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O presidente do Conselho de Entidades Representativa dos Servidores da Ceplac, José Bezerra da Rocha, considerou divisor de águas a  audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) na Câmara Federal,  em Brasília, na manhã desta terça-feira, dia 23. Na sessão foram debatidos o  projeto de revitalização da Ceplac e a situação da produção do cacau no país.

ceplac 1Diante do interesse demonstrado pelos participantes e da profundidade dos temas abordados, o dirigente do Conselho que apresentou o modelo de instituição defendido pela Comissão de Revitalização da Ceplac (CRC), como autarquia federal, disse que a luta ganhou mais força. “Não vamos parar até ver nossa instituição consolidada”, expressou. Bezerra foi precedido pelo diretor-adjunto da Ceplac, Edmir Ferraz, e o deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-BA), que fez a apresentação da Ceplac como agência de desenvolvimento regional, a exemplo da SUDENE.

“Parte do conteúdo desta apresentação, elaborada pelo Conselho de Entidades e Comissão de Revitalização da Ceplac há um ano, resulta de proposta mínima. Visa a reconstrução da Ceplac, cujo trabalho a sociedade baiana e brasileira reconhece. Além disso, a instituição com 60 anos necessita ser fortalecida. As entidades que subscrevem a proposta atuam contra a diminuição das competências da Ceplac, sempre sujeita aos humores e entendimentos dos sucessivos governos e de quem realmente não a conhece e às regiões onde atua”, pontuou.

Na avaliação do Conselho de Entidades, a proposta consolidada num documento-guia indica os caminhos a percorrer, inclusive com entendimentos com o Ministério da Agricultura, os produtores de cacau, os governos dos estados produtores de cacau e as universidades, para formatar um novo modelo institucional. “O documento não tem a pretensão de consolidar, mas orientar o futuro da Ceplac que deve ser ágil, dinâmica e capaz de atender às necessidades da Bahia, Espírito Santo, Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso”, afirmou.

O deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-BA) anunciou ato em defesa da Ceplac no próximo dia 5.   A ideia do deputado é que as comissões de Agricultura da Câmara Federal e Assembleia Legislativa da Bahia façam ato em defesa da Ceplac para reforçar a luta pela institucionalização do órgão de pesquisa, assistência técnica e extensão rural que atende aos produtores de cacau do país . “Um dos problemas principais é que a Ceplac enfrenta morte vegetativa. Precisamos desencadear luta mais intensa. No Brasil de sobressaltos políticos, a gente precisamos ir em frente”, afirmou.

 Como sugestão, a visita técnica das comissões de parlamentares a Ilhéus e Itabuna serviria para apresentar Manifesto, que deverá ser assinado pelas instituições da sociedade civil, a exemplo de prefeituras, câmaras de vereadores e clubes de serviço, além do Conselho de Entidades Representativa dos Servidores da Ceplac. “Devemos centrar em uma coisa firme, coesa, que dê instabilidade”, disse.

  No dia 7 de junho se fará outra mobilização aqui em Brasília, com a distribuição de chocolate para dar repercussão ao Manifesto, disse Davidson Magalhães, acrescentando que a ideia é centrar fogo no projeto de lei que transforme a Ceplac  em autarquia. “Sem instabilidade não há projeto estratégico que dê certo. As outras coisas a gente pode resolver com interação entre governos estaduais e outras instituições”, finalizou.

O pronunciamento do deputado estadual Eduardo Salles, ex-secretário de Agricultura da Bahia, quebrou a cerimônia da audiência da Comissão de Agricultura, da Câmara Federal. O parlamentar disse que muito da atual situação de penúria da Ceplac se deve à omissão dos políticos de todos os matizes e do próprio governo federal, inclusive fez crítica severa à atuação da senadora Kátia Abreu, ministra da Agricultura no governo Dilma, pelo rebaixamento institucional da instituição a mero departamento de uma Secretaria do MAPA depois de ter sido órgão singular reconhecido internacionalmente.

O parlamentar fez coro à defesa da abertura de concurso público para que novos profissionais sejam treinados pelos pesquisadores e extensionistas mais antigos, cujo conhecimento em nível científico, cultural e tecnológico mereceu extensos elogios de outros debatedores, incluindo Eduardo Brito Bastos, diretor Executivo da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau – AIPC.

Aliás, o aumento da produtividade nas fazendas de cacau foi a ênfase do discurso do representante dos industriais que, além disso, apontou a necessidade de a Ceplac ser organismo de governo com a função de capacitar agrônomos na geração de conhecimento em Sistemas Agroflorestais (SAFs). “Me formei em Piracicaba (SP) e no curso de Agronomia jamais ouvi falar de SAF, mas reconheço sua importância, a partir do que vi no Sul da Bahia”, afirmou. Todas as falas estão disponíveis no site da Câmara dos Deputados e pode ser baixado aqui.