamentos, sentimentos, etc. E com cada coisa vemos que esses não somos nós, são as nossas vivências, que aparecem e desaparecem, mas nós continuamos.

Este tipo de pesquisa interna logo traz o conhecimento de que não somos homens our mulheres, nem seres humanos, nem pessoas. Tudo aquilo são as nossas experiências. Identificando com a consciência que somos deixamos de investir tanto no ego e nas coisas duais deste mundo. Temos um outro apoio, a terceira perna, que nos deixa em equilíbrio independente das circunstâncias. Quanto mais enraizados estamos na identificação como os que vivenciam, mais estáveis ficamos e mais podemos desfrutar do espetáculo que estamos assistindo e vivendo.

E como fazer este enraizamento acontecer? Com prática. Praticando o processo “Neti, neti”.