Eulina Lavigne

 eulina lavigneHá 29 anos quando iniciei a minha formação em terapeuta, tive o privilégio de conviver com a querida educadora Cibele Amado. Me lembro que ao escrever o seu trabalho de conclusão de curso, nos chamou à atenção sobre a palavra Educador: aquele que educa a dor do outro.

E pensando aqui com esses pássaros que cantam, estamos aqui para educar a dor do outro e vice e versa. Além de sermos EducaDores somos educados por nossas dores.

Mês passado tomei uma queda na cidade, e para não cair de cara no chão me joguei de lado e bati o tórax. Um senhor me levantou e fui almoçar. Quando sentei percebi uma dor intensa no peito quando respirava.

dor 2Como não sou adepta a ser diagnosticada de imediato por médicos e sim sentir a minha dor e pedir auxilio à mãe terra, a argila, fui para casa e fiz aplicações diárias e constantes com óleos essenciais. Me curei e depois fui tirar uma radiografia que me indicou que estava tudo bem.

Durante este processo, me dei conta de que carregava uma dor no peito que não me pertencia e pude fazer uma autoconstelação, recurso terapêutico desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger, devolvendo-a a quem de direito, pois, as minhas dores já são suficientes para serem processadas. Enfim, me senti mais leve e respirando com uma profundidade que há muitos anos não respirava.

Estamos, desde o inicio do ano vivendo um mar de dores. Dores profundas e coletivas. Dores que machucam a Alma. Estamos sendo chamados para olhar para essa dor.

Olhar para as nossas dores é abrir possibilidades para a cura da dor da humanidade. Esse inconsciente coletivo que está nas entranhas das nossas células e que, vez por outra, vai emergindo e mostrando o quanto somos frágeis e o quanto precisamos do outro para estar presente em nossos desafios diários.

Eu só sou com o outro. E enquanto fugir de mim, vou me deparar com o que preciso olhar. Não há mais escapatória. Não há mais tempo a perder.

Se não me vejo em mim vou me ver no outro. E o outro vai me incomodar, e se incomoda é porque preciso prestar a atenção no que ele me revela que não quero ver.

Assim vamos sendo educados. Ultimamente nossa grande educadora tem sido a Mãe Natureza. Dizem que ela se vinga e reverto este olhar para cuidado.

Ou com seca ou com chuva, a natureza vem nos educando e pedindo para preservarmos a água; evitarmos desperdícios; plantarmos mais árvores; jogarmos menos lixo no chão; poluirmos menos; sermos solidários uns com os outros; valorizarmos o que temos; consumirmos menos,  enfim, são tantos os ensinamentos que só não ver quem deseja permanecer com a venda nos olhos. Então, prepare-se pois a cabeça vai bater no poste.

Como toda pancada, vai doer. Vai doendo na Alma, vai doendo na Alma até que se manifesta no corpo por meio das doenças, que nos revelar esta dor.

Como diz Flaira Ferro, em sua música cordões umbilicais: Sou a maldade em crise tendo que reconhecer as fraquezas de um lado que nem todo mundo vê…eu me rendo da vaidade que destróis as relações. Para me encher do que importa, preciso me esvaziar, minhas feras encarar e me reconhecer hipócrita!