Amarelinha desbotada
Daniel Thame
Quem gosta de futebol ou já cruzou a barreira dos 40 (ou as duas coisas) não precisa fazer muito esforço para lembrar a escalação da Seleção Brasileira de 1970, tricampeã mundial no México.
Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo: Clodoaldo, Gerson e Rivelino: Jairzinho, Pelé e Tostão.
Ou então a seleção de 82, que não foi campeão mas permaneceu no imaginário como um time mágico.
Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior, Cerezo, Sócrates, Falcão e Zico; Serginho e Eder.
Bons tempos em que a Seleção estava no boca do povo e se sabia a escalação de cor, em que a amarelinha impunha respeito em grandes seleções e pavor em seleções marca bufa.
Tempos distantes e isso não tem nada a ver com saudosismo, mas com futebol mesmo.
É preciso muito esforço (e um socorro ao inevitável Google) pra lembrar as seleções campeãs de 1994 e 2002.
E mais esforço ainda, mesmo com o tempo conspirando a favor, para escalar de cabeça seleções mais recentes, que vivem uma crônica aridez de craques de primeira linha e uma terrível crise de identidade entre time e torcedor.
Tome-se como exemplo a tal Copa América Centenária, que começa a ser disputada nos EUA. Ganha um prêmio quem acertar a lista dos convocados, tantos foram os cortes e tão poucos são os jogadores que o torcedor realmente conheça.
Verdade que sem Neymar (o único fora de série da geração atual), Dunga ainda tem que dividir as atenções da Copa América com as Olimpíadas e o sonho do ouro inédito.
Poderia até usar a Copa América para fazer testes, visando as Olimpíadas e, o que efetivamente interessa, as Eliminatórias para a Copa do Mundo 2018.
Mas com a corda no pescoço, Dunga nem pode se dar a esse luxo. Tem que disputar pra ganhar. E encarar de igual para igual seleções em melhor momento como Argentina, Uruguai, Equador, México e Chile.
Sim, estamos falando de Equador, México e Chile, diante do que não se precisa falar mais nada.
É pênalti- O Bahia começou a Série B com jeito de que o sonho de voltar à Série A não vai passar disso: um sonho.
É gol- Grafite, 36 anos, do Santa Cruz, é um dos artilheiros do Brasileirão. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo.