SergioO Facebook transferiu um milhão e quinhentos mil registros de usuários do Data Center da Irlanda para os Estados Unidos. Os principais dados são de pessoas do Brasil e outros países da América do Sul, África, Ásia e Oceania.

O motivo é a Lei de Proteção de Dados da Europa que entra em vigor no dia 25 deste mês impedindo que a empresa manipule dados da maneira como vinha fazendo, sem autorização das pessoas.

A questão foi abordada pelo professor Sergio Amadeo, Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo-USP, durante o Seminário Comunicação e Democracia, com o tema Arquitetura da rede, monitoramento e democracia na Universidade Federal da Bahia- UFBA. O seminário começou na segunda-feira 15 e terminou na última sexta-feira.

O professor explicou que “a lei europeia tem uma série de outras exigências”. Já nos Estados Unidos “há uma maior flexibilidade para tratar de dados e o Face quer fugir do controle da privacidade, da proteção das informações.”

Ele acrescentou que, além disso, “a União Europeia tem fiscalização, através dos Comissários de Proteção de Dados,” contribuindo para que a lei seja cumprida.

Escândalo envolvendo o Face

Sergio lembra que no começo “ o Face afirmava que não havia infração porque as pessoas consentiam que seus dados fossem usados. Mas, ressalta o professor, “havia a manipulação a partir das informações.”

Ele explica que as pessoas que tem face não recebem a maior parte das  postagens dos amigos, e vice-versa,  porque a rede trabalha com algoritmos, escolhe quem vai receber aquela mensagem. ”Tal qual o google, ele lhe dá aquilo que pensa que você quer.”

No dia 04 do mês passado a Cambridge Analytica, empresa que trabalhava para o Face, admitiu que 443 mil contas brasileiras foram afetadas pelo vazamento de dados. No mundo foram 87 milhões.

A manipulação

O palestrante afirma que a Cambridge, que depois faliu, “com as informações dos usuários, utilizava o perfil psicológico, a psicometria para direcionar postagens.”

Por exemplo, a empresa escolhe  “uma pessoa negra antiracista de um bairro pobre americano, que  jamais votaria em Donald Trump. Com estas informações, eles enviavam postagens mostrando que Hilary Clinton não era tão contra o racismo.”

Então-prossegue o professor – “no dia da eleição esta pessoa fala que é tudo igual e não vota em ninguém.” Sergio compreende que “a ação não consegue mudar a ideologia da pessoa, mas faz irritar, dispersar.”

O Seminário Comunicação e Democracia prossegue até esta sexta-feira (18) no PAF I da Universidade Federal da Bahia-UFBA,em Ondina. O evento começa pontualmente às 19 horas.

O Seminário Comunicação e Democracia foi promovido pelo PT/Bahia,CUT,Levante Popular da Juventude e Consulta Popular.