(por Luiz Eduardo Oliva)

O titulo de cidadania ha muito, por conta dos maus políticos, tem sido desmoralizado.
Até a quem nunca pisou os pés aqui, como o Galvão Bueno, já foi outorgado. Mas nunca é tarde para resgatar ao título o que ele representa em honraria da verdadeira cidadania.

 
nestorE o que é a cidadania? Hannah Arendt essa extraordinária pensadora, ao analisar a importância dos direitos ensinou: cidadania é o direito de ter direitos. Certamente viu na ideia cidadã o propósito de viver na cidade dela usufruindo de todos os direitos da vida digna que a cidade possa proporcionar. Independente de haver nascido nela. Daí a idéia de cidadania. Não necessariamente aos nascidos no determinado lugar mas também aos que fazem da cidade que vivem ou viveram o espaço de interação com o seu coração, lá sentam praça e ate contribuem à vida do lugar. A esses, pelo justo merecimento, é que deveria ser conferido o título de cidadão, uma espécie de honraria que dá oficialidade ao que já está no coração. Mero afago aos que amam a cidade ou o Estado que não nasceu.

 

E é por isso que proponho o titulo de cidadão sergipano ao pernambucano Nestor Amazonas . Falo desse personagem que de tão identificado com Sergipe é para muitos um sergipano nato que reside em São Paulo. Mas o nosso Nestor Amazonas, é nascido na zona da mata de Pernambuco e depois de perambular pelo nordeste afora como o filho mais velho e na companhia de Dona Lia e Seu Andrade sentou praça no cavalariço aracajuano. E foi na Aracaju dos cajueiros dos papagaios que tomou prumo e rumo para sentir-se o cidadão da terra vislumbrada por Inácio Barbosa.


Mas, espírito nômade e irrequieto e já um jornalista consagrado nas terras de Sergipe Del Rey (chegou a comandar o sindicato dos jornalistas sergipanos ) saiu a perambular como uma espécie de cidadão do mundo: morou na Bahia, voltou à Pernambuco e de lá rumou ao Rio de Janeiro onde atuou na extinta Manchete dos Bloch, sempre atrás da notícia televisiva. Foi à São Paulo quatrocentão, atravessou o oceano e em Angola viu um povo bom e viu revolução. Finalmente fez do Bairro Vila Madalena na boa São Paulo, rua da Harmonia seu “cafôfo” e endereço.

Mas de que adiantaria, todavia, o endereço se o domicílio do seu coração nunca deixou de ser a Aracaju desde sua adolescência e das coisas da sergipanidade?

Uma vez, um desafeto quando ele era o Diretor de Cultura e Arte da Universidade Federal de Sergipe lá nos anos oitenta (foi também Secretário de Cultura de Ilhéus de Jorge Amado) disse que ele estava mais para “chefe dos vigilantes” muito pelo preconceito de achar no vigilante um iletrado troglodita, intrigas do poder. Mas acabou por acertar na alcunha. Nestor de fato é um vigilante das coisas de Sergipe. Do seu apartamento na rua da Harmonia na Vila Madalena, está sempre atento às coisas de sua terra do coração. Sabe de tudo de Sergipe antes de todos ou se sabe o fato e não conhece os pormenores cuida de instigar os amigos pelas vias do Whatsapp. E “ai” de quem não lhe responder logo. Ele clama a velocidade cibernética dos que não se afastam por minuto que seja das redes sociais.

Irascível, as vezes age como um elefante numa loja de cristais. Outras é doce como a seiva de mangaba caída. É polêmico, quase sempre irredutível. Dificilmente dá “o braço a torcer” e se sucumbe ao argumento do outro as vezes silencia como se no silêncio estivesse a sua concordância. Melhor calar do que dizer sim, talvez pense assim. Mas é a sua forma de concordar. Ou não! Porque se finca pé na discussão no outro dia travestido da meiguice, faz afagos ao opositor como se tudo o que antes houvera fosse chuva de verão.

É amigo dos amigos. solidário, prestimoso, busca no proselitismo o afeto. É meu amigo. Divergimos e muito sobretudo no campo difícil da política. Mas encontro nele a harmonia do bom gosto, do fino trato com as coisas do bom viver, da sensibilidade musical inversamente proporcional ao desafinar quando resolve cantarolar (Mascarenhas bem sabia!). É adepto do bom vinho e um bom charuto, dono de um dos melhores papos e tem a perspicácia da observação do detalhe ou é um az da cultura inútil tão bem engendrada que se torna útil às coisas do saber ou do alimentar na boa conversa da mesa de bar.

Nestor é de 1954, como eu. Hoje, dois de junho, esse geminiano faz 64 anos de muita vida, muita luta, muitos belos e ate as vezes confusos amores. Possui filho, filhas e netos lindos e amáveis e sempre demonstra uma vontade imensa de viver e se renovar, o que no dizer dele, é preciso e necessário reinventar-se, embora apegado à cânones conservadores de enxergar a realidade mas nada que tire dele a figura humana que ele é.

É, esse pernambucano de nascimento, dono de uma cidadania de amor à cidade de Aracaju e ao Estado de Sergipe que o faz continuar a contribuir estimulando as coisas da sergipanidade mesmo à distância.
Já é hora dos nossos deputados ou vereadores de Aracaju lhe outorgar o título de Cidadão Sergipano ou Aracajuano, ou os dois! Por total merecimento.
Nestor, certamente é mais sergipano que muitos que nasceram na terra do índio Serigy. E já de há muito é cidadão por verdadeiro amor à terra que lhe deu régua e compasso e uma legião de amigos e amigas.

Ô “Antonicos” da Assembléia! Como no imortal samba de Ismael Silva, vou lhes pedir um favor, que só depende de suas boas vontades, o título de cidadão pro Nestor, que está vivendo longe da nossa cidade.
Façamos oficialmente o que já é no coração:
Nestor amazonas, um título de sergipano cidadão!