Efson Lima

efson limaO Brasil tem sido um aventureiro nas relações exteriores para não considerar um desastre durante o atual Governo. Em 2019, o aventado Acordo Mercosul – União Europeia representou um fôlego, mas a sua implementação ficou incerta pois, ainda durante o anúncio e nos dias que se seguiram o comportamento da gestão bolsonarista com o meio ambiente não agradou os países europeus. Veio também a notícia do ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), cuja entrada é duvidosa.

Para além dessas ações, nos últimos meses, a postura brasileira diante da Organização Mundial do Comércio (OMC), cuja direção-geral do órgão está a cargo do baiano Roberto Azevêdo, que é diplomata de carreira e a recente indicação do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, para o Banco Mundial evidenciam que o Brasil não conseguiu estabelecer uma estratégia clara no plano internacional, exceto, se entendermos à subserviência aos EUA como estratégico.
roberto azevedoNa OMC, Roberto Azevêdo comunicou a sua renúncia da direção -geral da entidade. É difícil liderar acordos de livre comércio e defender uma economia de mercado quando o governo brasileiro não se movimenta para apoiar e legitimar as decisões. Tornou-se um tremendo desafio se manter na função. A renúncia do brasileiro não necessariamente é um abalo pessoal, mas ofusca a diplomacia brasileira e a elite do funcionalismo público. Atrapalha as estratégias futuras do Brasil no cenário internacional. Os governos passam, o Brasil queremos que fique e que seja muito melhor para a atual geração e as futuras.

A indicação de Abraham Weintraub para uma das diretorias do Banco Mundial foi um prêmio para quem não cuidou da educação brasileira. Talvez, tenha sido a forma escolhida pelo Governo brasileiro para reconhecer o mérito. Mas nega as cotas e chama de esmola o auxílio emergencial para os artistas em situação pandêmica de COVID-19. Ao Banco Mundial custará caro essa presença. O Encontro de Bretton Woods em 1944 não foi orquestrado para beneficiar a incompetência humana, mas para buscar o desenvolvimento dos países e assegurar o equilíbrio global e fomentar as competências humanas, especialmente, por meio da educação. É contraditório o ingresso do ex-ministro no rol de diretores do Banco Mundial.

O Brasil está perdendo as condições de liderar na América do Sul, assim como enfrentará grandes dificuldades para se manter e ocupar espaços nos órgãos multilaterais. Talvez, com muito custo e subserviência conseguirá fazer parte do seleto clube da OCDE, cuja pretensão de entrar exigiu a renúncia de alguns benefícios.

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Efson Lima (efsonlima@gmail.com) é  Professor universitário, Doutor em Direito/UFBA e Escritor.