Poucos logradouros públicos têm um nome tão desenxabido como a Praça do Trabalho, no bairro Pontalzinho, em Itabuna.

Trabalho?

Com quase uma dezena de bares em seu entorno e nas ruas próximas, ponto de encontro de milhares de pessoas nos feriados e finais de semana, o nome que mais lhe convém é Praça do Lazer.

Versão grapiuna da famosa Passarela do Álcool em Porto Seguro, a Praça do Lazer, ou vá lá que seja, do Trabalho, faz jus à fama boêmia de uma cidade de vida noturna intensa e agitada, de gente empreendedora, mas que não abre mão de diversão.

Mas, nos últimos anos, o que deveria ser a celebração da alegria, se transformou num caldeirão de violência, alimentado por um mal disfarçado consumo de drogas, que muitas vezes é feito abertamente, com direito até a uma espécie de “delivery”.

O usuário faz o pedido por telefone e a droga é entregue de moto, como se fosse uma pizza ou um hambúrguer.

Uma minoria, em meio a multidão que está apenas se divertindo em torno de uma cervejinha gelada, mas que acaba expondo todos ao risco de sofrer algum tipo de violência.

E a Praça do Trabalho, que deveria se chamar praça do Lazer, está mesmo a merecer o nome de Praça de Guerra.

Ou não é uma Praça de Guerra um local em que cinco pessoas são baleadas num único final de semana e em que já houve até execução sumária, diante de centenas de testemunhas?

Praça de Guerra cai melhor num lugar onde as pessoas deveriam se divertir, mas se colocam em meio ao faroeste dos tiros disparados a esmo.

Nos casos dos cinco baleados no final de semana, em dois deles, os bandidos chegaram de moto, atirando, como se estivessem, perdão, se divertindo numa brincadeira de tiro ao alvo.

A professora de educação física Jaqueline Oliveira Santos, atingida de raspão, e o marido dela, José Odimar Pamponet da Silva, que levou dois tiros na região do abdome, estavam num dos bares quando foram surpreendidos pelos marginais.

De acordo com a professora, os bandidos chegaram de moto, atirando, criando um clima de pânico no local.

É como se os marginais estivessem, perdão, se divertindo numa brincadeira de tiro ao alvo, apesar pelo prazer de exercer a violência.

Praça do Trabalho.

Praça do Lazer.

Praça de Guerra.

E a praça, que um dia foi do povo como o céu um dia foi do condor e hoje é do avião, vai sendo tomada pela bandidagem, matando o sacrossanto direito que todo o cidadão tem de se divertir.

Até se deliciar com uma cervejinha estupidamente gelada e tornou uma aventura de altíssimo risco.

Será que, perdão pelo trocadilho que desce quadrado, dá tanto trabalho assim para a polícia intensificar o patrulhamento na praça, para que ela volte e ser um local de lazer e não de guerra?