Jailton do Raio X, Caburé, Rosildo do Banco de Sangue, Zé Zoiudo, Aquiles da Parabólica, Ganso do Posto, Quina, Vavá dos 8 Baixos, Papagaio, Marechal o Popular Deputado, Lula Bar, Eliseu do Pastel, Juarez da Honda, Néu do Bar, Chico Bateria e Pedro da Funerária Santa Fé.
Tantos apelidos, que dão para compor um time com seus respectivos reservas, podem nos remeter aos tempos em que os times eram recheados de craques cujos nomes de batismo a torcida praticamente desconhecia e que se jogava aquilo que a gente conhecia por futebol, no sentido de genialidade e talento.
Como o Santos de Pelé, Zito e Pepe. O Botafogo de Didi e Garrincha. O São Paulo de Zizinho e Canhoteiro. Ou o Flamengo de Zico e Tita. Times de antologia, em que os nomes dos jogadores não eram pomposos como os de hoje, recheados de nomes compostos como Marcelo Augusto, André Dias, Fernando Diniz, Alan Delon, Fernando Henrique e quetais.
Mas o jogo era mais vistoso.
Os nomes que abrem esse texto bem que poderiam ser de um time de futebol, mas não são. Eles lutam, e lutam muito, para conseguir um lugar ao sol em outro campo: a política.
Todos eles, a bordo de seus apelidos devidamente registrados na Justiça Eleitoral, são candidatos a vereador em Itabuna. Disputam, no sentido literal da palavra, uma cobiçada vaga na Câmara de Vereadores.
Os apelidos sugerem disposição para ajudar.
Está difícil conseguir um exame nesse período de saúde pública caótica? Nada que Jailton do Raio X ou Rosildo do Banco de Sangue não possam resolver.
Sua televisão está com a imagem pior do que a de certos deputados envolvidos em seguidos escândalos? Chama o Aquiles da Parabólica.
Acabou a gasolina no meio da rua? Ganso do Posto a seu dispor. Se o problema for a bateria, chama o Chico, rapaz!
Ruim de grana? Que tal uma fezinha na Quina? Precisa animar a festa? Lá vem o Vavá dos 8 Baixos…
Bateu aquela vontade de tomar uma cervejinha gelada? Lula Bar e Neu do Bar fazem até fiado.
Se depois cerveja, der fome, liga pro Juarez do Pastel.
Cansou de esperar horas e horas pelo transporte coletivo? O Juarez avisa que a Honda tem uma promoção incrível pra você sair de moto zerinha.
E se as coisas andam pela hora da morte, é só contar com os préstimos do Pedro da Funerária Santa Fé.
E tem até o Marechal, que ainda nem se elegeu vereador e já se apresenta como o Popular Deputado. Otimismo assim nem nos melhores livros de auto-ajuda.
É por demais injusto limitar a participação desses candidatos na campanha eleitoral ao exotismo, como se eles entrassem na disputa apenas para dar um toque de graça num processo onde a conquista de votos muitas vezes impõe golpes abaixo da linha da cintura.
Apesar dos apelidos curiosos, todos eles são sujeitos honrados, batalhadores, que tem o legítimo direito de postular uma vaga na Câmara de Vereadores e, a depender da vontade do eleitor, se eleger, exercer um mandato decente e lutar pelos interesses da população.
Assim como qualquer torcedor prefere um Pelé a um Alfredo Orlando, é preferível um vereador com apelido curioso, do que um político de nome lustroso e conduta lamacenta.
Boa sorte, portanto, ao time dos apelidos.
E,isso vale para todos os demais candidatos, que se jogue o jogo limpo.
A torcida -ou neste caso, o eleitor- penhoradamente agradece.