fala que eu te escuto!

Uma semana encarando o buzú entre Itabuna e Ilhéus e já deu pra saber que:

 -A moça de cabelos curtos ameaça contar para a amiga que o sujeito com quem ela está falando é casado, diz que a amiga está apaixonada que que isso não se faz, não, não é uma ameaça, apenas está alertando, mas se ele fizer a amiga sofrer vai contar pra mulher dele.

 -O rapaz de uniforme de uma empresa de segurança diz a um amigo que seu patrão é um tremendo de um fdp (ele não usa as iniciais, obviamente) que não quer repor nem o valor da passagem, mas que quando sair da empresa, vai botar pra f… (outra vez, poupemos o palavrão literal) e exigir cada centavo na justiça do trabalho.

 -O sujeito com a camisa do Vasco diz que o time do Flamengo tem uma defesa de merda (isso passa, né?), Ronaldinho joga quando quer, mas como o técnico é muito rabudo (passa também), se o Vascão (assim mesmo, no aumentativo) não abrir o olho, o Flamengo ganha fácil o título.

 -A moça do cabelos curtos aumenta o tom dos “alertas” ao rapaz casado, não, não, não é uma ameaça, entenda bem, ela só não quer que a amiga sofra.

 -Ilhéus e Itabuna deveriam dar as mãos, diz o senhor com uma pastinha de executivo a alguém que, pelo jeito, concorda, porque ele se entusiasma. A gente não sabe qual cidade tem um prefeito pior, é saúde ruim, é lixo na rua, é Vitória da Conquista crescendo e a gente não sai do lugar. E pode chegar a eleição e continuar a mesma m…

 -A senhora de óculos diz que a vizinha gostosa anda dando em cima dos homens casados, não anda poupando ninguém. Só porque é novinha acha que pode sair pegando marido dos outros. Tá bom de levar uma surra, a vagabunda. E aí, despeito puro, diz que ela usa cada saia curtinha, que mostra até as calcinhas.

 -A moça de cabelos curtos, certamente preocupada com a amiga, convida o tal homem casado pra tomar uma cerveja, pra poderem conversar com mais calma. Então tá!

 Como eu fiquei  sabendo de tudo isso?

 

Graças a essa maravilha da tecnologia chamada telefone celular e a mania que certas pessoas tem de falar com alguém do outro lado da linha como se estivem falando com o ônibus inteiro. De certa forma, acabam falando mesmo.

 

Ah, a senhora de óculos não falou o nome, nem a rua e menos ainda o número da casa da tal vizinha gostosa, para a visível decepção de alguns passageiros.