:: 21/jul/2018 . 15:56
Festival do Chocolate e Cacau mostra riqueza e diversidade cultural do Sul da Bahia
Celebrado mundialmente através da obra imortal de Jorge Amado como a terra do cacau, e agora também do chocolate, o Sul da Bahia possui uma cultura rica, em suas diversas manifestações, como a literatura, música, teatro, dança e artes plásticas. Um pouco desta cultura pode ser conferida durante o 10º Festival Internacional do Chocolate e do Cacau, que acontece até este domingo (22), no Centro de Convenções de Ilhéus.
No Palco do Cacau, estão se apresentando diariamente os cantores Diego Schaun, Jacque Barreto, Gabriela Maia, Zezo Maltez e Leonardo Leo, os grupos Batuka Gêge, Mulheres de Domínio Público, Samba de Treita, Pier 05, Abaga, as quadrilhas Explosão Caipira, Forró do Dinossauro, Forró 4 Estações e o Circo da Lua. Na área do festival, o ator José Delmo executa performances como um típico coronel do cacau e atrizes da Turma do Maktub interpretam personagens do Bataclan, um dos cenários da obra ‘Gabriela Cravo e Canela’, que está completando 60 anos de lançamento. O Palco do Cacau foi instalado através de financiamento do Fundo de Cultura de Bahia, que também apoia o espaço destinado a artesanato, artes plásticas, dança e literatura de cordel.
O Secretário de Cultura de Ilhéus, Paulo Cidade, destaca que “cacau, chocolate e cultura estão interligados na história do Sul da Bahia. O evento valoriza os artistas regionais e cria uma vitrine para a produção local que é vista por pessoas de todo o Brasil”.
A produção de chocolates de origem está atrelada às características culturais da região. “O festival é uma oportunidade de negócios e de lazer, que dá visibilidade tanto ao cacau e ao chocolate, como também ao talento dos artistas sul baianos”, ressalta o superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura do Estado, Alexandre Simões.
Editora da Uesc
A Editora de Livros da Universidade Estadual de Santa Cruz (Editus), está presente no Chocolat Bahia com uma feira de livros e espaço de leitura, onde é possível encontrar títulos da própria Editus e de outras editoras filiadas à Associação Brasileira das Editoras Universitárias, todos a preço promocional. Também é realizada uma programação infantil, com bate-papos literários com os autores Maria Luiza Silva Santos e Leônidas Azevedo Filho.
Jorge Amado de chocolate
Outra atração do festival é a confecção de um busto do escritor Jorge Amado, feito com chocolate. O trabalho, feito pelo chef chocolatier Abner Ivan, foi iniciado na abertura do evento e estará concluído no domingo, pode ser acompanhado pelos visitantes. Além do busto de Jorge, também está sendo confeccionado um cacaueiro feito de chocolate, unindo dois dos principais símbolos do Sul da Bahia.
Liberdade de Expressão na Era Digital
Débora Spagnol
Quase todas as pessoas têm suas próprias opiniões sobre diversos assuntos, ou seja: sua própria avaliação subjetiva sobre algo. E é a pluralidade de avaliações pessoais que torna impossível a construção de um verdadeiro conhecimento baseado somente em opiniões.
Há vários séculos, os gregos produziram longas discussões sobre a “doxa” para a democracia. De forma simples, o termo “doxa” significa “opinião”, pois parte dos desejos, dos sentidos e das experiências pessoais, por isso mesmo definida por Platão como sendo “enganosa”, substitutiva do verdadeiro conhecimento (que, segundo a maioria dos filósofos, se encontra exclusivamente na ciência ou “episteme”). (1)
Já em 1644, o britânico John Milton publicou sua “Areopagítica”, uma das mais importantes obras sobre a proteção da liberdade de expressão e de imprensa. (2)
Assim, embora as discussões sobre a liberdade de expressão e acesso à informação e ao conhecimento como necessários à democracia, desenvolvimento e promoção de direitos humanos não sejam novidade, é inegável que o advento das novas tecnologias – em particular a expansão da internet – ofereceu uma dimensão individualizada e sem procedentes para esses debates.
Em um mundo a cada dia mais conectado (cidadãos de todas as idades tem acesso quase ilimitado a todos os tipos de informações), o avanço das sociedades está intimamente ligado ao aprofundamento das discussões acerca de questões como o direito à liberdade de expressão, à intimidade, privacidade, proteção de dados, desenvolvimento da mídia, entre tantos outros.
Mas diante de tantas e profundas mudanças trazidas pelo avanço da tecnologia, surge uma questão essencial: é possível conjugar a ampla proteção às liberdades de opinião e expressão – na forma consagrada pela Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 (3) – nessa atual conjuntura social no que se refere à informação ?
Com o advento da internet, nossa sociedade sofreu uma era de transformações tão profundas quanto as que ocorreram com o surgimento da impressão.
O Outeiro de São Sebastião: uma história de Ilhéus
Gerson Marques
O mar calmo do dia 20 de janeiro de 1536, permitiu a fácil navegação até o interior da baía, uma ancoragem tranquila marcou o fim de uma longa viagem que havia começado quatro meses antes em Portugal, era verão nos Ilhéus, já batizado de São Jorge, que recebia a primeira embarcação com colonos enviada pelo donatário da Capitania, Jorge Figueiredo Correia.
A exuberante colina tomada por uma densa floresta que dominava a entrada da baía, foi logo apontada como o ponto ideal para a construção das primeiras moradias e fortificações, a data deu o nome a colina, Outeiro de São Sebastião.
Nascido na cidade do Porto, experiente em navegações pelos Açores e África, o marujo Manoel Antônio Gonzaga, foi encarregado de derrubar as primeiras árvores, abrir clareira e construir moradias, no dia seguinte acompanhado por mais três marujos subiu o Outeiro com grande dificuldade, trabalho duro, aberto a primeira clareira puderam se deslumbrar com a beleza da paisagem descortinada para o Atlântico, quando se preparavam para descer foram tomados de surpresa ao descobrirem uma família de macacos no alto de uma árvore, Manoel o único que possuía uma arma, não teve dúvidas, apontou a velha besta carregada de pólvora e chumbo na direção dos bichos, notou que tratava-se de uma fêmea com filhote no colo e um macho forte pouco acima, com a mira feita em distância curta preparou para o disparo quando ouviu a macaca dizer em alto e bom som, “ou Inácio segura aqui Ignacio, vou ver se esse português é macho” descendo em balada carreira na direção ao português Manoel, assustado, tanto pela reação e mais ainda por ver bicho falar, fugiu em disparada desengonçado que escorregou na borda de um precipício e caiu de grande altura, falecendo imediatamente.
Em 1567, a Vila de São Jorge dos Ilhéus já se espalhava do Outeiro ao baixio plano e brejado que circundava o sopé do morro, da beira mar até a enseada de dentro, onde o cais improvisado aportavam raras caravelas que bordeavam a costa, ligando os pequenos povoados a Salvador e Lisboa.
Por essa época, travava-se no Rio de Janeiro, ainda um povoamento, uma ranzinza batalha entre os franceses liderados por Nicolau Durand de Villegagnon, contra os portugueses, por sua vez liderados por Estácio de Sá. Com dificuldades para vencer a batalha e expulsar os franceses da Guanabara, o governador Geral do Brasil, Mem de Sá, resolve formar uma tropa, e ajudar seu sobrinho, recrutou em Ilhéus um exército mambembe formado por índios, caboclos e uns poucos portugueses, partiram por terra para o Rio de Janeiro em outubro de 1567, entre os Ilheenses logo se destacou Felisberto Duvivier, filho de um francês deportado, com uma Índia nativa de Olivença, catequisada pelos Jesuítas, aceitou casar com o francês, tiveram vários filhos, o mais velho, Duvivier, nasceu no Outeiro de São Sebastião em maio de 1545, recebendo a reencarnação do espírito do finado Manuel, aquele dos macacos.
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