Mini Fábrica -Escola Fenagro - Foto - Divulgação (5)O sonho de uma formação técnica ou de montar o próprio negócio tem se tornado viável para os estudantes que podem optar em fazer um curso técnico de nível médio, se preparando para o mundo do trabalho ou para ser um empreendedor. Para tanto, a Secretaria da Educação do Estado tem ampliado e expandido a oferta de cursos para toda a Bahia. Neste ano, foram ofertadas 160 mil vagas.

O número de unidades ofertantes na rede estadual, entre 2015 e 2018, também foi ampliado de 172 para 225 e o número de cursos de 71 para 83. Dentre as 225 unidades ofertantes, 38 são Centros Estaduais de Educação Profissional e 41 são Centros Territoriais, com 34 anexos de Centros com ofertas exclusivas de cursos técnicos de nível médio. As demais 112 unidades ofertantes são compartilhadas. Além disso, estão sendo ofertados cursos de qualificação de curta duração em diversas unidades escolares, fazendo com que a Educação Profissional chegue a mais de 340 municípios.

profEstes números refletem os avanços da rede de Educação Profissional do Estado da Bahia no cenário nacional, que é apontada como a segunda maior do Brasil e a primeira do Nordeste. Além da oferta de cursos pelo próprio Estado, a Secretaria da Educação também é executora de programas federais como PRONATEC FIC, MEDIOTEC e PROJOVEM Urbano e Rural.

A oferta dos cursos é contextualizada nos 27 Territórios de Identidade da Bahia, considerando a pluralidade e diversidade cultural, bem como as suas características socioeconômicas e ambientais. Deste modo, os estudantes são preparados para uma inserção no mundo do trabalho e, também, para serem empreendedores sociais e agentes de transformação nos locais onde vivem. Além disso, os estudantes contam com o incentivo de programas estratégicos do Governo como o Primeiro Emprego, que lhes garante a primeira experiência profissional.


Fábricas-escolas na capital e no interior

Quanto à Educação Empreendedora, a Secretaria da Educação do Estado tem fomentado a instalação das Fábricas-Escolas. Já foram inauguradas a Fábrica-Escola do Chocolate, vinculada ao Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) do Baixo Sul, no município de Gandu; a Fábrica-Escola do Chocolate Deize Silva Santana, no Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Nelson Schaun, em Ilhéus; a Fábrica-Escola do Chocolate no Centro de Educação Profissional (CEEP) da Floresta do Cacau e do Chocolate Milton Santos, no Assentamento Terra Vista, no município de Arataca; a Fábrica-Escola do Couro, no Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) Bacia do Jacuípe, no município de Ipirá; e a Fábrica-Escola da Construção Civil no Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) em Gestão Severino Vieira, localizado no bairro de Nazaré, em Salvador.

Instalados nos Centros de Educação Profissional e Tecnológica, esses equipamentos servem como laboratório para que os estudantes que fazem os cursos técnicos de nível médio tenham aulas práticas e possam desenvolver projetos, pesquisas e intervenções sociais, aperfeiçoando a formação profissional. As fábricas ficam abertas à comunidade local (produtores, cooperativas e agricultores familiares, por exemplo) para a capacitação e certificação de trabalhadores e para a incubação, pré-incubação e aceleração de empreendimentos.

A estudante do curso técnico em Agroindústria com ênfase em Chocolate, Maria José Ferreira, 44 anos, do CEEP da Floresta e Chocolate Milton Santos, fala sobre as novas oportunidades: “Estou muito empolgada, porque temos a oportunidade de aprender diretamente dentro da fábrica, interagindo com muita prática. O chocolate é uma cultura que está voltando a crescer e tenho muito interesse nesta capacitação para o mercado local”.

Ainda deverão ser instaladas Fábricas-Escolas do Chocolate no CETEP do Médio Rio das Contas, localizado no município de Ipiaú; a Fábrica-Escola da Carne do Sol, em Itororó, no CETEP do Médio Sudoeste da Bahia; e a Fábrica Escola da Maniçoba, em Cruz das Almas, que terá uma parceria com a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) para trabalhar com a cadeia da mandiocultura e seus subprodutos, como beiju, biscoitos, farinha e a própria maniçoba.

A Fábrica-Escola da Moqueca, em Valença, irá desenvolver tecnologias de processamento de pescados e mariscos, além do desenvolvimento e aperfeiçoamento de pratos típicos regionais. Já a Fábrica-Escola da Carne de Fumeiro, no município de Maragogipe, irá desenvolver tecnologias de processamento de carne suína, pescados e mariscos, principalmente a defumação, em parceria com comunidades quilombolas.
Intermediação tecnológica

A Educação Profissional Intermediada por Tecnologia (EPITEC) também já é uma realidade na rede estadual. O curso por intermediação tecnológica de nível médio em Redes de Computadores está sendo feito, em fase piloto, por 90 estudantes do Colégio Estadual Luiz Tarquínio, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Com duração de um ano, a ação é realizada pela Secretaria da Educação do Estado, em parceria e certificação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Os estudantes assistem aulas transmitidas ao vivo pelos professores do SENAI diretamente do estúdio, situado no município de Lauro de Freitas, e auxiliados presencialmente por um monitor em cada turma, no Colégio Luiz Tarquínio. Nas aulas são usados diversos recursos, entre eles o ambiente virtual de aprendizagem, através do qual o aluno pode praticar o que é ensinado pelo professor, como por exemplo desenrolar um cabeamento de rede em uma empresa.
Regime de alternância

Outra oferta diferenciada da rede são os cursos em Regime de Alternância, por meio dos quais os estudantes passam parte do tempo na escola e parte nas suas comunidades. A iniciativa beneficia, especialmente, pescadores, marisqueiras e agricultores familiares. Em parceria com a Secretaria da Agricultura do Estado/Bahia Pesca, a oferta é do curso técnico em Aquicultura e de cursos na modalidade Formação Inicial e Continuada (FIC) para a difusão e transferência de tecnologias de produção de pescado e pesca. Por meio do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX) e da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado estão sendo ofertados os cursos técnicos em Agroecologia e cursos FIC. Com o Ministério da Educação (MEC), a rede oferta cursos de qualificação em Agroecologia.
Escolas Transformadoras

A formação de gestores escolares dos Centros e unidades compartilhadas da Educação Profissional e Tecnológica faz parte das ações de requalificação da rede. Por meio do Programa Escolas Transformadoras, idealizado pela instituição internacional Ashoka, parceira do Instituto Alana, no Brasil, a Secretaria da Educação do Estado promoveu a formação de gestores. A proposta é que estes educadores possam se apropriar em seus próprios territórios e continuar atuando em prol de uma educação que forme os estudantes para que, também eles, atuem em prol das transformações sociais dos locais onde vivem. Neste sentido, a formação estabelece a integração entre o currículo escolar com as características empreendedoras dos estudantes, associadas aos seus aspectos socioemocionais.

Escritórios Territoriais e Criativos

Uma inovação na rede estadual de Educação Profissional são os Escritórios Territoriais e Criativos, que estão sendo implantados nas unidades da rede para a elaboração de projetos com foco no desenvolvimento e apoio a arranjos produtivos locais/territoriais em parceria com a AGTER/SEPLAN, em sete Territórios de Identidade do Estado. Os escritórios cumprem um papel de apoiar com consultorias e assistência técnica cooperativas, associações e empresas locais, além de identificar e receber demandas por cursos técnicos nos Territórios de Identidade baianos.
Tecnologias e intervenções sociais ampliam formação

Aliando teoria e prática, os estudantes da Educação Profissional e Tecnológica se destacam no desenvolvimento de tecnologias sociais de baixo custo e de grande alcance social, que, geralmente, apresentam soluções viáveis para problemas verificados nos Territórios de Identidade onde vivem. Algumas destas experiências, inclusive, se destacam e são apresentadas em eventos de alcance nacional e internacional.

Os estudantes do curso técnico de nível médio em Meio Ambiente, do CEEP da Floresta e Chocolate Milton Santos, no município de Arataca, por exemplo, desenvolveram o projeto “Embalagens sustentáveis de banana verde”, idealizado pelo professor e orientador Robson Almeida da Silva. O projeto concorreu ao prêmio nacional “Respostas para o amanhã”, por meio de júri popular, e tem a proposta de dar um novo destino à banana verde produzida, pelo fato de ser abundante na região.

A ideia é fabricar embalagens sustentáveis de banana verde, como copos, bandejas e outras vasilhas, que acondicionem alimentos que têm grande capacidade de decomposição quando descartadas na natureza. “Verificamos que as embalagens podem revolucionar a indústria de recipientes, uma vez que as pessoas no mundo inteiro estão buscando novas possibilidades para diminuir o uso de embalagens plásticas derivadas do petróleo, na tentativa de minimizar os danos provocados à natureza. E esta é uma matéria-prima abundante na região”, afirmou o professor.

A preocupação com a sustentabilidade ambiental e com o desenvolvimento econômico e social dos Territórios de Identidade é um traço marcante nos projetos dos estudantes da Educação Profissional e Tecnológica. Outro exemplo é o defumador artesanal feito a baixo custo, a partir do reaproveitamento de sucatas, que foi um dos 25 projetos apresentados durante o Virtual Educa Bahia 2018.

Elaborado pelos estudantes Laís Ferreira, 17, e Alisson Araújo, 18, que fazem o curso de Agropecuária, no CEEP do Semiárido, no município de São Domingos, o Eco Defumador defuma a carne sem produtos químicos, podendo ser conservada por até dois meses. “O nosso projeto visa promover a conservação dos alimentos e incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias”, conta Laís.

Já os estudantes Jefferson Teixeira e Emiliana Dantas, do CETEP Litoral Sul, no município de Maraú, apresentam o projeto “Programa Fitoterápico de Implementação de Farmácia Viva”. Os alunos fizeram um levantamento etnobotânico na busca das plantas usadas pela comunidade de Saquaíra, também localizada em Maraú. O estudo incluiu seleção de espécies, catalogação e produção de mudas, orientação à comunidade escolar sobre o uso de forma racionalizada das plantas medicinais, além da implantação da Farmácia Viva na unidade de Saúde da Família de Saquaíra.

O projeto ‘Uso tradicional de Moringa’ também chamou a atenção no Virtual Educa Bahia 2018. A partir dessa planta, as estudantes Évila Santos e Ediclécia Alves, do CETEP da Bacia do Jacuípe, no município de Ipirá, desenvolveram uma pomada para uso animal. “A moringa é um repetente e cicatrizante naturais. Então, desenvolvemos uma pomada de baixo custo e acessível a produtores rurais para uso em seus animais”, explicou Évila.

As feiras, mostras e fóruns de Educação Profissional e Tecnológica são diferenciais metodológicos que envolvem diretamente os estudantes, por meio dos quais os futuros técnicos de nível médio realizam intervenções sociais e prestam serviços gratuitos à comunidade. O CETEP de Irecê, por exemplo, realizou, neste ano, a segunda edição do CETEP na Praça. A iniciativa visa divulgar para a população os cursos e o trabalho realizado pelo centro, que todos os anos recebe estudantes de 14 municípios da região. A experiência possibilita que os estudantes vivenciem situações características ao exercício das futuras profissões.

Para a realização da feira, foram montados oito estandes relacionados aos cinco eixos tecnológicos e 12 cursos ofertados na unidade, como Análises Clínicas, Nutrição e Dietética, Enfermagem, Segurança do Trabalho, Agropecuária, Agroecologia, Meio Ambiente, Administração, Comércio, Logística, Publicidade e Cozinha. No estande do curso técnico em Nutrição e Dietética, os estudantes fizeram orientações nutricionais, alertando as pessoas sobre os riscos do consumo exagerado de açúcar e sal. “É muito bom poder levar informações de cuidados com a saúde para a comunidade em um evento aberto ao público. No nosso estande, mostramos a quantidade de açúcar e sódio presente em diversos produtos industrializados, como uma forma de alertá-los sobre o uso”, informou a estudante Valterluci Amado Felix, 28.
Primeiro emprego amplia oportunidades

Quem faz um curso técnico de nível médio na rede estadual também está sendo beneficiado com o Programa Primeiro Emprego, uma iniciativa do Governo do Estado que está mudando a realidade de milhares de jovens baianos. Desde que foi implantado, em 2017, o programa já beneficiou mais de cinco mil egressos da Educação Profissional e Tecnológica, encaminhados para o mundo do trabalho nas diversas áreas da saúde, tecnologia, artes e gestão, entre outras; em órgãos estaduais; e em diferentes organismos públicos e privados.

Só em órgãos vinculados à Secretaria da Educação do Estado foram absorvidos mais de 1.200 jovens. Formados por diferentes Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional da rede estadual, bem como por unidades compartilhadas, os técnicos atuam nos Núcleos Territoriais de Educação (NTE), nas escolas da capital e do interior e, também, na sede do órgão, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.

O técnico em Informática, Vinicius Sales, 20, é um dos beneficiados pelo programa. Lotado na Superintendência de Recursos Humanos da Secretaria da Educação, ele fala sobre esta primeira experiência profissional. “Meu trabalho aqui é receber os processos no sistema, finalizar e tramitar para outros setores. É uma boa experiência, porque vai me ajudar muito a conhecer e a entender como funciona o serviço público e o mercado de trabalho. Tenho certeza que vou crescer muito pessoalmente e me tornar um bom profissional aqui”, conta.

O bom desempenho no curso Técnico em Informática, no Colégio Aplicação Anísio Teixeira, em Salvador, também rendeu a Ismael Barbosa, 21, a oportunidade da primeira experiência profissional pelo programa na Superintendência de Recursos Humanos da Educação. “Aqui, eu tenho contato direto com os professores, suas programações, atuações e verifico como está o andamento das aulas. O trabalho é basicamente dar suporte aos diretores, por meio do sistema. Está sendo uma experiência ótima ter meu primeiro emprego em um grande órgão, com diversos setores e trabalhar com tecnologia, que é a minha área”, comemora, destacando a importância do Programa Primeiro Emprego para a juventude. “É uma iniciativa maravilhosa de acolher jovens, inserindo-os no mercado de trabalho e garantindo uma experiência profissional”.

Após a contratação, o participante do programa recebe um salário mínimo, auxílios transporte e alimentação e pode aderir ao plano de saúde do Estado. A jornada de trabalho é de 40 horas semanais.
Oportunidade para apenados com o PRONATEC Prisional

A qualificação profissional também está abrindo novas perspectivas de vida para cerca de 975 detentos de Salvador e de mais 17 cidades do interior do Estado, que estão fazendo cursos de qualificação profissional, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC Prisional), que, na Bahia, é executado pelas Secretarias Estaduais da Educação e da Administração Penitenciária e Ressocialização.

Ao todo, estão sendo ofertados 26 cursos, distribuídos em 49 turmas, sendo que, no sistema de regime fechado, são 15 detentos por turmas e, no aberto, 20 alunos. A iniciativa objetiva promover a reinserção na sociedade e oportunizar a capacitação para o mundo do trabalho. Uma das unidades contempladas com esta oferta é o Conjunto Penal de Itabuna, onde os detentos estão fazendo o curso de padeiro. Já na Colônia Penal de Vitória da Conquista e no Presídio Newton Gonçalves, no mesmo município, os cursos são de estampador de tecidos, manicure e pedicure. Em Juazeiro, está acontecendo o curso de Marceneiro, em regime fechado, na penitenciária da cidade.

Com carga horária de 200 a 500 horas, cada, os cursos ofertados estão alinhados às demandas de mercado. Dentre eles, destacam-se ainda os de confecção de bolsas em couro em material sintético, agente de limpeza e conservação, montador e reparador de computadores, pizzaiolo, eletricista de rede de distribuição de energia elétrica, eletricista instalador predial de baixa tensão, maquiador, cabeleireiro, costureiro de máquinas overloque, marceneiros, pedreiro de alvenaria, agricultor orgânico, auxiliar de saúde bucal, microempreendedor individual (MEI), artesão de cerâmica e avicultor.

Além de Itabuna, Vitória da Conquista e Juazeiro, também estão sendo contemplados com cursos do PRONATEC Prisional os municípios de Feira de Santana, Brumado, Barreiras, Eunápolis, Ilhéus, Jequié, Paulo Afonso e Teixeira de Freitas, entre outros. Em Salvador, está sendo realizado o curso de avicultor, na Colônia Lafayete Coutinho, no bairro de Castelo Branco. Já em Lauro de Freitas, as aulas do curso de qualificação de padeiro beneficiam os detentos da Colônia Penitenciária de Lauro de Freitas.