ele pode voltar a brilhar

Daniel Thame

O Governo Federal  e o Governo da Bahia tem realizado grandes investimentos e empreendendo ações no Sul da Bahia  que, consolidadas nos próximos anos, darão um grande impulso à economia regional.

O Porto Sul, a Ferrovia Oeste Leste, a distribuição de gás natural do Gasoduto da Petrobrás através da Bahiagás, o novo aeroporto regional, a construção da Barragem do Rio Colônia e a implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia demonstram claramente o compromisso da presidenta Dilma Rousseff e do governador Jaques Wagner em promover o resgate de uma região que deu imensa contribuição à Bahia e ao Brasil e que, há duas décadas, mergulhou numa grave crise, provocada pela decadência de um produto  que por quase um século foi a base de sua economia, o cacau.

É inegável que estão criadas as bases para que o Sul da Bahia possa se reerguer, gerando empregos e qualidade de vida para a população.

Mas, é inegável também que o cacau pode e deve dar sua contribuição nesse processo de desenvolvimento. Trata-se de uma cultura que, pelos recursos que tem potencial para voltar a movimentar e pelos empregos que gera em sua plenitude produtiva, não pode ser deixado de lado.

É nesse contexto que se faz necessária uma urgente tomada de posição dos órgãos governamentais, para que não sejam ainda mais penalizados os produtores endividados e sem condições de investir na retomada da produção. É preciso agilizar o andamento do PAC do Cacau, que passa pela renegociação das dívidas e a liberação de novos créditos.

O PAC trouxe avanços, mas é preciso desatar o nó que o tire do papel e torna realidade as propostas nele embutidas.

Além da falta de crédito, das questões climáticas e da difícil convivência com a vassoura-de-bruxa, o produtor ainda sobre com preços perversos, impostos pela indústria chocolateira, que força o preço da tonelada de amêndoas de cacau em inviáveis 800 dólares por tonelada, algo em torno de 65 reais a arroba.

As mesmas empresas que se recusam a adquirir o cacau produzido no Sul da Bahia, alegando falta de espaço para estocagem, mantém a importação de cacau da África e Ásia, afetando de forma danosa o produtor nacional, sem contar o risco de inserção de pragas desconhecidas, como se já não bastasse a vassoura-de-bruxa, a podridão parda e a ameaça assustadora da monilíase.

A retomada da produção de cacau no Brasil, a despeito de tantas dificuldades, está a exigir do Governo Federal uma ação no sentido de conter  a importação desenfreada de cacau, fazendo com que as empresas moageiras priorizem a produção nacional e elevando os preços a patamares que sejam um incentivo ao produtor, o que não ocorre atualmente.

O cacau não apenas faz parte da história do Sul da Bahia, como continuará sendo um fruto capaz de gerar riquezas, desde que não seja jogada a pá de cal em milhares de produtores, levando junto uma legião de trabalhadores rurais.