O Instituto Serrapilheira anunciou os primeiros pesquisadores grantees que terão o apoio renovado e receberão até R$ 1 milhão, cada um. Doze cientistas selecionados pela Chamada Pública nº 1 (2017) serão contemplados com novo financiamento para investir em seus projetos pelos próximos três anos, com flexibilidade no emprego de recursos. Nesse momento, promover a diversidade na ciência é requisito para a concessão do valor total. Um dos pesquisadores incluidos no projeto é Alexander Birbrair, da Universidade Federal de Minas Gerais – MG. na área Ciências da Vida, que pesquisa a Regulação do câncer pelo sistema nervoso periférico.

Os projetos apoiados pelo Serrapilheira buscam responder a grandes questões de suas áreas do conhecimento. O instituto apoia pesquisas ousadas, ainda que envolvam estratégias de risco, e procura dar a liberdade demandada pela atividade científica, a fim de que os cientistas possam desenvolver seus projetos em longo prazo.

“Queremos investir em mentes criativas e produtivas porque temos a convicção absoluta de que o conhecimento é um valor fundamental”, afirma o diretor-presidente do Serrapilheira, Hugo Aguilaniu. O princípio do instituto é concentrar recursos em poucos projetos mas com forte potencial, lembra o diretor, em investigações que apostam no desenvolvimento de uma ciência internacionalmente competitiva.

 

Esse é o mais alto aporte de recursos que o Serrapilheira oferece a pesquisadores. Na primeira fase da Chamada Pública nº 1, foram selecionados 65 cientistas entre 1.955 inscritos para receber até R$ 100 mil, cada um, por um ano. Na ocasião, o objetivo era mapear a pesquisa conduzida por jovens doutores no Brasil e oferecer o chamado seed money, visando alavancar o desenvolvimento de seus projetos.

Na segunda fase, revisores nacionais e internacionais, além do Conselho Científico do Serrapilheira (CC), reavaliaram os pesquisadores. “Esses doze foram escolhidos dentre quase 2 mil inscritos, ou seja, foram contempladas apenas 0,6% das propostas encaminhadas; foi um processo extremamente competitivo”, comenta o presidente do Conselho Científico, Edgar Zanotto.

Estímulo à diversidade na ciência

Do financiamento de R$ 1 milhão disponibilizado aos grantees, R$ 700 mil são concedidos de forma incondicional. Os R$ 300 mil restantes estão condicionados à integração e formação de pesquisadores de grupos sub-representados em suas equipes de pesquisa. A adesão a esse mecanismo é voluntária, ou seja, os pesquisadores podem optar por receber ou não o valor destinado às práticas de estímulo à diversidade.

“Reconhecemos que o problema da diversidade e inclusão na ciência é histórico e complexo. Por meio deste pequeno passo, buscamos sensibilizar os grantees a atentar a essa questão, de modo que possam efetivamente contribuir para a construção de uma ciência brasileira mais diversificada”, destaca a diretora de pesquisa científica, Cristina Caldas. “Com a entrada de novos perfis nesse campo, pessoas que antes não consideravam a pesquisa como um caminho profissional entenderão que também podem se tornar cientistas.”

Em 2019, o Serrapilheira vai consolidar suas políticas de diversidade, que estão sendo trabalhadas por um comitê estruturado para este fim. Até então, o instituto vinha promovendo ações pontuais: foi concedido, por exemplo, um apoio extra de R$ 10 mil às pesquisadoras que tiveram filhos durante o grante, nas chamadas públicas, o prazo de conclusão do doutorado foi estendido em até dois anos para as candidatas que são mães. Também foram financiados eventos dedicados à discussão deste tema. “Uma ciência diversificada é uma ciência melhor”, completa Caldas.

A pesquisa de Alexander Birbrair, estuda a regulação do câncer pelo sistema nervoso periférico. É sabido que o sistema nervoso periférico é essencial para o crescimento e a manutenção dos órgãos. Por outro lado, pouco se conhece a respeito da função das projeções nervosas e das células a elas associadas na progressão do câncer nesses órgãos. O objetivo da pesquisa é investigar o sistema nervoso periférico no microambiente tumoral, cujos componentes têm um papel na regulação do comportamento das células de câncer.