Eulina Lavigne

eulina lavigneEnquanto eu não puder olhar para mim eu não posso lhe ver. Enquanto eu não for ao fundo do meu poço não saberei de fato quem sou. Até descobrir que aquele outro insuportável, orgulhoso, vaidoso, grosseiro e haja adjetivos, SOU EU.

E nem todos suportam visitar o fundo do poço e desistem no meio do caminho se segurando em algo que um dia também se tornará insuportável. Esse galho que servirá de suporte um dia se quebrará. Pode ser vícios de todas as ordens, pode ser uma atenção exagerada na matéria, no trabalho, em esportes, ou em estudos, ou em sexo, esse galho é diversificado.

Acontece que o fundo do poço é escuro e desafiante. É escuro e lá encontramos as nossas sombras. E então você me pergunta: como posso encontrar a sombra na escuridão? Porque é lá que também descobrimos que somos luz. E só lá, ao olhar para nossa sombra e acolhe-la podemos integrá-la ao nosso ser e sair da escuridão. Melhor o fundo do poço pois tenho chão para tomar o impulso e de lá sair. Enquanto estiver caindo nele, nada feito. É deixar cair e confiar que de lá saímos. Com um detalhe: se desejarmos.

luzCada um sabe o tamanho e quão profundo é o seu poço. Alguns são rasos, pois a pessoa já se encontra em grau avançado de ampliação de consciência e a imersão é mais leve. Sabe quando dizemos que o sol está quase a pino? Essa é a imagem. Quanto mais próximo do meio dia, a nossa sombra fica cada vez menor porque o sol vai ficando cada vez mais a pino. Vamos fazer então a analogia da nossa ampliação de consciência com o nosso astro rei, o Sol. Quanto mais alinhados estivermos com o nosso ser menos sombras teremos.

Existem poços tão profundos que a pessoa entra em depressão.  É quando o sol está mais próximo da linha do horizonte. A sombra é maior. E é tão grande que as vezes nos toma e aí está a oportunidade, também, de estarmos mais próximos de nós. Quando negamos a nossa sombra corremos o risco da depressão.

A depressão é uma forma de negar a dor. É uma não aceitação. E nessa luta vem o cansaço e desistência. E quando aceitamos e confiamos nos fatos do jeito que são podemos encontra a solução.

Cada um sente o seu poço da sua forma. E é muito desafiante o outro imaginar o que sentimos e vice e versa. Ninguém pode imaginar quiçá sentir. Quando ouço alguém falar em empatia me questiono se isso é possível. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra empatia significa: a capacidade psicológica para se identificar com o eu do outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas. Como diz a minha comadre: Ah me bata um abacate!

Quero ver quem tem essa capacidade. Cada um é cada um e isso ao meu ver é um pouco demais! Se eu estivesse no lugar de uma pessoa eu posso pensar em como eu gostaria de ser tratado e mesmo assim corro o risco do meu desejo ser diferente do outro. O melhor é perguntar ao outro como é que ele deseja e como fica bem para ele e terminar com o risco do desagrado.

Não adianta dizer a quem está em visita ao seu poço que deve ser assim ou assado, que deve evitar isso ou aquilo. Precisamos acolher esse momento único e pessoal.  Podemos construir juntos alternativas e a escolha a cada um pertence.

No fundo do poço existe a dor e o amor quando podemos recebe-lo daqueles que nos cercam e nos ofertam a mão para dele sair. E se deixamos o orgulho de lado, aquele que pertencia ao outro, e apertamos as mãos que nos são estendidas esse poço se enche de luz!

Porque só o amor cura, pois o amor tem feito coisas, que até mesmo Deus duvida. Já curou desenganados e já fechou tanta ferida. Ivan Lins que o diga!

Eulina Lavigne é mãe de três filhos, Administradora, Terapeuta e Palestrante com formação em Constelação familiar pelo Hellinger-Institut Landshut (Alemanha), especialista em Trauma pelo Instituto Junguiano da Bahia. Formada em Experiência Somática e membro da Associação Brasileira de Trauma