carlos marighella

(Bahia Noticias)- O guerrilheiro Carlos Marighella foi absolvido em um júri popular simulado promovido pela Defensoria Pública da Bahia (DP-BA). Marighella foi interpretado pelo ator Fábio de Santana, do Bando de Teatro Olodum. O guerrilheiro foi considerado o inimigo número um da ditadura militar. Ele foi morto em uma emboscada por agentes do Estado. A defesa de Marighella foi feita pelo defensor público Raul Palmeira, já a acusação foi interpretada pelo defensor público Henrique Bandeira. Ao defensor público André Cerqueira Lima, coube o papel de juiz.

juri mari“Muito interessante que a cada momento vão acontecendo coisas novas. Aqui mesmo, em 2011, Marighella foi julgado pela Comissão de Anistia e foi anistiado com toda a pompa e circunstância. Porém, esse julgamento de hoje foi muito mais emocionante. Foi algo que me fez refletir e acho que provou para todo mundo aqui como Marighella foi espezinhado. Aquela infâmia toda que se propagou sobre ele foi exposta. Eu, como familiar e militante, acho que serviu muito para aplacar toda essa dor que toda a família sentiu pelo tratamento que ele teve”, disse o filho de Marighella, o advogado Carlos Augusto Marighella. O ator Fábio de Santana afirmou que foi uma “honra” interpretar Marighella. “Foi desafiador e prazeroso dar vida a Marighella, que é um ícone de luta e resistência do povo brasileiro”, declarou.

Em sua fala, o defensor público geral, Clériston Cavalcante de Macêdo, destacou que a Defensoria Pública como agente transformador social tem por obrigação institucional fazer com que determinados assuntos sejam colocados na ordem do dia: “É importante para a Instituição trazer esse tema à baila para que possamos conhecer mais da história, compreendê-la e não cometer na atualidade os equívocos que outrora foram cometidos”.

 

Ao final do julgamento, o público conheceu mais da história de Carlos Marighella com a palestra do jornalista Mário Magalhães, autor do livro Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo. “A Defensoria não defendeu o Marighella, mas ofereceu um julgamento para ele. Isso tem envergadura histórica. Durante toda a sua vida ele não teve direito a um julgamento justo. O primeiro ocorreu em 1937 por um tribunal de exceção, não previsto pela Constituição, e instaurado por um governo autoritário do presidente Getúlio Vargas. Os últimos julgamentos ocorreram durante a ditadura de 1964”, afirmou Mário Magalhães.