Além de apresentar condições ideais para o plantio de uvas viníferas, na Chapada Diamantina, a exemplo do município de Mucugê, o custo de produção de um hectare de uva custa, em média, R$ 100 mil, enquanto que na região produtora de Champagne, na França, além de não haver áreas para expansão, o hectare plantado custa 1 milhão de euros, equivalente a cerca de R$ 3 milhões. “A Chapada Diamantina tem condições de cultivar qualquer fruta e verdura, as condições são muito boas, então por que não cultivar uvas para produzirmos um vinho característico desta região, com altíssima qualidade?”, questionou o presidente da Cave Coopérative des Riceys, na França, Christian Jojot, destacando que estes diferenciais atraem e despertam o desejo dos empresários investirem na Bahia.

 As declarações de Christian Jojot foram feitas na tarde desta quarta-feira (14), quando, em companhia do secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, e chefiando uma delegação de sete produtores franceses de vinho, participou da primeira colheita no Projeto de Avaliação Técnica e Econômica de Videiras Vinícolas de Mucugê, localizado na Fazenda Progresso II.  Esta propriedade tem 30 mil hectares, mesmo tamanho da área plantada da região de Champagne.

A vinda dos franceses para acompanhar a primeira colheita é fruto das viagens internacionais feitas pelo secretário Eduardo Salles que, em 2009 esteve com o governador Jaques Wagner na França, onde assinaram protocolo de intenções para desenvolver a cultura da uva na região. “Estamos colhendo os frutos de uma parceria que tem tudo para dar certo e tornar a Chapada a maior produtora de vinhos finos de alta qualidade”, destacou Eduardo Salles, que aposta na experiência dos cooperados franceses para trazer tecnologia e a ideia de cooperativismo para a região.

O membro do Conselho da Miolo, Eurico Benedette, que também acompanhou a comitiva, demonstrou animação diante da primeira colheita em Mucugê. “Este é um projeto piloto, mas muito animador. As uvas estão vegetando muito bem, evidente que nós temos que fazer algumas adaptações, mas tudo indica que os frutos podem ser muito bons”, pontuou.

Segundo o técnico responsável pelo plantio, Jiovane Frison, as variedades plantadas são a Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc, mas ainda tem espaço e a expectativa de plantar mais seis tipos de uvas. “Neste projeto temos 2 hectares plantados com as duas variedades, mas teremos outras espécies para analisarmos qual delas se adapta melhor. Neste sentido, contamos com a Embrapa para nos fornecer mudas sadias para testarmos”, explicou.

O engenheiro agrônomo Giuliano Pereira, que é técnico da Embrapa Uva e Vinho, especialista em Enologia e PHD pela Universidade de Bordeaux, aposta na Chapada Diamantina como a região que mais se aproxima das condições climáticas da França. “A condição climática da Chapada Diamantina é o que chama a atenção, não tem temperaturas extremas e tem uma amplitude térmica diferente, que nos leva a comparar essa região com as tradicionais áreas de produção na França”, lembrou.

O projeto experimental está acontecendo graças à parceria do governo do estado, através da Secretaria de Agricultura, do Agropolo Mucugê, da Prefeitura Municipal e da Embrapa. Um dos proprietários da Fazenda Progresso II, Ivo Boré, onde acontece o experimento, acredita que esta será a primeira de muitas colheitas que ainda serão realizadas. “As uvas se comportaram muito bem e é por isso que acreditamos no desenvolvimento desta cultura em Mucugê”, disse.

Outro fator que chamou a atenção dos investidores para esta região, segundo o superintendente de Atração de Negócios da Seagri, Jairo Vaz, foi o potencial turístico. “Os franceses acreditam que a Chapada Diamantina pode se transformar num polo vinícola, aliado a um polo de enoturismo”, destacou.

Morro do Chapéu

O secretário Eduardo Salles e a comitiva francesa seguem nesta quinta-feira (15) para Morro do Chapéu, onde será realizada, com a presença do governador Jaques Wagner, a segunda colheita do Projeto de Avaliação Técnica e Econômica de Videiras Vinícolas de Morro do Chapéu, onde começaram os experimentos.

As primeiras variedades foram plantadas em 2011, são elas Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Tannat, Malbec, Merlot, Syrah, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Muscat Petit Grain. As uvas colhidas serão levadas para a Vinícola do Grupo Miolo, onde serão processadas para a obtenção dos vinhos, e terá a supervisão da Embrapa Semi-Árido de Petrolina, entidade parceira no experimento.